CBD vs THC: por que o CBD não é intoxicante?

CBD vs THC: por que o CBD não é intoxicante?

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.

Por que o THC é intoxicante e o CBD não? Como é possível um canabinóide causar uma alteração significativa na mente e o outro aparentemente não?

Quando o assunto é sobre o efeito de euforia causado pelo usa da maconha, é abordado exclusivamente nos receptores de canabinóides presentes em nossos corpos chamados de CB1.

Os receptores CB1 estão concentrados no cérebro e no sistema nervoso central. A diferença entre CBD e THC vem basicamente na diferença entre como cada um interage com o receptor canabinóide 1 (CB1).

O THC interage bem com os receptores CB1, já o CBD tem uma baixa afinidade com os receptores CB1. É onde os dois diferem.

Pense nisso como um plugue elétrico conectado a uma tomada na parede. Uma molécula THC é perfeitamente moldada para se conectar com os receptores CB1. Quando isso acontece, o THC ativa ou estimula esses receptores CB1.

Pesquisadores chamam o THC de um receptor agnóstico, ou seja, o THC trabalha para ativar esses receptores.

Qual é a relação entre o THC e a “molécula da felicidade”?

O THC parcialmente imita a produção natural de neurotransmissores conhecidos como Anandamida, mais conhecido como “a molécula da felicidade”, ou o neurotransmissor responsável por gerar felicidade.

Anandamida é um endocanabinoide que ativa os receptores CB1. Estudos realizados com animais provaram que Anandamida pode aumentar o apetite e melhorar o prazer associado a alimentação.

Anandamida também pode contribuir na memória, motivação e dor. Assim como o THC, ela ativa os receptores CB1 e permitem a produção de alguns desses sentimentos prazerosos.

O CBD, por outro lado, não é uma boa combinação com os receptores CB1. Ele é categorizado como não agnóstico, isso significa que não age diretamente na atividade ou suprime os receptores CB1, aos invés disso age para suprir a atividade de qualidade de um canabidiol, como o THC.

Em outras palavras, o THC estimula diretamente esses receptores, enquanto o CBD age como um tipo de influência moduladora sobre o THC.

Como isso funciona na prática?

Vamos dizer que você vaporize de uma flor com 24% de THC. Se essa flor tiver 0.2% de CBD, o THC excitara os seus receptores quase sem interferência do CBD. Você poderia se sentir extremamente chapado e também experimentar algo com menos efeitos desejáveis do THC, tais como um aumento na sensação de paranoia.

Se você consome Cannabis com 24% de THC e 6% de CBD, o canabidiol pode amortecer o efeito do THC. Você ainda se sentirá chapado, mas talvez não tanto quanto no cenário anterior, pois, o CBD poderia ajudar a controlar a sensação de paranóia.

Essa diferença tem profundas implicações políticas. Como os fundadores do projeto tem notado, alguns têm equivocadamente rotulado o THC como um “Canabinoide mau” e o CBD como um ” Canabinoide bom”.

Os legisladores, com esforço, aprovaram muitas leis relacionadas ao CBD para permitir que os pacientes tenham acesso a esse potente canabinoide, mas o pesquisador pioneiro em cannabis Raphael Mechoulam tem falado com frequência na “comitiva de efeitos” a ideia de que canabinoides e terpenos (compostos naturalmente produzidos pela planta) trabalham melhor juntos do que isolados.

Tags: