Se a cannabis também é capaz de tratar os sintomas de alguns tipos de condições médicas, será que é possível substituir o remédio?
O uso da cannabis tem crescido no Brasil de forma rápida e a planta já é usada como opção de tratamento para cerca de 44 tipos de condições médicas. Muitos pacientes ainda abandonam outras medicações para ficar só com a planta.
Isso aconteceu porque a cannabis ficou conhecida por ser eficiente (mesmo em casos refratários) e por seu baixo índice de efeitos colaterais.
Mas, será que os produtos à base de cannabis também podem substituir a fluoxetina?
A fluoxetina nada mais é que um antidepressivo de segunda geração e que pertence a classe dos ISRS (Inibidores seletivos da recaptação de serotonina). Indicado para tratar depressão e ansiedade, ele pode aumentar a sensação de bem-estar.
Isso porque ele funciona elevando os níveis da serotonina, um neurotransmissor do cérebro relacionado aos sentimentos de satisfação e felicidade.
Os seus efeitos começam a aparecer de duas a quatro semanas após o início do tratamento e o remédio pode ser encontrado nos formatos de cápsulas, líquidos ou comprimidos.
De acordo com a bula, o remédio é indicado para tratar:
Como em qualquer outro remédio, a fluoxetina também possui contraindicações e efeitos que podem ser preocupantes, caso o paciente não esteja atento à bula, como:
De acordo com o psiquiatra João Victor Lorenzetti, a cannabis pode gerar efeitos de tratamento similares à fluoxetina, por atuar na neurotransmissão e no Sistema Endocanabinoide.
Trata-se de um sistema que funciona em nível molecular ajudando a restaurar a homeostase, ou seja, o equilíbrio de várias áreas do organismo, como, fome, humor, sistema nervoso central e imunológico.
O sistema endocanabinoide pode trabalhar como um neuromodulador para o Sistema Nervoso Central, capaz de regular aspectos emocionais, cognitivos, nervosos e processos motivacionais das pessoas.
Ele trabalha por meio de receptores que sinalizam que algo está errado e precisa ser corrigido. E quem faz a sinalização são os chamados canabinoides, produzidos pelo próprio corpo.
Estas substâncias também podem ser adquiridas de fora. A cannabis, por exemplo, é a planta com mais canabinoides já descobertos. Os mais conhecidos são o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol).
Alguns estudos têm demonstrado os efeitos ansiolíticos e antidepressivos da cannabis, que como dito, afeta o humor de forma positiva.
Um exemplo é um estudo realizado aqui em 2012 onde mostrou que o canabidiol tem propriedades ansiolíticas. A ativação da serotonina pelo canabinoide, também mostra efeitos antidepressivos.
Em um estudo clínico realizado em 2004, o efeito ansiolítico do CBD alterou algumas atividades na região do cérebro que controlam processos emocionais, no sistema límbico e paralímbico.
Outra pesquisa pré-clínica de 2011 mostrou que quando o Sistema Endocanabinoide está funcionando bem, pode resultar em efeitos ansiolíticos e antidepressivos, também reduz a atividade estressante do sistema neuroendócrino e melhora a plasticidade do hipocampo.
Também há estudos positivos sobre o uso da cannabis no tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo. Como por exemplo, uma publicação de 2020 no Journal of Affective Disorders mostrou que a cannabis pode ser de grande ajuda.
Os pesquisadores da Washington State University descobriram que o uso frequente da planta, e especialmente com níveis altos de CBD, foi capaz de reduzir rápida e temporariamente os sintomas do TOC, como ansiedade, compulsividade e pensamentos intrusivos.
Por outro lado, pesquisas anteriores já descobriram que pessoas com TOC têm maior probabilidade de usar maconha, por isso, já levantaram a hipótese de que esse uso é um mecanismo de enfrentamento para lidar com os sintomas do TOC.
Mas poucos investigaram se a cannabis é realmente eficaz na redução dos sintomas de TOC, e também há resultados mistos.
O tetrahidrocanabinol, conhecido por ser o principal composto da “alta” da maconha, pode ativar o receptor chamado CB1 e regular algumas partes químicas do cérebro.
Um estudo de 2006, realizado na McGill University, em Montreal, mostrou que o tetraidrocanabinol pode agir como antidepressivo, além de produzir serotonina.
Consumidores ocasionais e diários do cigarro de maconha, por exemplo, tinham sintomas mais leves de depressão do que pacientes que não usavam.
No entanto, doses altas poderiam ocasionar em uma piora dos sintomas.
Ainda de acordo com o psiquiatra João Victor Lorenzetti, apesar dos resultados positivos, não dá para substituir a fluoxetina pela cannabis, pois ainda é preciso investigar mais.
Por outro lado, o uso dos dois medicamentos juntos pode ser útil, para amenizar os sintomas das condições tratadas com a fluoxetina, além de potencialmente reduzir os efeitos adversos do remédio.
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
O médico também vai saber se a cannabis pode ou não ser uma opção para o seu caso, além de informar de forma precisa qual a melhor concentração e até a via de administração.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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