Os dados mostram um aumento crescente desde que as importações foram autorizadas. Especialistas apontam a desburocratização como um dos motivos.
Em apenas um ano, a importação de produtos à base de cannabis mais que dobrou, de acordo com dados levantados pela Associação Brasileira da Indústria de Endocanabinoides (BRCann).
A associação apurou que em 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu 40.191 novas autorizações para importação no ano passado, 20 mil a mais que em 2020.
A compra de produtos à base de cannabis fora do país foi autorizada em 2015, quando 850 produtos foram importados para oBrasil. Desde então, o número tem crescido ano a ano.

Mais de 75 mil autorizações
Até agora, a Anvisa já emitiu 75.203 autorizações para a importação de produtos derivados da cannabis. O número crescente alavancou nos últimos três anos, em que as aprovações têm dobrado de tamanho.
Principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro. Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal, que juntos somam 72,8% de todos os pedidos.
Falta de informação?
Ainda segundo os dados levantados pela entidade, as menores taxas estão nas regiões Norte e Nordeste, com número de autorizações por 100 mil habitantes bem abaixo da média nacional.
Alagoas, por exemplo, está em último lugar, com 5,1% dos pacientes com autorizações a cada 100 mil habitantes.
“São territórios onde a informação sobre o potencial terapêutico dos canabinoides ainda é pouco difundida entre médicos. Isso revela o quanto o setor tem potencial para crescer regionalmente, também”, diz Tarso Araújo, diretor executivo da BRCann.
Desburocratização
De acordo com a entidade, há vários fatores que contribuem para este crescimento, como investimentos das empresas do setor em educação médica continuada e as autorizações sanitárias que permitiram a chegada de novos produtos nas farmácias.
Além da desburocratização do processo de importação. Devido ao número crescente de pedidos, a Anvisa precisou criar novas resoluções para simplificar os processos e conseguir atender a todos os pacientes.
Hoje, a atual resolução (660) é muito mais digital e desburocratizada. “Atualmente as renovações devem ocorrer a cada dois anos”, explica Araújo.