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Cannabis medicinal

Alzheimer: como a cannabis pode auxiliar no tratamento



18/03/2020


A cannabis medicinal foi regularizada em 2015, quando as importações foram autorizadas no Brasil . Desde então, o número de pacientes que aderiram ao tratamento alternativo tem crescido gradativamente.

Só em 2021, a estimativa era a de que mais de 50 mil pessoas utilizassem o óleo no país. Por outro lado, de acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Indústria de Cannabis (BRCann), o perfil dos consumidores mudou.

Se antes a demanda era principalmente para tratar convulsões em crianças, hoje, tratamentos para Alzheimer, dores crônicas ou ansiedade se tornaram mais comuns.

O que é o Alzheimer?

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa mais comum dentre as demências. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 50 milhões de pessoas são diagnosticadas com demência em todo o mundo. Estima-se que 152 milhões de pessoas serão afetadas até 2050. 

Estes números a tornam uma importante questão de saúde pública, gerando cada vez mais debates sobre causas, prevenção, fatores de risco, tratamento e a possibilidade de cura para o Alzheimer. 

Apesar dos esforços da ciência, ainda não foi descoberta a causa efetiva para o problema, que prevalece entre idosos com mais de 65 anos, podendo, ainda que raramente, atingir pacientes mais jovens.

Dentre os possíveis facilitadores estão a genética, estilo de vida e alimentação. 

Não há cura para o Alzheimer e todos os medicamentos já desenvolvidos visam atenuar seus sintomas, que incluem declínio mental, esquecimento, dificuldade de raciocínio, mudanças de humor, agressividade, apatia, entre outros. 

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Assim, sabendo que o envelhecimento populacional é uma realidade, encontrar maneiras de melhorar a qualidade de vida destes pacientes é fundamental. 

Impedir o avanço da doença tornou-se uma prioridade de saúde pública. E a cannabis pode ser um importante aliado nesta tarefa. 

Sistema Endocanabinoide

Para entender como a cannabis funciona no organismo, é preciso compreender que a planta trabalha através do chamado Sistema Endocanabinoide, que está presente tanto em pessoas quanto animais.

Ele ajuda a regular a homeostase, ou seja, o equilíbrio das funções do organismo. Se uma pessoa está com febre, por exemplo, são os canabinoides que, através de receptores, sinalizam que a temperatura precisa diminuir.

Dentre suas várias atribuições, o Sistema Endocanabinoide age sobre o humor, apetite, memória, aprendizado e atividade motora, sistema nervoso e imunológico. 

A cannabis também possui canabinoides, que podem funcionar no organismo de maneira bastante parecia com os nossos.

Como a cannabis ajuda no Alzheimer?

Dentre as propriedades terapêuticas da cannabis estão a diminuição do estresse oxidativo, retardo da neurodegeneração e das placas amiloides, que sabidamente colaboram para o surgimento e agravo do Alzheimer. 

Aqui, tanto o canabinoide chamado Canabidiol (CBD) quanto o Tetrahidrocanabinol (THC) têm sua parcela de importância e merecem ser considerados.

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Qual o efeito da cannabis no Alzheimer?

Estudos tem mostrado que a planta pode retardar os efeitos da doença, e em alguns casos, até reverter danos. Como por exemplo, no caso do Delci Ruver, avô de uma das alunas de mestrado da Universidade  Federal da Integração Latino-América (UNILA).

Após a cannabis, a equipe de pesquisa percebeu que o senhor de idade não só teve os sintomas estabilizados, como também recuperou parte das funções que ele havia perdido. Veja mais sobre essa história aqui. 

O interessante é que o estudo focou no THC e não no CBD. Apesar de ser o responsável pelos efeitos alucinógenos da maconha, o THC também possui muitos benefícios para o cérebro. É bastante usado para condições como Parkinson, Esclerose Múltipla e até Dermatite.

Isso porque a cannabis possui efeitos neuroprotetores, que podem ser úteis na melhora comportamental e cognitiva.

O que diz a ciência

Um estudo conduzido pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Sul da Flórida constatou, após ensaios e investigação, que o THC interage diretamente com o peptídeo beta-amiloide, inibindo sua agregação. Além disso, não foi observada toxicidade nas doses analisadas, o que torna o THC uma opção potencial de tratamento para o Alzheimer. [1]

As análises do Instituto Salk de pesquisas biológicas colaboram para isso. Segundo seus cientistas, o THCe outros canabinoides poderiam ajudar a remover a proteína beta-amiloide em neurônios cultivados em laboratório, além de reduzir a inflamação celular. [2]

A teoria é de que o acúmulo da proteína formaria placas, que impediriam a comunicação entre os neurônio. Isso torna o canabidiol o primeiro composto não tóxico com resultados comprovados no tratamento da doença. 

