Por que as autorizações para o cultivo de cannabis não são iguais?

Por que as autorizações para o cultivo de cannabis não são iguais?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

De acordo com o advogado, as decisões variam de acordo com uma série de fatores, que vão desde a limitação das plantas até as crenças do juiz.

Foto: Freepik

Nos últimos dias, o TRF-6 (Tribunal de Regional Federal da 6ª região) aprovou uma liminar para o cultivo de cannabis por um paciente de Minas Gerais. 

Ao que parece, essa foi a primeira decisão favorável do tribunal em questão, o que pode abrir precedentes para mais decisões positivas por lá. 

O veredicto do juiz Alexandre Buck Medrado Sampaio veio poucos meses depois do STJ (Superior Tribunal de Justiça) unificar o entendimento sobre Habeas Corpus de cannabis, que permite o plantio individual.

Contudo, ao contrário de outras decisões, essa possui um prazo de validade, que expira em dois anos. 

Mas, por que isso acontece? Por que cada decisão é diferente?

Decisões iguais, mas diferentes

Atualmente, o Brasil tem duas resoluções que permitem a importação de produtos à base de cannabis e a compra em farmácias. Mas sem uma legislação específica sobre o cultivo medicinal, os pacientes precisam recorrer aos tribunais. 

Estima-se que centenas de pessoas tenham o aval da justiça atualmente. Mas como os processos são sigilosos, não dá para saber o número exato. 

De acordo com o advogado Gabriel Pietricovsky, além de autorizar ou não, os juízes ainda impõem as regras, que podem variar por uma série de fatores. 

Leia também: Judicialização para obter o Canabidiol (CBD): O que você precisa saber

Enquanto alguns magistrados permitem que o paciente saia de casa com as flores de cannabis, outros não deixam, por exemplo. 

Cabe ao juiz determinar a quantidade de plantas, de sementes, o ambiente em que a cannabis será cultivada e até se o paciente poderá usá-la em espaços públicos.

“Cada juiz tem um pensamento que vai de acordo com as suas crenças, com o caso da pessoa, da região em que ela vive”, acrescenta. 

Aumento das decisões

O advogado acrescenta que há um crescimento nas decisões sobre cannabis no país. Não só sobre o cultivo, mas sobre processos envolvendo a compra pelos planos de saúde. “Há convênios que nem lutam mais e entregam os produtos, porque sabem que vão perder”  

Segundo ele, isso acontece porque os juízes tendem a tomar as suas decisões a partir do posicionamento de tribunais superiores.

Um juiz de primeiro grau, por exemplo, vai pela guia de entendimento da segunda instância. Assim como a segunda instância pega a referência  do STJ, que a autoridade que analisa essas questões no final.

Envolve muito mais pessoas que o advogado, o paciente e o juiz

Pietricovsky diz que essa mudança de pensamento não envolve apenas o magistrado, o advogado e o paciente, mas também outras áreas que acabam envolvidas, como policiais, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e até engenheiros agrônomos. 

A agência de vigilância sanitária, por exemplo, já atualizou as regras sobre a importação de produtos à base de cannabis pelo menos três vezes desde que a resolução entrou em vigor para agilizar os processos e atender a demanda.

Com o crescimento de processos judiciais, os delegados e policiais também precisam entender o sobre salvo-conduto para cultivo e quais são as limitações. 

Até os engenheiros agrônomos estão cada vez mais antenados sobre a cannabis. O advogado explica que, com as solicitações de autocultivo, eles precisam desenvolver um laudo explicando ao juiz quantas plantas o paciente vai precisar. 

Consulte um médico 

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um médico, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

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