A fome induzida pela cannabis é bastante usada para tratamentos oncológicos e distúrbios alimentares. Mas não se sabia ao certo como funcionava até agora
Mistério resolvido? De acordo com cientistas da Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos, há uma explicação para a famosa “larica”, aquela fome que vem depois do uso da maconha.
O efeito de “abrir o apetite” da cannabis, é usado em muitos lugares do mundo como uma forma de ajudar em tratamentos, como distúrbios alimentares e quimioterapia, para desencadear a vontade de comer.
Por outro lado, não se sabia muito sobre os mecanismos por trás deste efeito.
Publicado na revista Scientific Reports, em dezembro do ano passado, o estudo foi o primeiro a investigar as áreas do cérebro que controlam o apetite.
Os exames de imagem feitos em ratos expostos à cannabis vaporizada, mostraram que a planta ativa receptores canabinoides do tipo 1 em um pequeno grupo de neurônios AgRP no hipotálamo.
Trata-se de uma região do cérebro que mantém os hormônios e o sistema nervoso em equilíbrio, controlando a sede, a temperatura, a pressão arterial e claro, o apetite.
Estes receptores impediram que os neurônios recebessem uma mensagem de “parar” dos outros neurônios. Por isso, observou-se que os roedores comiam mais.
“Quando os ratos recebem cannabis, surgem neurônios que normalmente não estão ativos. Há algo importante acontecendo no hipotálamo após o vapor da cannabis”, explica o neurocientista Jon Davis, da WSU. “Agora, já sabemos uma das maneiras pelas quais o cérebro responde à cannabis recreativa quando abre o apetite”, continuou.
Esta ligação não foi vista em animais que não foram expostos à cannabis.
Trata-se de um sistema que funciona em nível molecular ajudando a restaurar a homeostase, ou seja, o ajuda a regular várias funções, como sistema nervoso e sistema imunológico, que podem influenciar em áreas como o humor, sono e, claro, a fome.
É o nosso organismo que geralmente produz os chamados canabinoides, que servem para ajudar nesta estabilização. Quando algo não vai bem, ele é produzido e se conecta com os receptores canabinoides, espalhados por todo o organismo.
No entanto, receber algumas destas moléculas de fora, também não é ruim. É por isso que a cannabis é tão benéfica no tratamento de várias condições.
Quando a maconha é inalada, o THC (tetrahidrocanabinol), principal canabinoide que gera os efeitos psicoativos da planta, se conecta com os receptores do sistema nervoso central que controlam a fome e o apetite.
Isso confunde o cérebro, ele não entende que já estamos satisfeitos e a fome vem mesmo quando se acaba de comer.
Até o momento, o que se sabia era que o THC poderia desencadear um surto de um hormônio chamado grelina, mais conhecido como hormônio da fome.
O hormônio geralmente é ativado quando o estômago está vazio, enviando uma mensagem para o cérebro dizendo que é hora de comer.
Ele é produzido pelas células do estômago e também é responsável pela sensação de fome e gasto de energia. No entanto, outra das suas funções são as mudanças agressivas nos hábitos alimentares.
Este hormônio influencia na nossa relação com a comida, que pode ser visto no desejo de comer algo doce ou uma comida específica, por exemplo.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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