Em palestra, o pesquisador da Universidade de Jerusalém diz que a cannabis pode influenciar o metabolismo, ajudando a tratar condições relacionadas à obesidade
Segundo uma palestra ministrada pelo professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, Yossi Tam, a cannabis pode ser usada não só para ajudar a controlar o peso dos pacientes, mas também em questões metabólicas, como glicose e esteatose hepática.
A fala aconteceu durante a segunda edição da CICMED (Conferência Internacional da Cannabis Medicinal), que aconteceu, na última semana, em São Paulo.
O pesquisador israelense é responsável por dirigir o Laboratório de Obesidade e Metabolismo do Instituto de Pesquisa de Drogas da universidade e fazer estudos sobre o assunto.
De acordo com o professor, a cannabis pode influenciar o metabolismo por causa do famoso Sistema Endocanabinoide, um sistema do organismo que funciona a nível molecular e ajuda a regular várias substâncias do corpo.
Ele trabalha através de receptores que estão espalhados por quase todo o organismo, como o sistema imune, neurológico e até o sistema digestivo. E isso pode modular o sono, a fome, o humor e a dor, por exemplo.
O próprio organismo produz os chamados canabinoides, que sinalizam aos receptores que algo precisa ser corrigido. A cannabis também possui canabinoides, que podem trabalhar de maneira parecida com os nossos.
Se uma pessoa está com dor, por exemplo, os canabinoides da planta podem sinalizar aos receptores que algo precisa ser corrigido.
A cannabis é conhecida por afetar o apetite. O THC (tetrahidrocanabinol), por exemplo, é constantemente lembrado pela famosa larica. Contudo, o professor também lembra que o CBD (canabidiol) também tem o seu papel.
Ele ainda citou um estudo feito em crianças com epilepsia, que utilizaram o composto para controlar as crises e tiveram o apetite reduzido.
“Os canabinoides promovem ganho de peso, mas podemos moldá-los para que o paciente perca peso”, disse o professor.
De acordo com a palestra, Yossi lembra que a cannabis não está resumida ao tamanho das medidas, mas também em condições relacionadas à glicose e a esteatose hepática.
Isso porque um receptor chamado CB1 tem um parte importante no controle do metabolismo, e, no caso das doenças hepáticas, há uma super ativação deste receptor.
Ele exemplifica com uma pesquisa conduzida na universidade, em que o CBG (canabigerol) foi testado em ratos com hipoglicemia. Embora os roedores não tenham mostrado uma redução significativa na gordura, os níveis de glicose foram estabilizados.
O canabinoide ajudou a aumentar a tolerância da glicose, reduzir a gordura no fígado e até regular os níveis de insulina.
O pesquisador israelense ainda citou um canabinoide sintético, chamado de EPM301. Segundo as pesquisas desenvolvidas pela universidade de Jerusalém, além de reduzir o peso corporal, o composto removeu a gordura hepática e conseguiu tratar quase todas as complicações da obesidade.
É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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