Você já deve ter ouvido falar dos canabinoides, certo? Mas você realmente sabe o que eles são? Se você nunca ouviu falar, se prepare para uma informação chocante: você possui canabinoides no seu corpo.
Eles são produzidos tanto em mamíferos quanto em plantas e vegetais. No organismo, eles são chamados de endocanabinoides ou canabinoides endógenos. Eles trabalham em vários sistemas no corpo, ajudando a regular a homeostase, ou seja, o equilíbrio da maioria das funções.
Já nas plantas, o nome correto é fitocanabinoides ou canabinoide exógeno, que funciona como uma espécie de proteção contra pragas, doenças e radiações ultravioletas.
Talvez você nunca deve ter ouvido falar deles porque os canabinoides são uma descoberta relativamente recente e funcionam a nível celular. Eles ainda estão sendo inseridos no meio médico, mas muitos profissionais já estão reconhecendo a sua importância.
Nas pessoas e nos animais os canabinoides funcionam através de um sistema chamado Sistema Endocanabinoide (SEC). Ele funciona com receptores, que são responsáveis de enviar as informações para as células sobre as mudanças que estão acontecendo.
Os mais conhecidos são o CB1 e o CB2. O primeiro, é responsável pela absorção dos canabinoides para todo o corpo humano, influenciando várias funções.
Já o CB2, age com o Sistema Nervoso Central (SNC) e no sistema imunitário. Quando o canabinoide entra no organismo, ele ativa os receptores para se comunicar com as células.
Este sistema está presente desde os primeiros estágios do feto e é de extrema importância na infância. No corpo, os canabinoides podem influenciar no sono, na fome no humor, na reação imunológica entre outras funções. Um exemplo é a anandamida.
Este canabinoide é produzido pelo próprio organismo e é responsável por acalmar e regular o sistema cardiovascular, além de trazer uma sensação de alegria. (Isso te lembra a cannabis, não é mesmo? você já vai entender o porquê)
Abaixo alguns exemplos de como os endocanabinoides influenciam no corpo:
Os canabinoides endógenos são usados apenas quando necessários, como dito acima, os receptores sinalizam quando eles precisam agir.
No entanto, quando há falhas no sistema ou escassez de canabinoides, as reações do corpo podem ficar desreguladas, e resultar em algumas doenças como: fibromialgia, artrite reumatoide, inflamação gastrointestinal, Alzheimer, câncer entre tantas outras.
Estas deficiências são conhecidas como Síndrome de Deficiência Clínica Endocanabinoide. Ela ocorre com mais frequência quando o corpo não produz o mínimo de canabinoides necessários.
Poe exemplo:
Os endocanabinoides são responsáveis por regular a serotonina. Quando eles não estão trabalhando direito, os níveis do composto podem subir e ocasionar enxaqueca, ou podem descer demais, o que é a causa da fibromialgia. Sem nada para sinalizar qual o ponto certo, pode surgir uma infinidade de complicações.
A descoberta do novo sistema fez a ciência médica repensar muitas condições causadas pelo próprio organismo. Por outro lado, conhecer a raiz do problema, torna a solução mais fácil.
Pesquisadores já descobriram alguns elementos que podem ativar os endocanabinoides, como o ômega 3. Também algumas plantas que contém canabinoides e podem suprir os que faltam, como a equinácea, a arruda e é claro, a cannabis.
As substâncias só ficaram conhecidos há poucos anos, por causa do professor israelense Dr. Raphael Mechoulam. Ele foi o primeiro a isolar um fitocanabinoide em 1963.
A técnica é muito usada atualmente em tratamentos para aproveitar apenas um elemento, ou juntar apenas os desejados. Hoje, o professor é “pai” ou “pelé” da cannabis, por causa da descoberta.
Inclusive, Israel é um dos maiores pesquisadores das ações medicinais da cannabis no mundo.
A maneira que ele descobriu isso foi um tanto quanto curioso. O Dr. Raphael Mechoulam isolou um canabinoide chamado tetraidrocanabinol (THC) e para testar, resolveu fazer uma experiência com os seus amigos.
Mechoulam fez dois bolos, um levava o THC e o outro era um bolo comum. O resultado foi certeiro: Aqueles que comeram o bolo com o ingrediente surpresa tiveram os mesmos efeitos de quem fuma a maconha: vermelhidão nos olhos, fome e euforia.
Na segunda noite, o professor decidiu fazer mais uma experiência, desta vez com o canabidiol (CBD), outro canabinoide presente na cannabis. O resultado foi diferente do primeiro, não houve nenhum efeito sob os convidados.
Desde então mais canabinoides foram descobertos e seus efeitos mais explorados separadamente. Contudo, os mais famosos ainda são o THC e o CBD, principalmente para tratar epilepsias e convulsões.
Esta é a razão da palavra “canabinoide” ter sido derivada da cannabis. Foi também através das investigações das propriedades medicinais da cannabis que o Sistema Endocanabinoide foi descoberto.
A cannabis se destaca não só pelos canabinoides, mas também pelos terpenos e flavonoides, que também tem ações benéficas no organismo, como anticancerígenas e anti-inflamatórias, mas esta é uma explicação para outro artigo.
