A cannabis no tratamento das inflamações

A cannabis no tratamento das inflamações

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.

A cannabis funciona de maneira diferente dos anti-inflamatórios tradicionais. Por isso, já se perguntou o porquê a cannabis é tão eficaz contra doenças inflamatórias?

Inflamações podem acontecer por todo o corpo e por uma série de fatores. Elas são incômodas e podem trazer consequências ainda maiores.

No entanto, a inflamação é um processo natural do corpo e cabe ao organismo criar anti-inflamatórios nestes momentos.

Segundo o Ministério da Saúde, ela serve para a defesa e reparação do organismo, e a sua intromissão só pode ser feita quando necessário.

A melhor forma de tratá-la naturalmente é com repouso, dietas e exercícios.

De acordo com a Cartilha para a promoção do uso racional de medicamentos, a introdução de anti-inflamatórios só deve ser feita quando o inchaço e a dor são tão intensos ao ponto de se trazer incapacitação e desconforto.

O Risco dos anti-inflamatórios

Por ser relativamente comum, há uma série de medicamentos indicados para o tratamento. Uns anti-inflamatórios não esteroides (AINES), outros com ação analgésica e antipirética (diminuição da febre).

Seja como for, o uso em excesso por trazer consequências, principalmente porque anti-inflamatórios como ibuprofeno, diclofenaco e nimesulida não precisam de receita médica.

Uma facilidade que pode ser perigosa. Anti-inflamatórios, do tipo AINES, são facilmente encontrados nas drogarias e estão até na lista de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP).

Os AINES são os remédios que mais precisam de uma atenção especial. Isso porque, segundo o Ministério da Saúde, diminui o nível de prostaglandinas.

Trata-se de substâncias naturais em nosso organismo envolvidas no processo da dor, inflamação, febre, proteção do estômago, no trabalho de parto, controle de pressão arterial, menstruação, entre outros.

O comprometimento das prostaglandinas pode provocar uma série de complicações relacionadas às áreas mencionadas acima, como gastrite, úlcera e problemas do coração.

Este tipo de anti-inflamatório pode ainda aumentar o risco de hemorragias, em pessoas tratadas com anticoagulantes ou pacientes com dengue.

Também há chances de diminuir o efeito de medicamentos para pressão alta e dificultar a cicatrização em casos de cirurgias e fraturas.

O Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde recomenda que os AINEs sejam usados nas doses mais baixas, pelo mínimo tempo possível e necessário para aliviar inflamações, sempre de acordo com prescrição médica.

Mas sabemos que isso não é isso o que acontece.

Então, será que dá para substituir?

Ação da cannabis para inflamação

Diversos estudos já mostraram o potencial do seu efeito anti-inflamatório, sobretudo do canabidiol (CBD), substância da planta que não produz efeitos alucinógenos.

A Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, já mostrou que o CBD tem efeitos anti-inflamatórios para doenças pulmonares e é 100% seguro para humanos. 

Atualmente já há pesquisas onde as suas propriedades têm sido destacadas até contra a inflamação provocada pela COVID-19.

O seu poder antioxidante e anti-inflamatório também é o que sustenta os cosméticos feitos com o canabinoide cada vez mais comuns pelo mundo.

Em países onde a cannabis é mais acessível, como nos Estados Unidos, atletas já trocaram o Ibuprofeno pelo canabidiol para tratar dores musculares.

O depoimento do ciclista Andrew Talansky sobre o tratamento alternativo, por exemplo, viralizou e virou assunto da imprensa por um tempo.

Logo outros esportes e ligas como UFC e NBA também começaram a falar sobre o uso do composto por seus atletas.

No Brasil, o corredor olímpico Daniel Chaves, fez um teste genético recentemente, para saber qual o melhor tratamento com a planta para a sua condição.

Como funciona

Para entender como isso acontece, é preciso saber o que é o Sistema Endocanabinoide, por onde ela trabalha.

Este sistema atua a nível celular, ajudando no equilíbrio de várias funções do organismo, como fome, humor, sono, sistema nervoso e sistema imunológico.

Quando algo não vai bem, o corpo produz os chamados canabinoides, que por meio de receptores ajudam a estabilizar alguma função.

A cannabis também possui estas substâncias, que quando administradas podem fazer um trabalho similar aos nossos canabinoides.

