“Blue Monday” é mais que um dos maiores sucessos da Dance Music, mas também é menos do que uma depressão patológica. Saiba como a cannabis pode ajudar a encará-la
Chega um dia em que a gente percebe que não está tudo bem. Um dia em que nos damos conta de que os planos otimistas que fizemos parecem inacessíveis, que as dívidas que contraímos são altas demais, que os boletos não param de chegar e que temos um ano inteiro de trabalho cansativo pela frente…
Para um psicólogo inglês chamado Cliff Arnall, esse dia é 15 de janeiro, considerado “o mais triste do ano”. O nome “Blue Monday” foi dado por ele em 2004, com base nos fatores comuns citados acima.
A alcunha também coincide com o nome de uma das músicas mais populares da Dance Music da década de 1980. O lançamento de 1983 da banda New Order, vendeu mais de 13 milhões de cópias desde que chegou às prateleiras.
Mais ou menos. A história deste nome tem mais a ver com uma campanha publicitária do que com evidências científicas.
Segundo uma entrevista de 2010, o nome surgiu depois que o psicólogo Cliff Arnall foi desafiado por uma agência de viagens a encontrar o melhor dia para as pessoas marcarem as férias de verão.
“Refletindo sobre o que milhares de pessoas me disseram durante os workshops de gestão stress e de felicidade, havia fatores que apontavam para a terceira segunda-feira de janeiro como sendo particularmente depressiva”, disse o profissional ao The Daily Telegraph.
Ainda baseado em seu empirismo, o psicólogo ainda teria “calculado” o dia “mais feliz” do ano: a terceira sexta-feira de junho – também a serviço da publicidade.
O problema de definições como esta é a banalização da depressão, um sintoma patológico que precisa de tratamento acompanhado de um profissional legalmente habilitado.
O próprio psicólogo galês Cliff Arnall admite que a ideia de “um dia deprimente” não é “particularmente útil”. “Estou incentivando as pessoas a refutar toda esta noção e a usar o dia como um trampolim para o coisas que realmente importam em sua vida”, defende.
Situações difíceis como traumas, perder um emprego, ser vítima de uma agressão física ou de um grande desastre podem levar à depressão, mas isso não significa que todo sentimento de tristeza e luto está relacionado à depressão.
Essa doença está entre as mais tratáveis dos transtornos mentais. Cerca de 80% e 90% das pessoas com depressão acabam reagindo de forma positiva ao tratamento. Quase todos os pacientes também conseguem obter algum alívio em seus sintomas.
Antes de qualquer diagnóstico ou tratamento, é necessário que um psicólogo ou médico psiquiatra realize uma avaliação diagnóstica completa, incluindo uma entrevista e, possivelmente, um exame físico.
Entre os inúmeros fatores que podem levar a depressão, o mais comum é o bioquímico, ou seja, as diferenças entre certas substâncias químicas presentes no cérebro. É através desta perspectiva que é feito o tratamento com medicamentos e/ou canabinoides.
Em casos de depressão, há uma baixa de substâncias como a serotonina ou a dopamina, que além neurotransmissores, também são considerados canabinóides, pois se ligam com o Sistema Endocanabinoide.
Desta forma, a reposição de canabinóides podem elevar os níveis destas substâncias químicas, como explica o farmacêutico Dr. Francisney Nascimento.
“Sabemos que o CBD (Canabidiol) atua positivamente sobre o sistema serotoninérgico ou potencializa de alguma forma a serotonina. Desta forma, o CBD faria algo parecido com o que os antidepressivos fazem.”
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Lucas Panoni
Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.
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