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Cannabis Ruderalis: O que é, características e propriedades medicinais



19/03/2020


Não há dúvidas que a cannabis sativa seja a mais conhecida e estudada ao redor do mundo. No entanto, outra variedade primária vem conquistando importante destaque por conta de suas características.

Para alguns, trata-se de uma subespécie da cannabis sativa, embora muitos especialistas defendam que a ruderalis é uma espécie própria que pode, inclusive, ter influenciado no surgimento e evolução das demais. 

A cannabis ruderalis é considerada a irmã selvagem das demais variedades. Extremamente resistente, sua planta é capaz de sobreviver até mesmo em condições extremas. 

Não é a toa que a espécie foi por muito tempo considerada um tipo de erva daninha, já que crescia e se espalhava rapidamente, sem qualquer intervenção humana. 

Qual sua origem e qual a diferença?

Essa especie de cannabis foi classificada em 1924 por DE Janischewsky, observando as diferenças visíveis na semente, forma e tamanho da cannabis sativa anteriormente classificada

Muitos acreditam que a planta tenha se originado em países mais ao norte do globo, como a Rússia, onde as temperaturas são extremas e os dias são mais longos do que as noites.

Com isso a exposição solar é quase constante, o que justificaria sua capacidade de autoflorescer. Hoje, a espécie prospera em diversas partes do mundo.

Outro fator de diferenciação da cannabis ruderalis é sua aparência. A folhagem é longa, estreita e espessa, enquanto as cepas são nitidamente menores que as demais.

Esta variedade mede entre 50 e 60 centímetros, algo bem distante dos 4 metros da cannabis sativa e 2 metros da indica.

No entanto, o que mais chama atenção nesta espécie é sua composição química. Isso porque a cannabis ruderalis possui maior concentração de Canabidiol (CBD) ao passo que produz pouco Tetrahidrocanabinol (THC).

Com isso, trata-se de uma opção de alto potencial para fins medicinais e terapêuticos.

Propriedades medicinais da cannabis ruderalis

A cannabis ruderalis não é popular entre os usuários recreativos ao redor do mundo. Por outro lado, o alto teor de CBD em comparação aos níveis mínimos de THC fazem com que cada vez mais os olhares se voltam para esta espécie por muito tempo subestimada. 

Diversos estudos comprovam a eficiência do canabidiol no tratamento de doenças como:

Isso é possível graças a interação entre os canabinoides e o Sistema Endocanabinoide

Segundo estudos, este sistema, através dos receptores CB1 e CB2, é responsável por fomentar a homeostase do organismo e regular uma série de funções fisiológicas, como sono, memória, apetite, metabolismo, sistema imunológico, além da sensação de dor. 

Maior concentração de Canabidiol

Apesar das atenções ao uso terapêutico estarem direcionadas à cannabis sativa, a ruderallis possui a maior concentração de canabidiol.

Por conta de seu perfil químico biológico, a cannabis ruderalis praticamente elimina os efeitos colaterais e contraindicações de seu uso, já que a quase nulidade do THC, responsável pela famosa “brisa” da maconha, impede seus efeitos psicoativos. 

Quanto aos benefícios terapêuticos, obtidos principalmente através do canabidiol, não parece haver diferença entre as espécies primárias da cannabis e a lista de enfermidades cujo uso mostra-se eficaz cresce dia após dia. 

Segundo o farmacêutico Ébano Augusto, vice-presidente da Associação Multidisciplinar de Estudos sobre Maconha Medicinal (AMEMM): 

“No caso de Parkinson, a cannabis elimina grande parte dos tremores causados pela doença. No caso do Alzheimer, ela não só impede a progressão da inflamação do cérebro, que é responsável pela doença, como tem se notado uma regressão dessa inflamação, o que pode reverter, pelo menos parcialmente, o quadro da doença. Já para a epilepsia, principalmente as mais resistentes, a cannabis consegue aumentar a eficiência do tratamento, e, às vezes, substituir o amparo medicamentoso”. 

Capacidade de autofloração

Apesar de ainda serem poucos os estudos e análises exclusivos sobre a cannabis ruderalis, todos eles certamente irão mencionar sua capacidade de ser autoflorescente. 

Isso significa que ela consegue passar da fase vegetativa para a fase de floração, independentemente do fotoperíodo.

Isso significa que elas podem crescer e produzir flores mais rapidamente, durante todo o ano. O mesmo não ocorre com a cannabis sativa, por exemplo, que precisa de pelo menos 12 horas de escuridão por dia para iniciar o processo de floração.

Essas plantas começam a florescer após 3 a 5 semanas após o cultivo, representando um ciclo significativamente mais rápido em comparação às demais, algo que atrai principalmente os agricultores.

A fase de floração é especialmente importante para os usuários medicinais, pois é neste período que os níveis de canabinoides permanecem mais elevados. 

Cannabis ruderalis na produção de cepas híbridas

Por ser uma planta autoflorescente, de ciclos rápidos e grande resistência ao clima e possíveis pragas, a cannabis ruderalis chama a atenção dos produtores, graças a sua colheita de baixa manutenção.

Se por um lado suas características físicas a tornam pouco atraentes fisicamente, o perfil químico da ruderalis, juntamente com os traços selvagens que carrega desde sua origem faz com que a espécie seja muito utilizada na criação de cepas híbridas.

Essa hibridização pode trazer as características desejáveis da planta, adequando-se a finalidade de seu uso e/ou cultivo, seja ele interno ou externo.

Os pés menores das plantas híbridas facilitam o cultivo, enquanto a autoflorescência diminui a manutenção.

A maior concentração de CBD da cannabis ruderalis prospera nas cepas híbridas. Por outro lado, a maior parte dos híbridos de ruderalis herda uma de suas características mais marcantes: os baixos níveis de THC, traço nem sempre desejado pelos produtores. 

Conclusão

A cannabis ruderalis não é nova, tendo sido descoberta em meados do século XX. No entanto, grande parte dos estudos sobre esta espécie, no mínimo, admirável são recentes e carecem de aprofundamento.

Seu perfil químico, rico em CBD e pobre em THC, a tornam ideais para o uso medicinal, enquanto a baixa manutenção do plantio facilita o cultivo e a floração durante todo o ano.

Apesar de hoje já ter sido dominada pelo homem e prosperar em diversas partes do mundo, a planta carrega consigo várias de suas características selvagens, frutos da adaptação às condições e ambientes mais extremos. 

A cannabis ruderalis ainda é a menos famosa dentre as espécies primárias. Contudo, em sua forma natural ou por hibridização, não faltam argumentos que justifiquem um olhar mais atento para a variedade, especificamente nos setores de cultivo e medicinal.

Quer saber mais sobre outras espécies da plantas cannabis e como elas funcionam? Clique aqui.

Legislação brasileira

No Brasil, a cannabis é aprovada apenas para fins medicinais e só pode ser comprada com receita. 

Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes. 

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