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Cannabis para doenças hepáticas: dá para pensar nisso? Foto: Freepik

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O fígado é a maior glândula do organismo e exerce funções cruciais como armazenar a glicose e dissolver gorduras. Portanto, prevenir-se de doenças que afetam diretamente este órgão é fundamental para manter o corpo humano em funcionamento.

As patologias que afetam o fígado são classificadas como doenças hepáticas. Tratam-se de doenças silenciosas que, a depender do paciente, podem ser percebidas apenas em estágios mais avançados. 

Pensando na expansão dos tratamentos, a cannabis entra como uma possível solução estudada pela ciência. E o motivo é simples: canabinoides são metabolizados pelo fígado, portanto, podem agir diretamente no local. 

Neste texto, explicaremos mais sobre doenças hepáticas e possíveis benefícios da cannabis para o fígado.

O que é doença hepática?

Condições hepáticas são causadas por uma série de fatores que danificam o fígado gradativamente, e se não forem tratadas podem ser fatais. 

Estas patologias podem surgir por causas genéticas e também por causas externas: vírus, bactérias, consumo excessivo de álcool ou de gorduras e substâncias tóxicas, como a nicotina.

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Exemplos dessas doenças são:

  • Esteatose hepática (ou gordura no fígado);
  • Hepatite viral;
  • Cirrose hepática;
  • Hepatotoxicidade (causada por consumo excessivo de drogas);
  • Câncer de fígado.

É importante destacar que doença hepática e hepatite não são a mesma coisa. 

Hepatites são inflamações causadas por vírus, sendo os “tipos” A, B e C as mais comuns. Boa parte dos casos de hepatite B e C são crônicos, ou seja, podem persistir por toda a vida.

De acordo com o Ministério da Saúde essas infecções podem acarretar em quase 1,5 milhões de mortes por ano e a mortalidade da hepatite C pode ser comparada ao vírus HIV e à tuberculose.

Sintomas das doenças hepáticas

Pessoas que possuem alguma doença hepática podem ter sintomas similares – fadiga, náuseas, pele e olhos amarelados são alguns exemplos.

Além disso, o diagnóstico médico pode ser feito através da tonalidade da urina e também das fezes. Todos esses sintomas variam de paciente para paciente e podem direcionar para um tipo de causa, como é o caso do vírus específico de cada hepatite.

Cannabis para doenças hepáticas

Hoje os tratamentos disponíveis para esse grupo de patologias vão de mudanças de hábito: maior consumo de água e diminuição de bebidas alcoólicas são exemplos. 

Para outros casos, o uso de medicações alopáticas como anti-inflamatórios, antibióticos e antifúngicos podem ser prescritos por um médico. Mas afinal, como pode entrar a cannabis?

Estudos sobre o tratamento com canabinoides para tratar essas condições de saúde ainda não são concretos, porém, algumas evidências podem ser aprofundadas com o tempo.

De acordo o professor especialista em canabinoides, Yossi Tam, da Universidade Hebraica de Jerusalém, os derivados da planta podem ser usados para acelerar o metabolismo. Absorção da glicose e diminuição da gordura no fígado são possíveis benefícios para o fígado.

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O tratamento é possível por conta da presença do Sistema Endocanabinoide, presente em todos os seres humanos e responsável por modular a homeostase. A interação com este sistema começa justamente na metabolização da cannabis que ocorre no fígado, como explicado acima. 

Em sua estrutura existe o receptor CB1, que ajuda no controle do metabolismo e é ativado quando consumimos cannabis. 

Também segundo o pesquisador, um estudo feito em sua universidade analisou a ação do CBG (canabigerol) na tolerância do corpo à glicose e até mesmo para regular os níveis de insulina no corpo. Este estudo foi feito com roedores que, embora não tenham mostrado uma redução significativa nos níveis de gordura, tiveram os níveis de glicose estabilizados.

Também de acordo com um estudo publicado no jornal científico National Library of Medicine, o CBD (canabidiol) pode amenizar os efeitos das bebidas alcoólicas. 