Redução dos sintomas

Outro estudo realizado em 2016 pelo Centro de Saúde Mental da Universidade de Tel-Aviv, em Israel, mostrou que o óleo de cannabis medicinal é uma opção segura e promissora para o tratamento de demências, auxiliando na diminuição de seus sintomas. [3]

Considerando as importantes alterações comportamentais decorrentes da doença, os compostos da cannabis poderiam auxiliar na diminuição da ansiedade, agressividade e depressão entre os pacientes, resultando em uma melhora na qualidade de vida dos mesmos.

Este fator deve-se, principalmente, à interação entre o THC e os receptores do tipo CB1, fortemente presentes no sistema nervoso central. 

Ainda é impossível falar em cura para o Alzheimer.

Ainda assim, com a compilação e análise dos diversos estudos já existentes, é inegável que a cannabis medicinal traz uma série de benefícios no tratamento e controle da doença, impedindo a sua progressão e, em muitos casos, favorecendo a regressão dos sintomas. 

O tema ainda é polêmico e gera debates muitas vezes acalorados entre a classe médica. Parte disso se deve ao fato de que ainda não existem estudos fortes o suficiente para comprovar sua segurança e eficácia em longo prazo. 

Efeitos Colaterais

A cannabis é conhecida por ter efeitos colaterais mínimos. Produtos com concentrações maiores de CBD, por exemplo, possuem efeitos como:

  • Sonolência;
  • Diarreia;
  • Tontura;
  • Alteração do apetite.

Já o THC também pode causar:

  • Ansiedade;
  • Boca Seca;
  • Fome;
  • Alteração da Cognição.

Casos reais: como a cannabis medicinal já ajudou pacientes diagnosticados com Alzheimer

Apesar dos obstáculos como a legislação, burocracia, tabus e a descrença por parte dos especialistas, não é raro encontrar casos bem sucedidos do uso da cannabis medicinal em pacientes com Alzheimer.

Um dos exemplos mais famosos é o de Ivo Suzin, um homem de 52 anos, precocemente diagnosticado com a doença. Após o diagnóstico e a mudança drástica na rotina da família, seu filho Filipe passou a estudar centenas de artigos científicos sobre os benefícios da cannabis medicinal. 

Descartando a possibilidade do plantio caseiro, por questões legais, Filipe conheceu a AGAPE, uma ONG que fornece o óleo de cannabis ao Sr. Ivo, iniciando o tratamento imediatamente.

Para ele, o tratamento trouxe seu pai de volta, reduzindo sua agressividade, melhorando suas funções cognitivas e melhorando a qualidade do sono. 

Em seu canal do Youtube, chamado Curando Ivo, Filipe e sua mãe Solange mostram as dificuldades da doença e a evolução de Ivo com o tratamento à base de cannabis medicinal. 

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Outro caso real de sucesso é o de Walter Selani, de 86 anos. Segundo seu filho, a doença demorou a ser diagnosticada, porém, evoluiu rapidamente. Walter, que é surdo, se tornou agressivo e os cuidados com ele se tornaram cada vez mais difíceis. 

Ao descobrir a cannabis o tratamento foi iniciado e permanece até hoje, sete meses depois, como um complemento aos medicamentos prescritos pelo médico.

Segundo a família, hoje o Sr Walter reconhece os bisnetos, interage mais e melhor com as pessoas e mostra um melhor desempenho cognitivo. 

São apenas dois exemplos dos muitos que surgem dia após dia. Cada vez mais a cannabis medicinal mostra-se uma alternativa plausível para melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares que convivem com o Alzheimer.

Vale ressaltar que, invariavelmente, o acompanhamento médico se faz indispensável. 

Onde comprar

Há três formas de comprar produtos à base de cannabis no Brasil:

Farmácias. No final de 2019 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a venda de produtos à base de cannabis nas drogarias apenas com receita médica. Contudo, as empresas precisam de uma autorização da agência para poder vender.

Hoje são poucas farmacêuticas que possuem o documento.

Associações. Geralmente as entidades sem fins lucrativos plantam a cannabis e vendem o óleo a preço de custo. Para isso, geralmente é preciso ser associado e pagar uma taxa anual.

Importação. Pensando em variação de produtos, outra forma de comprar o óleo é através da importação. Contudo, é necessário uma autorização excepcional da Anvisa.

Consulte um profissional

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar na marcação de uma consulta, dar suporte na compra do produto até no acompanhamento do tratamento. Clique aqui.

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