Nos últimos cinco anos o número de pacientes que passaram a utilizar o tratamento alternativo cresceu de forma contínua, principalmente depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) começou a autorizar a importação em 2015.
A cada ano, mais pessoas solicitam um produto importado. Em 2016 eram 469 pedidos, em 2017 saltou para 1.390. No ano seguinte, foram mil solicitações a mais e em 2019, o número dobrou para 4.507. Quantidade que foi ultrapassada no primeiro semestre do ano passado.
Segundo a Anvisa, até junho deste ano mais de 50 mil produtos foram importados, pois atualmente, são mais de 20 mil pessoas com autorização para a importação de remédios à base de cannabis.
Isso sem contar os pacientes atendidos por entidades ou que plantam em casa com um aval judicial através do habeas corpus.
Só a Associação Abrace Esperança, por exemplo, uma das mais de 30 espalhadas pelo Brasil, atende mais de 14 mil pacientes.
Segundo o levantamento divulgado pela empresa de inteligência de mercado Kaya Mind, a estimativa é que o número de brasileiros que utilizam o tratamento alternativo chegue a 50 mil.
A pesquisa também fez projeções para mostrar o cenário de um acesso maior à cannabis. A estimativa é que de 50 mil, o uso da terapia canábica pode saltar para 6,9 milhões.
Isso porque a cannabis é capaz de tratar mais de 20 condições médicas, pois atua no que chamamos de Sistema Endocanabinoide, presente em boa parte do organismo.
As principais são Alzheimer, Epilepsia, Autismo, Câncer e até ansiedade. Contudo, a falta de acesso e legislação ampla dificulta o tratamento, principalmente em pessoas de baixa renda.
Os produtos à base de cannabis não são baratos. Eles custam de trezentos a três mil reais cada frasco. O único óleo nacional disponível nas farmácias, por exemplo, custa dois salários mínimos.
Embora os produtos importados por vezes saem mais em conta, o valor nem sempre é acessível para boa parte dos pacientes, isso sem contar os custos adicionais com frete e documentações.
O que reflete até na concentração de pessoas que importam produtos derivados da cannabis. O relatório aponta que a maioria deles está na região sudeste do país (67%), seguidos pela região sul (13%), centro-oeste (10%),nordeste (7%) e por fim, a região norte, com apenas 3%.
A mesma sequência de concentração de renda no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para se ter uma ideia, dos mais de 500 mil médicos no Brasil, apenas 2.100 prescrevem a cannabis, também concentrados em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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