Insônia: é possível tratar com cannabis?

Insônia: é possível tratar com cannabis?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

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Insônia: é possível tratar com cannabis?
Foto: Freepik

Apesar de não ser considerada uma doença, mas um sintoma, a insônia é definida como dificuldade em iniciar o sono ou em se manter dormindo. Esta condição é classificada como crônica quando ocorre pelo menos três noites da semana, e ao longo de três meses. 

A insônia também pode estar associada a outras doenças ou fatores externos, como:

  • Ansiedade
  • Depressão
  • Estresse
  • Dores
  • Uso de medicamentos
  • Ambiente inadequado
  • Doenças endócrinas e/ou neurológicas. 

Sintomas da insônia

Além das difuldades para dormir, irritabilidade, cansaço frequente e problemas para organizar as tarefas do dia a dia também são sinais comuns. Em algumas pessoas, déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade são sintomas que podem ser causados pela insônia.

Por isso, o diagnóstico clínico irá entender quais causas estão afetando a qualidade do sono e consequentemente gerando tais sintomas.

Portanto, ter um período de descanso adequado é fundamental para o funcionamento do corpo. Mas o que significa ter qualidade de sono?

Como o sono funciona?

Essa função natural do organismo existe para descanso e recuperação da energia. O ciclo do sono está relacionado ao ritmo circadiano, também conhecido como relógio biológico. Em um período de 24 horas, o corpo tem estímulos internos e externos que o levam a dormir e acordar.

Esta atividade funciona em alguns estágios: o primeiro estágio é caracterizado pelo sono leve, com atenção reduzida e baixo estado de consciência. A seguir, inicia-se o sono profundo, onde a atividade cerebral fica mais lenta e o processo de recuperação começa.

Com a recuperação se produz novos hormônios e, em seguida, vem o chamado Sono REM (Rapid Eyes Movement), onde fixamos aprendizado, memória e cognição. Também é nessa etapa que o inconsciente nos leva a sonhar.

Além disso, no sono profundo acontece a formação dos ossos e músculos, reparo de tecidos, e fortalecimento do organismo.

Portanto, não restam dúvidas de que esse processo é uma atividade fundamental para o bom funcionamento do corpo humano e pode gerar consequências graves quando desregulado.

Você sabe quais medicamentos podem tratar o sono? Continue a leitura para descobrir. 

Indutores do sono: o que são?

Muito se fala em reajustar o sono com indutores químicos como Hemitartarato de Zolpidem e Melatonina. Essas medições também podem ser combinadas com ansiolíticos e antidepressivos e têm o objetivo de relaxar o corpo e provocar o sono. É importante destacar que os medicamentos sempre deverão ser indicados por um médico, portanto, nunca faça automedicação!

O problema destes medicamentos está relacionado a seu uso indiscriminado. Em entrevista para a Cannalize, o neurologista André Millet alerta que o uso “torna-se indiscriminado quando não segue uma estratégia de adaptação e de tratamento da causa, não só do sintoma.” 

Ele ainda chama a atenção para o uso abusivo de Zolpidem e o aumento de dosagem por conta própria. “Existe uma chance considerável de você experimentar efeitos adversos bem ruins, como sonambulismo e amnésia”, esclarece o medico. 

Aliás, a bula do Zolpidem alerta para os riscos ao dirigir, operar máquinas ou ter qualquer atividade intelectual sob seu efeito.

“Podem acontecer reações adversas incluindo sonolência, tempo de reação prolongado, tontura, visão borrada ou visão dupla e redução do estado de alerta e condução prejudicada na manhã seguinte”, afirma. 

A melatonina sintética também apresenta riscos, já que trata-se da ingestão de doses extras de um hormônio produzido naturalmente pelo corpo. Seu uso abusivo pode gerar alguns sintomas extras como:

  • Dor de cabeça; 
  • Sono fragmentado; 
  • Pesadelos; 
  • Tontura; 
  • Náuseas; 
  • Sonolência; 
  • Aumento da produção de prolactina (hormônio ligado à produção do leite materno). 

Embora seu uso ainda não tenha eficácia comprovada, existem evidências que indicam os benefícios da cannabis para tratar casos de insônia.

A cannabis pode tratar insônia?

De acordo com um estudo publicado em abril de 2020, no periódico Experimental and Clinical Psychopharmacology e realizado na Universidade da Austrália Ocidental, apontou uma melhora de 36% nos voluntários que receberam a cannabis no tratamento da insônia crônica.

Anteriomente, um estudo publicado em 2014 no Journal of Psychopharmacology, já tinha mostrao que o CBD (canabidiol) pode aumentar o tempo de sono.

Conforme apontado nos estudos, a cannabis interage diretamente com o Sistema Endocanabinoide, presente em todos os mamíferos. Este sistema é responsável por estabelecer uma comunicação entre o cérebro e os processos do organismo. Através do processo, os canabinoides elevam a biodisponibilidade de um neurotransmissor chamado serotonina, que regula o sono e outros processos do corpo. 

Além da serotonina, os canabinoides trazem níveis de equilíbrio a outros neurotransmissores, como a anandamida, dopamina e endorfina, ou seja, substâncias que controlam a fome, o humor, a memória e muito mais, que também estão ligados, mesmo que indiretamente, à regularidade do sono.

Benefícios do tratamento

Para o neurologista André Millet, o tratamento com cannabis deve servir a quem tem “uma visão menos alopática”, ou seja, quem queira tratar a raiz do problema, e não queira apenas tratar um dos sintomas.

A justificativa para o tratamento da insônia com a cannabis está nos resultados em longo prazo, segundo o neurologista.

“Bem ajustados, os componentes do óleo ‘brilham no ajuste fino’. Uma configuração racional de canabinoides te permite ter um melhor controle dos efeitos colaterais. Com a cannabis você consegue aproveitar uma ansiólise [diminuição da ansiedade] mais leve durante o dia, sem necessariamente induzir o sono, e consegue uma dose noturna com maior potencial sedativo”, esclarece Millet.  

E a lista de benefícios em longo prazo se estende: “A cannabis combate a dependência de álcool, a dor lombar de longa data e uma lista enorme de ‘pequenos’ problemas que vão se acumulando, enquanto que o zolpidem ‘só faz dormir’”, finaliza.

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Consulte um profissional

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

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