Para chegar nessa conclusão, os pesquisadores fizeram testes combinando o canabidiol, um placebo e bebidas alcóolicas. Os que consumiram CBD com álcool apresentaram índices menores do composto no sangue.

Também pensando na redução dos problemas gerados pelo álcool, uma pesquisa dos Estados Unidos feita entre 2008 e 2019 sugere que após a aprovação de leis estaduais que permitiram o uso adulto da cannabis, houve declínio no consumo excessivo de bebidas por jovens entre 12 e 20 anos. 

Por outro lado, ainda não se sabe como os canabinoides podem frear o consumo excessivo de álcool ou diminuir os efeitos de dependência química.

Começar um tratamento com cannabis

O tratamento com canabinoides está se tornando mais acessível no Brasil ao passo que as legislações vem se tornando menos restritivas. Desde 2015, quando o uso medicinal foi permitido, já são mais de 430 mil pacientes usando a terapêutica

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Em palestra, o pesquisador da Universidade de Jerusalém diz que a cannabis pode influenciar o metabolismo, ajudando a tratar condições relacionadas à obesidade

A cannabis pode reduzir doenças hepáticas, diz pesquisador israelense
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Segundo uma palestra ministrada pelo professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, Yossi Tam,  a cannabis pode ser usada não só para ajudar a controlar o peso dos pacientes, mas também em questões metabólicas, como glicose e esteatose hepática.

A fala aconteceu durante a segunda edição da CICMED (Conferência Internacional da Cannabis Medicinal), que aconteceu, na última semana, em São Paulo.

O pesquisador israelense é responsável por dirigir o Laboratório de Obesidade e Metabolismo do Instituto de Pesquisa de Drogas da universidade e fazer estudos sobre o assunto.

Influência do Sistema Endocanabinoide

De acordo com o professor, a cannabis pode influenciar o metabolismo por causa do famoso Sistema Endocanabinoide, um sistema do organismo que funciona a nível molecular e ajuda a regular várias substâncias do corpo.

Ele trabalha através de receptores que estão espalhados por quase todo o organismo, como o sistema imune, neurológico e até o sistema digestivo. E isso pode modular o sono, a fome, o humor e a dor, por exemplo.

O próprio organismo produz os chamados canabinoides, que sinalizam aos receptores que algo precisa ser corrigido. A  cannabis também possui canabinoides, que podem trabalhar de maneira parecida com os nossos.

Se uma pessoa está com dor, por exemplo, os canabinoides da planta podem sinalizar aos receptores que algo precisa ser corrigido.

Cannabis para o controle do peso

A cannabis é conhecida por afetar o apetite. O THC (tetrahidrocanabinol), por exemplo, é constantemente lembrado pela famosa larica. Contudo, o professor também lembra que o CBD (canabidiol) também tem o seu papel.

Ele ainda citou um estudo feito em crianças com epilepsia, que utilizaram o composto para controlar as crises e tiveram o apetite reduzido. 

“Os canabinoides promovem ganho de peso, mas podemos moldá-los para que o paciente perca peso”, disse o professor.

Para além do controle de peso

De acordo com a palestra, Yossi lembra que a cannabis não está resumida ao tamanho das medidas, mas também em condições relacionadas à glicose e a esteatose hepática.

Isso porque um receptor chamado CB1 tem um parte importante no controle do metabolismo, e, no caso das doenças hepáticas, há uma super ativação deste receptor. 

Ele exemplifica com uma pesquisa conduzida na universidade, em que o CBG (canabigerol) foi testado em ratos com hipoglicemia. Embora os roedores não tenham mostrado uma redução significativa na gordura, os níveis de glicose foram estabilizados. 

O canabinoide ajudou a aumentar a tolerância da glicose, reduzir a gordura no fígado e até regular os níveis de insulina. 

O pesquisador israelense ainda citou um canabinoide sintético, chamado de EPM301. Segundo as pesquisas desenvolvidas pela universidade de Jerusalém, além de reduzir o peso corporal, o composto removeu a gordura hepática e conseguiu tratar quase todas as complicações da obesidade.

Consulte um profissional

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

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