Permissão para cannabis na NBA vem de acordo trabalhista 

Permissão para cannabis na NBA vem de acordo trabalhista 

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Regras de conduta são definidas em comum acordo entre a diretoria da liga e o sindicato dos jogadores. Por isso, desobrigar os testes a cannabis é visto como “vitória trabalhista”

A notícia de que a NBA, a liga americana de basquete, não vai mais fazer testes para detectar maconha nos atletas foi recebida com entusiasmo pelo mercado canábico. 

Isto porque o basquete, mais que um esporte, é um produto de alcance global, e isso pode contribuir bastante para o fortalecimento da cultura da cannabis.

Mesmo que o aumento das vendas e dos lucros satisfaça grandes empresários, há quem veja esta conquista como uma vitória dos trabalhadores, bem ao estilo sindicalista.

Isto porque a NBA é um modelo franqueado que funciona sob um acordo trabalhista entre os donos dos times e a NBPA (Associação de Jogadores da Liga Americana de Basquete).

Para que o torneio aconteça, estas regras precisam ser discutidas e definidas em conjunto.

O acordo referido é o famoso CBA (Acordo Coletivo de Trabalho), que é renovado de seis em seis anos e em geral  estabelece os termos e condições de emprego para todos os jogadores profissionais de basquete que jogam na liga, bem como os respectivos direitos e obrigações dos clubes da NBA, da NBA e da NBPA. 

Em 2011, outro acordo que foi considerado uma vitória trabalhista foi a divisão da receita arrecadada pelos jogos. Os jogadores, que antes recebiam 43%, passaram a ganhar 51,15% na temporada 2011/2012. Nos anos seguintes, o repasse variou entre 49% e 51%, com 1% do total indo para um novo fundo de benefícios a ex-jogadores.

Para a temporada que começou neste sábado (15) e vai até junho, o acordo que vale é o que está em vigor desde 2017. O documento tem uma seção específica para tratar de abuso de drogas, onde a maconha ainda consta como substância proibida, junto com esteroides, opioides e sintéticos.

Novo CBA que insere cannabis só estará vigente no ano que vem

Segundo Danilo Silvestre, apresentador do podcast Bola Presa, especializado em NBA, a demanda pelo direito de usar cannabis foi a principal surpresa nas negociações do mais recente CBA. “Todo mundo achou que a discussão seria sobre salários, mas quando começou a CBA, eles surpreenderam pedindo o direito de usar maconha e de investir em empresas de maconha”

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Apesar do frisson da imprensa em torno da inesperada demanda, a diretoria ainda não se pronunciou publicamente a respeito. A Cannalize procurou o head da NBA Brasil, Rodrigo Vicentini para se pronunciar sobre, mas não obteve resposta.

Para o apresentador Danilo Silvestre, só veremos a cannabis abertamente relacionada à liga e aos jogadores a partir da próxima temporada. “Quando terminarem os playoffs, assinam este acordo e aí vai estar totalmente liberado.”

“NBA progressista”: Novas diretrizes são menos polêmicas que as decisões racistas do ex-comissário

Decisões do ex-comissário David Stern, morto em 2020, eram consideradas racistas – Foto: Cody Mulcahy

Há quem diga que a cultura do proibicionismo na NBA tem a ver com uma treta antiga da liga contra aspectos da cultura negra. 

Em 2005, o ex-comissário David Stern impôs à revelia um código de vestimenta aos jogadores da liga, com a desculpa de formalizar a imagem do time.

A partir do primeiro dia da temporada, os jogadores estavam proibidos de usar chinelos, tênis, shorts, camisetas sem manga, correntes, óculos escuros em ambientes fechados e fones de ouvido, sempre que forem aparecer publicamente, em eventos e atividades profissionais.

A decisão foi encarada como racismo por jogadores e parte da imprensa esportiva estadunidense, como comenta Danilo Silvestre: “ele [David Stern] achava que, para passar a imagem de ‘profissionais’, os jogadores deveriam abrir mão do estilo próprio e adotar um código de vestimenta padrão.”

Anos mais tarde, em 2011, diante do impasse sobre as novas negociações contratuais da liga, que decidiam o repasse da receita, o comentarista Bryant Gumbel fez uma crítica dura ao comissário, chamando-o de “plantation overseer”, o que pode ser traduzido como “capitão do mato”, pela postura autoritária da decisão.

O comentarista Bryant Gumbel comparou a atitude do ex-comissário à de um “capitão do mato”. Foto: Peabody Awards / Divulgação

Ele também apontou o código de vestimenta como um “decreto egoísta” e disse que o óbvio “desdém pelos jogadores” de Stern é “patético”.

Em 2017, defronte a novas negociações trabalhistas, David Stern ainda não havia superado a crítica, e se justificou como pôde: “Não tenho respeito por ele, então isso não me chateou nem um pouco. Fiz mais pelas pessoas de cor do que ele.

Mesmo com a morte de David Stern, em 2020, o código de vestimenta ainda existe, mas com algumas alterações, como explica Danilo Silvestre: “Hoje o código diz que os jogadores devem se vestir de ‘maneira apropriada’, e eles se vestem no estilo hip-hop porque isso é apropriado (e muito mainstream).”

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Para Danilo, até mesmo a diretoria conservadora está feliz com este rumo que a NBA está tomando. “O novo comissário tem outra visão. A NBA é a liga de esportes mais progressista dos EUA, eles estão tranquilos em ser associados com maconha.”

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