Cannabis, maconha, cânhamo, erva, haxixe, verdinha, ganja. Sem dúvida existe uma lista enorme de nomes usados para se referir à planta Cannabis e seus produtos. Mas quando se trata de lei e política, quais são os termos ideais que devemos usar ao falar sobre cannabis?
O vocabulário atual usado por membros da indústria da cannabis seria o apropriado?
De acordo com um estudo publicado na Drug Science, nem sempre.
O estudo é o primeiro desse tipo a examinar os diferentes sistemas de nomenclatura usados para a cannabis no mundo.
O pesquisador independente Kenzi Riboulet-Zemouli, conclui que todos os termos atuais usados são “fracos, ambíguos ou inconsistentes”, e são sustentados por uma “base científica insuficiente”.
Por exemplo, os termos “cânhamo industrial” e “cannabis industrial” são na maioria usados em muitas políticas e documentos de pesquisa, de acordo com o pesquisador.
Estes nomes são interpretados principalmente como referência às plantas de Cannabis sativa contendo menos do que uma quantidade legalmente especificada do canabinoide tetrahidrocanabinol (THC).
No entanto, em algumas partes do mundo, a frase “indústria da cannabis” se refere apenas a empresas que trabalham com os produtos de cannabis mais fortes para o uso adulto, e não àquelas que comercializam produtos de maconha.
O canabidiol (CBD) pode ser muito útil como um discriminador no momento de distinguir a “cannabis tipo droga” e o cânhamo. O estudo descobriu que tais medidas de potência podem acabar falhando em dizer com segurança a diferença entre outros produtos de cannabis.
Mas o pesquisador também identificou casos em que os termos usados para se referir a produtos de cannabis são muito específicos e aplicados de forma inconsistente entre várias organizações.
Apesar de alguns pontos entre os sistemas de nomenclatura parecerem confusos, na maioria das vezes ainda é possível entender o panorama jurídico atual do setor da cannabis com um nível considerável de entendimento.
A questão é que, à medida que a indústria avança e cria derivados ainda mais diversos da planta de cannabis, esses confrontos se tornam mais frequentes e ainda mais problemáticos.
Com o desafio de lidar com isso, “a indústria deve criar um sistema de nomenclatura melhor, que possa descrever e diferenciar com precisão entre a planta da cannabis e os canabinoides naturais que a compõem e a gama crescente de canabinóides”. diz Zemouli.
Para isso, o pesquisador propõe um sistema de “nomenclatura bioética”, que segundo ele, seria mais adequado para distinguir entre os diferentes produtos e derivados da cannabis na legislação e nas políticas de saúde pública.
Isso ocorreria baseado em como cada composto é obtido e seu método de obtenção.
Riboulet-Zemouli também sugere uma categoria de canabinóides poesintéticos , que incluiria todas as substâncias produzidas sinteticamente.
Ele também propõe os termos eubiossintético (eû : verdadeiro) e disbiossintético (dus : desordenado, anormal).
Como um “método de obtensão” já é uma forma importante de discriminar entre diferentes ingredientes farmacêuticos ativos de canabinoides , o sistema proposto já possui algumas das marcas de um sistema de classificação viável.
Sendo assim, existe o poder de expansão nessa direção para atender o setor de fitofármacos.
Riboulet-Zemouli convida outros metafísicos e epidemiologistas a darem atenção à nomenclatura da cannabis à medida que o setor amadurece para avaliar as lacunas que precisam ser abordadas.
Ainda assim, em uma área onde a interpretação errônea da lei e das diretrizes de saúde pública pode afetar e ter importantes consequências jurídicas e relacionadas à saúde, é necessário que os pesquisadores e formuladores de políticas estejam equipados com a linguagem adequada necessária, para que possam continuar a fazer avanços em seus campos .
Referências
Bruno Oliveira
Tradutor e produtor de conteúdo do site Cannalize, apaixonado por música, fotografia, esportes radicais e culturas.
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