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Saúde e Ciência

A cannabis medicinal causa dependência química?



22/07/2020


Muitas pessoas confundem o uso medicinal ao uso recreativo, por isso vamos esclarecer algumas dúvidas quanto a isso

Se você já viu as pessoas falando que a cannabis é boa para tratar muitas condições, mas ficou inseguro quanto ao uso, saiba que você não está sozinho. 

O Brasil ainda é bastante conservador em relação à cannabis, há pouca informação por isso, a planta ainda é estereotipada.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a cannabis recreativa, ou a famosa maconha, pode sim causar dependência. 

Embora o vício seja classificado entre leve moderado, a alta quantidade de tetra-tetraidrocanabinol (THC), componente da planta que gera os efeitos alucinógenos, pode trazer algumas consequências ao cérebro e até ao coração.

A cannabis medicinal causa dependência química?
Foto: Freepik

Mas e a cannabis para fim medicinal e terapêutico?

Embora algumas pessoas fumem a planta como forma de terapia, a cannabis medicinal é diferente da cannabis recreativa, desde a maneira em que é extraída até a forma que ela é ingerida.

 Para saber como ela funciona, é necessário entender que o nosso corpo possui um sistema chamado Sistema Endocanabinóide, ele está por todo o organismo ajudando a sinalizar para o cérebro quando as coisas não estão bem. Isso ajuda a promover o equilíbrio das funções do corpo para que tudo funcione de forma eficaz.

Ele é movido pelos chamados canabinóides, que trabalham neste sistema a nível celular. No entanto, por alguma razão, é possível que a quantidade que produzimos, seja insuficiente, o que pode acarretar em uma série de doenças.

É aqui que a cannabis entra. Ela também possui os canabinóides, chamados de fitocanabinóides. Eles ajudam como um suplemento para o organismo e para todo o sistema. 

Por isso a cannabis se dá tão bem com o corpo e pode ajudar em várias doenças, inclusive a epilepsia refratária, que costumam ser resistente à medicamentos.

Diferentes canabinóides

No entanto, cannabis possui uma série destes canabinóides, que podem conter reações diferentes. Os mais famosos são o THC, mencionado acima, e o canabidiol (CBD).

Ao contrário do THC, o CBD não possui nenhuma reação na mente quando ingerido em altas quantidades.  Os efeitos colaterais são baixos. Por esta razão, ele é muito utilizado em medicamentos.

O THC também possui propriedades terapêuticas, que inclusive, vão em pequenas quantidades nos medicamentos feitos com canabidiol. 

Segundo a média mundial, a taxa de de THC nos medicamentos é de 0,2%, uma quantidade mínima que não tem o poder de causar dependência.

Há remédios, como o famoso Mevaty, que possuem quantidades maiores de THC.  No entanto, se usados de forma correta seguindo a prescrição médica, não há qualquer risco.

O que acontece é que a maconha possui uma quantidade grande do tetra-tetraidrocanabinol, que quando queimado, aumenta a sua potência, resultando em efeitos negativos no corpo e na mente.

O fumo não é terminantemente ruim, pois mesmo queimado, o THC também pode produzir propriedades medicinais. Há até relatos de pessoas que ingerem a cannabis dessa forma para tratar depressão e esclerose múltipla. Tudo vai depender da moderação.

Como a cannabis medicinal é ingerida?

Embora as pessoas usem a cannabis em forma de fumo ou vaporização, a maneira mais comum de se administrar é através do óleo. 

Ele é extraído da planta em alguns processos que podem ser feitos até de forma caseira, onde pode ser ingerido através de um conta-gotas, ou como a maioria das pessoas faz, colocando embaixo da língua.

É importante lembrar que os remédios são farmacologicamente testados, seguros e há marcas registradas pela Anvisa.

Por que os remédios não são feitos apenas de CBD?

Cada genética é única, por isso, corpo reage à cannabis de uma forma diferente. Por isso leva um tempo até achar a dosagem correta. Alguns sentem os efeitos benéficos com o CBD puro, outros com uma maior concentração de THC, outros com os dois juntos.

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Tainara Cavalcante

Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.