Relato de um Border

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Os estudos sobre cannabis são relativamente novos, por isso, o seu potencial em doenças mais específicas ainda não é muito claro. Contudo, a cannabis tem se mostrado uma ótima opção para condições mentais, e hoje quero chamar a sua atenção ao transtorno de Borderline. Com direito a relato de paciente. 

Para começar, é preciso entender do que se trata. O transtorno de personalidade borderline (TPB) apresenta-se, na maioria dos casos, como um padrão de comportamento caracterizado por instabilidade de afetos. Também é caracterizado por impulsividade nos relacionamentos interpessoais e por insegurança em relação à autoimagem. 

Em geral, no TPB, dentre as diversas características identificadas nos pacientes, são observados três aspectos que merecem destaque: a desregulação grave da emoção, a forte impulsividade e a disfunção social-interpessoal. 

Assim, tais comportamentos podem se manifestar em uma grande variedade de situações e de contextos, gerando frequentemente respostas afetivas consideradas desproporcionais quando comparadas à situação desencadeadora da reação. 

Dois milhões de brasileiros com Borderline 

O paciente borderline geralmente manifesta alterações de humor constantes, ele manifesta  impulsividade, raiva, angústia, insegurança, apresentando relações problemáticas com outras pessoas e medo de ficar sozinho ou de se sentir abandonado. 

Estima-se que 6% da população mundial sofra com o transtorno e que mais de 2 milhões de casos são registrados por ano só no Brasil. 

A doença atinge homens e mulheres, embora as mulheres busquem mais o tratamento, representando cerca de 75% dos casos nos consultórios.

Há tratamentos para isso?

O tratamento para o transtorno de personalidade deve ser iniciado com sessões de psicoterapia. 

Os tipos de psicoterapia utilizados geralmente são a terapia comportamental dialética, que é mais usada com pacientes que tentaram o suicídio, ou a terapia cognitivo-comportamental, que pode reduzir bastante as alterações de humor entre ânimo e ansiedade. 

Além disso, pode ainda ser aconselhado o tratamento farmacológico que, embora não seja a primeira forma de tratamento devido aos seus efeitos adversos, em alguns casos pode ajudar a controlar ou diminuir alguns sintomas. 

Os medicamentos que geralmente são recomendados incluem os antidepressivos, os estabilizadores de humor e os calmantes, que devem sempre ser prescritos pelo psiquiatra.

Quais as causas?

Não existe uma causa única para o borderline, assim como não há uma causa específica para outros transtornos de personalidade. 

Alguns fatores de risco aumentam a vulnerabilidade e as chances para o surgimento do quadro, como a ocorrência de casos na família, questões da fisiologia do próprio paciente e fatores ambientais que remetem a situações traumáticas, como abusos, negligência e conflitos. 

Por isso é importante que a família do paciente se atente aos sinais desde a infância e adolescência para que o tratamento terapêutico seja feito o quanto antes.

Quando o tratamento farmacológico não surte efeito, o que pode acontecer pois não há um medicamento próprio para o transtorno, há outras possibilidades e uma delas é a Cannabis Medicinal, que auxilia como um antidepressivo, ansiolítico e regulador de humor. 

Abaixo temos um relato de uma de minhas pacientes diagnosticada com transtorno de personalidade Borderline que está em seu segundo ano de tratamento com Cannabis Medicinal:

Relato da paciente Aline Campos

“Minha história com a Cannabis Medicinal começou em setembro de 2020, depois da minha terceira e última internação em um hospital psiquiátrico. Eu tinha acabado de sair de lá, tomando muitos remédios e mesmo assim estava tendo crises. 

Minha família não sabia o que fazer, e eu menos ainda. O diagnóstico? Transtorno de personalidade Borderline e transtorno afetivo bipolar. Nunca foi fácil lidar, principalmente depois dos meus 19 anos. 

Entre altos e baixos, crises de raiva e autolesão, ideações suicidas, ansiedade, uso frequente de drogas, episódios de hipomania e depressão, surgiu uma luz no fim do túnel. 

Após uma crise e tomando oito medicamentos, conheci a Dra. Vanessa Matalobos, que se deslocou da sua cidade que é aproximadamente 2 horas da minha pra me atender em casa. 

Eu estava dopada, confusa, sem esperança e sem brilho nos olhos; ela me resgatou e me acolheu naquele momento, suspendendo quase todos os medicamentos que, visivelmente, não me ajudavam naquele momento e, para completar, eram acompanhados de muitos efeitos adversos. 

A partir desse memorável encontro, comecei o tratamento com a Cannabis.

Eu já utilizava a Cannabis de forma recreativa desde muito nova, o que não é recomendado na idade que eu tinha, mas era algo que me acalmava e me fazia bem desde o princípio. Por esse histórico, não foi diferente com a Cannabis Medicinal em forma de óleo. 

Foi perceptível minha melhora; eu tive a sensação de que renasci, que meu cérebro estava expandindo, fazendo novas ligações neurais, estava tentando entender esse “mundo novo” que estava à minha frente, e eu só fui melhorando a cada dia.

Conjuntamente com o uso de um remédio e de sessões semanais com o psicólogo, o óleo de Cannabis me trouxe qualidade de vida. As crises passaram a ocorrer com menos frequência, senti menos impulsividade e menos ansiedade. 

As noites de sono melhoraram também, consigo dormir por uma noite inteira na maioria dos dias. Voltei a trabalhar e a estudar, pois fui demitida do trabalho que eu estava e tinha trancado a faculdade de Psicologia por todas essas questões de saúde mental. 

Voltei a fazer minhas produções artísticas, as quais eu estava afastada por um longo período. Eu finalmente entendi que voltei a viver, porque antes eu não me permitia sentir nada que fosse bom pra mim, não me permitia estar feliz e hoje isso mudou.

Eu agradeço diariamente à Dra. Vanessa que me acolheu tanto e me apresentou essas “gotinhas mágicas” como eu chamo. Além disso, ela se tornou uma mãe, uma confidente e uma amiga. 

Hoje eu enxergo como eu tive sorte por conhecê-la e conhecer a Cannabis Medicinal. Minha vida mudou, hoje sou uma pessoa melhor e, o mais importante, estou viva para relatar tudo isso. (Aline Campos, 28 anos, Macaé-RJ)”

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