A proibição definitiva da importação de flores de cannabis no Brasil deixou muitos pacientes procurando novas formas de administrar seu tratamento. Será que as gummies podem ajudar?
Embora cada via de administração seja indicada para um fim específico, os comestíveis de cannabis, também chamados de gummies, têm despontado como uma alternativa viável a se recorrer.
De acordo com o último anuário da Kaya Mind, durante o ano de 2023, pelo menos 25 formas farmacêuticas de cannabis foram registradas. Porém, seis delas se destacaram com maior demanda: gummies, roll-on (uso tópico), cápsula, óleo e lubrificantes, além das populares flores, agora proibidas.
Em linhas gerais, “a flor é como uma bombinha de asma, um corticoide que resgata o paciente durante uma crise. Já a gummy é como um corticoide, tomado via oral, para a manutenção do tratamento e evitar uma possível crise”, explica o farmacêutico Guilherme Salgueiredo, do relacionamento médico da Cannect.
Inclusive, o próprio ex-boqueador Mike Tyson virou assunto na mídia depois que lançou gummies de CBD em formato de orelhas, em referência ao famoso episódio quando o lutador mordeu a orelha de um adversário em uma disputa há 25 anos.
As gummies são as balas de goma feitas de cannabis. Na maioria das vezes, elas têm gosto de frutas e podem ser facilmente confundidas com doces ou suplementos alimentares. Elas podem ser compostas por canabinoides isolados ou ainda combinados, tanto com fitocanabinoides, quanto com vitaminas e outros fitoterápicos.
Segundo a médica do esporte Jéssica Durand, as gummies são alternativas viáveis, mesmo não tendo os mesmos efeitos das flores. “As flores têm efeito imediato, que também passa rápido, enquanto as gummies vão trazer concentração alta de canabinoides, que mesmo demorando mais para fazer efeito, vão ficar mais tempo no nosso organismo.”
No entanto, os recursos comestíveis também devem passar pelo crivo de um médico especialista, que vai orientar as maneiras mais apropriadas de administrar seu uso, sempre por um viés de tratamento individualizado.
“Assim como outros produtos de cannabis, temos que entender as condições clínicas do paciente, a rotina, o dia a dia, e, precisamos ir aos poucos, começando com doses baixas para entender como ele vai reagir, se vai ter efeito adverso ou não”, adverte a médica.
Com base em sua experiência e prática clínica, a Dra. Jéssica Durand aponta os canabinoides mais indicados para as queixas mais comuns dos pacientes que buscam as gummies:
O CBD (canabidiol) da cannabis em concentrações mais altas, ou full spectrum, ajuda na recuperação muscular e na neuromodulação da dor. No caso de atletas sujeitos ao teste antidoping, a mais indicada é a gummy de CBD isolado. Associado ao CBG (canabigerol), a gummy ganha propriedades anti-inflamatórias.
O CBG inclusive é um canabinoide menor, conhecido nos Estados Unidos como suplemento de energia. Tem efeito sinérgico com Delta 8 e Delta 9 THC e já é estudado como recurso para o tratamento de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
As gummies de CBD são altamente eficazes para tratamento de sono, principalmente quando somados a outros fitoterápicos como melatonina e valeriana, além do CBN (canabinol), um dos mais potentes fitocanabinoides capazes de tratar distúrbios do sono.
Só devemos ficar atentos à presença do THC (tetrahidrocanabinol), como salienta a médica: “O THC é um pouco controverso, porque só consegue melhorar a qualidade do sono em doses baixas. Já em grande quantidades e consumido de maneira recorrente, pode atrapalhar o sono REM (Rapid Eyes Movement).”
Para dores crônicas, os canabinoides canabigerol e THC podem ser combinados ao canabidiol.
Além disso, a Dra. Jéssica Durand também considera combinar os canabinoides com vitaminas como C e B12, fitoterápicos como cogumelos e Ashwagandha e até a cafeína para potencializar os efeitos terapêuticos.
Vantagens
Uma das vantagens de usar gummies de cannabis está nas quantidades fixas do remédio. Cada gummy contém uma quantidade exata de CBD, de THC ou qualquer outro canabinoide. Por isso, ao invés de perder as contas na hora de pingar o óleo, muitos pacientes preferem usar as gummies, que são mais fáceis de serem administradas.
Embora essa alternativa só é útil quando já se tem uma dose certa, mas isso pode demorar um pouco. Na dúvida, comece o tratamento com o óleo.
Isso, sem contar que as gummies têm um sabor melhor que o óleo, por exemplo. O que pode ajudar pacientes com autismo, por exemplo.
Assim como os óleos, as gummies de cannabis precisam de receita médica e atualmente só podem ser adquiridas através da importação.
Para isso, é necessário obter uma autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Com os documentos em mão, basta entrar em contato com uma importadora de produts de cannabis ou a própria empresa para comprar.
É importante lembrar que os produtos importados demoram em média 25 dias para chegar.
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas sobre cannabis medicinal.
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Lucas Panoni
Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.
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