O que podemos esperar da cannabis no esporte em 2022? 

O que podemos esperar da cannabis no esporte em 2022? 

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

O ano de 2021 foi mundialmente importante para o avanço na discussão e  permissão da cannabis, principalmente no contexto esportivo. Tivemos os primeiros jogos  olímpicos e paralímpicos em que o canabidiol (CBD) foi permitido após sua proibição  em 2004 pela Agência Mundial Antidopagem (WADA).

Diversos atletas renomados, como o medalhista Pedro Barros do skate, o maratonista Daniel Chaves, a futebolista  Megan Rapinoe, puderam utilizar produtos isolados à base de CBD com um intuito  medicinal, durante a competição.  

Além disso, nas ligas esportivas profissionais estadunidenses não signatárias à  WADA, que possuem suas próprias regras e códigos antidopagem, como a National  Basketball Association (NBA), de basquetebol, e a National Football League (NFL), de  futebol americano, adotaram posicionamentos mais liberais em relação ao uso de  cannabis pelos atletas. 

A NBA manteve a suspensão dos testes contra o  tetrahidrocanabinol (THC), que havia sido instalada em 2020 pela pandemia. E a NFL,  que realiza testes aleatórios multidrogas durante todo o ano, interrompeu a realização de  exames contra o THC nos períodos fora da temporada.  

O ano foi marcado, ainda, pelo escândalo da velocista estadunidense Sha’Carri  Richardson, que testou positivo para o THC em exame antidoping realizado na seletiva  dos EUA nos 100m rasos, o qual ela havia vencido. 

Richardson, que era a aposta dos  EUA nas Olimpíadas, usou a cannabis de forma recreativa após um trauma pessoal e, apesar de ter sua pena reduzida – pelo consumo ter ocorrido fora da competição e sem o objetivo de melhora de performance, – ela obteve uma punição que culminou com seu  tempo invalidado nas seletivas e sua participação excluída dos jogos olímpicos. 

Todos esses fatos contribuíram para o fortalecimento de uma discussão sem  precedentes no universo esportivo sobre a cannabis e a proibição dos outros  fitocanabinoides, e não só do CBD, dentro e fora dos períodos competitivos. 

Já que,  apesar de melhorar o bem-estar e a qualidade de vida dos atletas – potencializando a  qualidade do sono, atuando no estresse e na ansiedade, incrementando a recuperação  muscular e diminuindo as dores osteomusculares – os produtos à base de cannabis não melhoram diretamente a performance. 

E a base de sua proibição não tem embasamento  científico capaz de corroborá-la.  

Vivemos em um período cada vez mais ansiogênico, seja por conta da pandemia  de SARS-CoV-2, seja por outros motivos. A questão da saúde mental nunca esteve tanto em pauta e, casos de atletas de elite sofrendo com distúrbios mentais foram frequentes – vide o caso da própria Sha’Carri ou a surpreendente desistência da ginasta Simone Biles  em Tóquio. 

Isso só nos mostra o potencial da cannabis em auxiliar a qualidade de vida  dos atletas em diversas esferas de suas vidas, com uma baixa gama de efeitos colaterais,  e o quanto essa proibição prejudica esses atletas. 

O que fica de toda essa discussão é que é imperativo o posicionamento da  comunidade esportiva a favor da liberação da cannabis, não só do CBD, mas também dos  demais canabinoides, para que os atletas possam usufruir dos efeitos medicinais da planta  como um todo. 

A WADA se comprometeu a rever, neste ano, a proibição da cannabis na  sua lista de substâncias. A pressão dos profissionais da medicina esportiva e por parte dos  próprios atletas fez o discurso se modificar. O uso da cannabis no esporte é uma realidade.

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