Os nossos canabinoides têm um papel importante na regularização do processo inflamatório. Sendo assim, quando ingerimos cannabis, ela pode servir de anti-inflamatório também.

Ela age por mecanismos diferentes dos anti-inflamatórios tradicionais, isto quer dizer que a sua ação é diferente dos AINES, por exemplo.

Ação dos canabinoides

E não só o canabidiol, mas também o tetraidrocanabinol (THC), canabinoide que gera os efeitos alucinógenos da maconha.

Embora menos explorado, por causa dos seus efeitos no cérebro, ele também é um anti-inflamatório potente.

Os neurotransmissores ativados pelo THC , por exemplo, podem inibir a incidência de aterosclerose, isto é, o acúmulo de gorduras nas artérias.

Assim como outros canabinoides menores, como o CBC, CBDa, CBG, CBN e THCa.

Eles podem ser úteis em doenças como a Artrite Reumatoide, por exemplo. Pois a doença tende a desestabilizar o sistema endocanabinoide.

A ação dos canabinoides da planta pode ser útil até para o intestino. Cada vez mais pessoas têm usado a planta para tratar o que é conhecido como Doença do Intestino Irritável (DII).

O termo DII é usado para qualquer inflamação crônica no trato digestivo, que causa desde desconfortos abdominais a diarreia e perda de peso.

Nos Estados Unidos 15 a 40% dos pacientes maiores de idade alegaram que usam a maconha como tratamento para DII.

Ou então, doenças gástricas. Uma pesquisa observacional com 30 pacientes com doença de Crohn, por exemplo, mostrou que a cannabis reduz o uso de outros medicamentos.

Outra mais atual, também feita com pacientes com a condição, mostrou uma diminuição da atividade da doença no organismo, bem como a remissão completa de cinco dos 11 estudados.

Doenças autoimunes

A Cannabis pode agir como imunomodulador, ou seja, ajuda na regulação do sistema imunológico.

Como por exemplo, impedindo o próprio corpo liberar proteínas que desencadeiam as inflamações no corpo.

Ela também pode ter uma ação imunossupressora. Isso quer dizer que ela diminui as atividades do sistema imunológico. Mas calma, a imunossupressão pode ser uma coisa boa.

Tais ações como:

  •         Inibem a proliferação de leucócitos (alto número de glóbulos brancos no sangue);
  •         Induzem a apoptose de células T patológicas e macrófagos (morte de algumas células);
  •         Reduzem a secreção de citocinas (moléculas pró-inflamatórias).

É por isso que o óleo feito com a planta é indicado para o tratamento de doenças autoimunes, como Esclerose Múltipla ou Reumatismo, por exemplo.

Outro exemplo é a AIDS. Os canabinoides como o THC, por exemplo, são capazes de auxiliar na diminuição dos danos ao sistema imunológico e evitar que a doença se agrave.

Efeito na pele

Conforme a fama dos benefícios da cannabis cresce, mais produtos de canabidiol aparecem.

Hoje já é possível encontrar diversas opções  à venda na internet. Loções hidratantes, máscaras faciais, lubrificantes, óleos corporais, pomadas, adesivos, linha para o cabelo e muito mais.

Isso porque a nossa pele está repleta de receptores canabinoides, que podem receber o canabidiol diretamente.

O CBD é capaz de atuar em diferentes células para liberar antioxidantes. Como por exemplo, a indução da atividade de uma enzima chamada heme oxigenase 1.

Arte: Ted + Chelsea Cavanaugh

Segundo um estudo realizado nas Universidades de Córdoba, na Argentina, e de Dundee, no Reino Unido, o canabidiol induz a fabricação de uma enzima com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias nas principais células da camada superior da pele, os queratinócitos.

Isso contribui para um efeito firmador, preenchedor de rugas, lifting e clareador de manchas.

Uma vez que a acne também é uma inflamação, a cannabis pode ser um grande aliado. Como por exemplo, a redução na produção de sebo.

 Segundo um estudo publicado pelo Journal of Clinical Investigation o canabidiol pode impedir a produção em excesso das glândulas sebáceas.

Um estudo publicado na revista Science mostrou que a planta também pode ser de grande ajuda para alergias, diminuindo os efeitos da irritação na pele. 

Consulte um profissional

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar na marcação de uma consulta, dar suporte na compra do produto até no acompanhamento do tratamento. Clique aqui.

Tags: