Na próxima quarta-feira (23) o Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai retomar o julgamento sobre a obrigatoriedade da lista de procedimentos dos planos de saúde, o que poderia comprometer a judicialização da cannabis medicinal.
O objetivo é definir se a lista de de cobertura da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai continuar exemplificativa ou se tornar taxativa.
Ou seja, se os convênios médicos serão ou não obrigados a cobrir procedimentos não incluídos na relação da agência reguladora.
Foto: Felipe Menezes/Metrópole
Atualmente, quando um produto ou procedimento médico não está listado na lista da ANS, o paciente pode entrar com uma ação para o custeamento pelo convênio.
Segundo a advogada Ana Izabel Carvana de Hollanda, a lista é apenas um exemplo, uma base do que o plano precisa cobrir.
Caso o STJ determine que a lista seja taxativa, os convênios médicos não terão a obrigatoriedade de cobrir nada que está fora da lista.
Isso deve afetar principalmente pessoas com deficiências ou doenças raras.
Hoje, o processo de judicialização para o fornecimento de produtos à base de cannabis é cada vez mais comum, com dezenas de ações por mês.
Ainda segundo a advogada, a lista também é usada como uma das justificativas para obter sucesso em processos envolvendo o óleo.
Contudo, a Dra Ana Izabel acrescenta que o Superior Tribunal de Justiça, já deu uma decisão favorável sobre a cannabis, que se sobrepõe à possível decisão de quarta e pode servir como argumento na judicialização.
Trata-se de um julgamento realizado em outubro do ano passado. A 3º turma do STJ determinou por unanimidade que um convênio médico forneça um medicamento à base de canabidiol para um paciente com epilepsia grave.
O chamado Purodiol não tem um registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), contudo, o órgão autoriza a importação excepcional, o que também garante um consentimento.
A decisão do STJ confirma o que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e outros Territórios já tinha determinado, que a negativa do plano de saúde configura grave violação dos direitos do paciente.
Ainda assim, a decisão para outros pacientes que não utilizam a cannabis, mas outros medicamentos e até procedimentos caros, pode ser um problema.
Na quarta-feira, um grupo de mães vai se reunir na frente do STJ em Brasília, como sinal de protesto.
Liderada pela jornalista e mãe de uma criança autista, Andrea Werner, elas se acorrentarão para pressionar os ministros a votarem contra a taxatividade.
“Queremos chamar a atenção não só dos próprios ministros do STJ que vão fazer a votação, como também da mídia e das pessoas que são usuárias de planos de saúde em geral, e que não sabem o tanto que elas vão ser prejudicadas se essa decisão de tornar o rol da ANS taxativo for tomada na quarta-feira”, relata em entrevista à Revista Fórum.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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