O remédio foi o primeiro medicamento aprovado pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2017 e com mais de 1% de tetra-tetraidrocanabinol (THC) na sua composição, o componente que gera efeitos alucinógenos.
Lá fora, ele é aprovado em 28 países e mais conhecido como Sativex. O medicamento é indicado para tratar convulsões moderadas e graves, decorrentes da Esclerose Múltipla, geralmente utilizado quando nenhum outro tratamento convencional está funcionando ou demonstrando algum tipo de melhora.
É importante destacar que ele não substitui outros medicamentos, o Mevatyl deve ser administrado com os outros remédios do tratamento da doença. Cabe ao médico especialista dizer se é possível ou não retirar algum outro remédio, com base nos resultados.
agendamento?utm_source=cannalize&utm_medium=textoancora&utm_campaign=agendamento” target=”_blank”>consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/q/?numeroRegistro=169770003″>Confira a bula do Mevatyl.
Trata-se de um Spray, utilizado como medicamento complementar para tratar esclerose múltipla da farmacêutica francesa Ispen.
O remédio só foi liberado depois de muita insistência dos pacientes, que precisavam do fitofármaco. Apesar de registros de remédios com uma maior concentração de canabidiol, medicamentos com mais THC ainda eram rejeitados.
Talvez as pessoas fiquem um pouco receosas, principalmente com um nível considerado alto de tetra-tetraidrocanabinol, mas a quantidade é segura. São cerca de 2,7 mg de THC, quantidade menor que a do cigarro de maconha.
Para ser aprovado pela Anvisa, o medicamento foi submetido a Gerência de Medicamentos Específicos, Fitoterápicos, Dinamizados, Notificados e Gases Medicinais (GMESP), que analisou a segurança do remédio.
Apesar da quantidade maior de THC, a Anvisa concluiu que o Mevatyl não causa dependência. Segundo os dados do dossiê de registro, a retirada abrupta do medicamento não causou abstinência em nenhum paciente testado.
É importante ressaltar que o Mevatyl é o único remédio feito com a cannabis aprovado pela agência. Os outros óleos disponíveis no mercado são categorizados como produtos.
No final de 2019 a agência aprovou uma nova resolução que regularizou a venda de produtos à base de cannabis nas farmácias. A resolução 327/19 possibilitou que 11 produtos fossem aprovados para a compra com receita médica.
Na prática, os produtos são iguais. A diferença é que eles só podem ficar no mercado por 5 anos, sem renovação. Depois, precisam possuir testes clínicos para se tornar remédio.
O nosso corpo possui um sistema chamado Sistema Endocanabinoide, que produz os chamado Endocanabinoides. Estes, por sua vez, ajudam no equilíbrio das funções do organismo, como fome, humor e Sistema Imunológico a nível celular.
Quando alguma destas funções não está trabalhando direito, são os endocanabinoides que sinalizam que elas precisam ser reguladas.
Quando o Sistema Endocanabinoide não vai bem por algum motivo, a resposta pode ser a falta de endocanabinoides no organismo, resultando em uma série de condições.
É aí que entra a cannabis. Ela também possui a substância, no entanto com um nome diferente: fitocanabinoides. Dentro do nosso organismo, eles funcionam de forma similar aos produzidos pelo corpo, como uma espécie de reforço para os nossos.
Os endocanabinoides e fitocanabinoides são absorvidos por receptores, que transmitem informações para as células.
Os mais conhecidos são chamados de CB1 e CB2. O primeiro, responde a várias partes do corpo, além da memória e emoções. Já o segundo, é responsável por informar o Sistema Nervoso e Imunitário.
O Mevatyl atua em alguns sintomas da Esclerose Múltipla, como no relaxamento dos músculos contraídos e na função motora. Isso porque o remédio age diretamente no receptor CB2, que influencia o Sistema Nervoso.
Os efeitos anti-inflamatórios dos fitocanabinoides também podem ser um supressor imunológico. Isso porque quando o receptor é ativado, ele gera um efeito estabilizador nos canais que influenciam as respostas inflamatórias.
É importante lembrar que o remédio não cura, mas ajuda a tratar os sintomas.
Lembra que falamos que os fitocanabinoides da cannabis atuam em dois receptores? Então, o canabidiol (CBD) não está diretamente ligado ao CB1 e CB2, apesar de ter uma certa influência a eles.
Quem age diretamente nestes receptores é o tetraidrocanabinol, por isso uma quantidade maior da substância.
Os fitocanabinoides têm o poder de agir no receptor CB2, inibindo os Linfócitos T, células do sistema imunológico que na doença, atacam o corpo ao invés de defender.
A adesão do CBD junto ao THC é para o que chamamos de Efeito Entourage, ou Efeito Comitiva, Sinergia. Ele é a prova que a soma das partes é maior que o valor de cada uma.
Ou seja, o efeito dos dois fitocanabinoides juntos são 10 vezes mais potentes que separados. Sem contar que canabidiol também pode influenciar o sistema imunológico.
Apesar da cannabis ser eficaz também no tratamento da Epilepsia Refratária ou de Difícil Controle, segundo a Anvisa, o Mevatyl não é recomendado para este tipo de tratamento. Isso porque a concentração maior de THC pode aumentar as crises.
Para pacientes com um histórico de vícios em remédios, ou de dependência da maconha, o medicamento pode ser um problema.
A Anvisa também não recomenda o uso para grávidas e idosos. Por uma falta de mais estudos, a agência também não indica para menores de 18 anos.
Também não é aconselhado dirigir depois de uma dose, e nem a operação de máquinas, devido aos efeitos colaterais.
Contudo, a genética de cada um é única, alguns se dão melhor com o CBD e outros com o THC, mas há outros medicamentos com uma porcentagem mais elevada do canabinoide que podem ser importados.
No entanto, é melhor conversar com um médico. Todos os tratamentos à base de cannabis são administrados de forma progressiva, com pequenas doses no começo e aumentando conforme o tempo passa.
Atualmente o remédio pode ser disponibilizado nas farmácias, no entanto, em muitos sites de drogarias ele aparece indisponível, por isso muitos sites pedem para deixar o e-mail, pois o produto importado vem sob demanda.
Lá fora, ele é conhecido como Sativex que também é possível importar, mas seguindo uma série de requisitos, como receita médica.
É preciso lembrar que o remédio não é barato, cada frasco fica em torno de R$2.800,00 (dois mil e oitocentos reais) com o frete. Por isso, acaba se tornando inacessível para boa parte da população necessitada no Brasil.
Por isso, muitas pessoas recorrem a processos judiciais para o fornecimento pelo convênio médico ou pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar na marcação de uma consulta, dar suporte na compra do produto até no acompanhamento do tratamento. Clique aqui.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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