A cannabis ganhou notoriedade porque seus mais de 100 tipos de canabinoides conhecidos, que também são bem parecidos com os que produzimos no nosso corpo, podem substituí-los.
Eles também não são prejudiciais, pois o corpo absorve com mais facilidade, entendendo que aquilo é produzido por ele também. Por isso que é impossível uma pessoa morrer de overdose consumindo maconha, por exemplo.
Os canabinoides também se transformam em outros. Na planta, por exemplo, o CBD e o THC estão em estado chamado de “ácido carboxílico” ou canabinoide ácido, o que significa que estão praticamente inativos.
Ainda são canabinoides, mas com outros nomes e funções. Para ativar os canabinoides crus, como o THCA e o CBDA, é necessário passar por um processo chamado descarboxilação, em que através da luz, do calor ou máquinas, é possível transformá-los em CBD e THC.
Porém, é preciso entender que a cannabis é um gênero de plantas, que tem três espécies: A índica, a sativa e a ruderalis. Entre elas há inúmeros cruzamentos de espécies e polinizações diferentes, além das que são geneticamente modificadas.
Por isso, cada tipo de cannabis possui uma concentração de canabinoides diferentes, que pode gerar efeitos contrários uns dos outros. Também podem concentrar mais um tipo de canabinoides do que o outro.
É o caso do cânhamo e da maconha, por exemplo. Ambas são originárias da cannabis sativa, no entanto, a primeira não tem quase nada de THC e é rica em CBD. Já a maconha é conhecida justamente pela alta concentração de THC.
A ação destes canabinoides no organismo é como um suprimento externo, que age como os canabinoides produzidos pelo próprio corpo auxiliando nas suas deficiências.
Hoje, cada vez mais os pesquisadores descobrem tipos de canabinoides e os seus efeitos. Eles se diferem entre “grandes” e “pequenos”, onde a presença de alguns é maior que outros. Boa parte deles são tão pequenos, que são difíceis de se estudar, por isso, não há muitas pesquisas.
Um fato curioso é que alguns tipos de canabinoides se transformam em outros em estágios diferentes da planta.
Outra coisa interessante é que alguns deles aparecem quando a cannabis ainda é nova e desaparecem quando ela envelhece, assim também como alguns outros canabinoides , que só aparecem quando a planta está velha.
Todos eles têm diferentes propriedades e efeitos sobre o corpo humano, mas também algo em comum:
Eles afetam as percepções de dores e a interação com o sistema límbico, que está relacionado à cognição, memória, ações psicomotoras e também a vista mesolímbica, relacionada a sentimentos e reações gratificantes.
Como dito antes, os mais conhecidos são o THC e o CBD, mas há centenas de outros canabinoides tão importantes quanto estes, que podem ajudar a tratar de glaucoma, fibromialgia e até acne, mas vamos falar destes dois.
Na tentativa de controlar as substâncias ainda pouco exploradas, químicos desenvolveram os chamados canabinoides sintéticos, ou seja, feitos em laboratório.
Trata-se de um composto fabricado expecificamente para atingir algum objetivo.
Contudo, ela pode ser feita pela própria cannabis. Quando uma planta é expostas a um processo que altera sua estrutura, ela se torna uma substância diferente, podendo ser legalmente patenteada, pois não é mais a planta em sua forma original.
Segundo estatísticas, desde 2015 até 2020 houve cerca de 20 mortes devido ao uso de canabinoides sintéticos.
O número parece ser totalmente bobo, considerando que mais de 30 mil pessoas morreram pelo uso de opioides em 2018 apenas nos Estados Unidos, e esses medicamentos são prescritos todos os dias.
No entanto, ninguém nunca morreu por canabinoides naturais.
Atualmente há um remédio à base de canabinoide sintético disponível para importação, chamado Marinol. Também conhecido como Dronabinol, trata-se de uma versão sintética do THC.
Ele é usado para prevenir as náuseas e vômitos, que podem ocorrer após o tratamento com medicamentos usados contra cânceres malignos.
O Dronabinol também é bastante utilizado para aumentar o apetite em pacientes com a síndrome da imunodeficiência adquirida, a famosa AIDS.
Além de não possuir ações alucinógenas, o Canabidiol serve no tratamento de várias condições diferentes, que vão de Alzheimer a Parkinson. Em países mais liberais ele aparece de várias formas diferentes, como comestíveis, óleos, vaporizadores, cápsulas e em tudo o que puder ser inserido.
Atualmente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou a venda de 11 fitofarmacêuticos feitos com o CBD nas farmácias. O problema é que a matéria prima tem que ser importada, por isso os produtos não são baratos.
Como todo o medicamento, o CBD também pode causar alguns efeitos indesejados. Por outro lado, por ser um remédio natural, os efeitos são mais tranquilos, como sonolência.
Apesar de ser o responsável pelo efeito alucinógeno da cannabis, ele também tem reações benéficas sobre dezenas de doenças, que vão de dores neuropáticas à câncer. Os medicamentos geralmente são feitos com 0,3% do canabinoide, masquantidades maiores também não influenciam tanto na ação intoxicante.
Os efeitos colaterais geralmente são mais fortes que o CBD, mas nada para se preocupar.
Outro fato curioso é que os dois canabinoides podem ajudar nas mesmas doenças, ou pelo menos na maioria delas. O que vai influenciar o paciente é a sua própria genética, depende do próprio corpo decidir qual tem um efeito maior ou não.
O único remédio com uma abundância de THC no Brasil é o Mevatyl, indicado para Esclerose Múltipla. Contudo, ele deve ser importado com uma autorização excepcional da Anvisa.
Tanto o CBD quanto o THC podem ser extraídos através do cultivo, mas o plantio deve ser autorizado pela justiça.
Como dito acima, a cannabis tem mais de 100 canabinoides, alguns deles já estão sendo estudados e suas propriedades medicinais testadas. Elas são bem parecidas com o THC e CBD, mas também podem incluir outros benefícios.
Este é um canabinoide é considerado pequeno, mas pode que auxiliar em tratamentos de algumas doenças, desde infecções causadas por bactérias até inflamações graves. Uma curiosidade é que ele também serve como neuroprotetor, ou seja: é capaz de prevenir o surgimento de condições como autismo, por exemplo.
Em alguns experimentos com camundongos, o CBG conseguiu diminuir as inflamações intestinais, proteger os neurônios, combater receptores que causam o crescimento de células cancerígenas e no futuro, pode ser útil até em distúrbios relacionados à bexiga.
Ele também pode influenciar de maneira positiva em doenças como distúrbio metabólico, câncer de colo e doenças vasculares. Um jeito de consumir uma grande quantidade deste canabinoide, é ingerir o cânhamo puro, que se refere a cannabis sativa recém-colhida contendo pouco ou nenhum THC.
Embora o composto tenha seus próprios benefícios, os pesquisadores também acham que isso pode ter algum vínculo com outros canabinoides, um termo conhecido como Efeito Entourage. Esse efeito do THC e do CBD trabalhando juntos e é bem conhecido, mas ainda não se sabe se outros canabinoides têm o mesmo efeito. Isolado, ele pode ajudar com no combate contra o câncer, dores e inflamações, depressão e acredite ou não, até a acne.
Pelo fato do CBL não ser intoxicante, é possível que tenha mais semelhanças com o CBD do que o THC. Dependendo das propriedades e efeitos sobre os receptores humanos, há a possibilidade de que o CBL possa compartilhar alguns ou muitos dos usos de outros compostos da cannabis, como: Estimulação do apetite, ajudar no sono, aliviar a dor, reduzir a ansiedade, prevenir toxinas, habilidades anti-inflamatórias, humor e até câncer.
O cannabidivarin é derivado do cânhamo. Bem parecido com o CBD, é usado em um medicamento britânico para convulsão. Sua pesquisa mostrou que esse composto pode afetar a via neuroquímica dos receptores envolvidos, tanto no início como durante o progresso de diversos tipos de epilepsia. A GW relatou que esse canabinoide tem mostrado resultados antiepiléticos.
Ao contrário do THC, que causa fome, esse composto pode diminuir o apetite. Algumas pesquisas também sugerem que o canabinoide pode controlar os níveis de açúcar no sangue e reduzir a resistência à insulina. Ele também pode autuar nas células ósseas, ajudando no crescimento. Estudos mostram que o THCV também pode ser eficaz no tratamento de Alzheimer e ataques de pânico.
O que já foi descoberto é que o THCA pode ajudar como: anti-Inflamatório, contendo propriedades para tratamento de artrites e lúpus; Neuroprotetor, ajudando no tratamento de doenças neurodegenerativas; Anti-Emética para o tratamento de náuseas e perda de apetite; Anti-proliferativo, com propriedades que podem ajudar no tratamento de câncer de próstata.
Além destes, há também muitos outros canabinoides presentes na cannabis que ainda estão aparecendo, pois as suas descobertas são recentes, alguns são mais parecidos com o CBD, feito a partir dele ou até antes do canabidiol. Como é o caso do THC também e outros canabinoides citados acima, por isso, seus nomes são relacionados.
Semelhantes ao CBD
Semelhantes ao THC
Semelhantes ao CBC
Semelhantes ao CBG
Semelhantes ao CBL
Semelhantes ao CBE
Semelhantes ao CBND e CBVD
Semelhantes ao CBT
Semelhantes a Miscelânea
Há três formas de comprar produtos à base de cannabis no Brasil:
Farmácias. No final de 2019 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a venda de produtos à base de cannabis nas drogarias apenas com receita médica. Contudo, as empresas precisam de uma autorização da agência para poder vender.
Hoje são poucas farmacêuticas que possuem o documento.
Associações. Geralmente as entidades sem fins lucrativos plantam a cannabis e vendem o óleo a preço de custo. Para isso, geralmente é preciso ser associado e pagar uma taxa anual.
Importação. Pensando em variação de produtos, outra forma de comprar o óleo é através da importação. Contudo, é necessário uma autorização excepcional da Anvisa.
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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