Fotógrafo mostra a cultura canábica no Afeganistão

Fotógrafo mostra a cultura canábica no Afeganistão

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Com imagens raras, um fotógrafo italiano passou dois meses no norte do Afeganistão registrando o uso da cannabis no país

Fotógrafo mostra a cultura canábica no Afeganistão
Foto: Reprodução/Vice

Com imagens raras, o fotógrafo italiano Lucas Strazzeri documentou a cultura da cannabis na história, nas lendas e nas práticas dos cidadãos do Afeganistão através do livro Afghanistan, Fortress of Cannabis  (Afeganistão, Fortaleza da Cannabis, em tradução livre).

Feito também para o público leigo, o livro tem um total de 130 fotografias com explicações do curioso uso da planta no país do Oriente Médio e as palavras usadas pelos afegãos para se referir à planta. 

“Agora, vamos olhar para a localização e história do Afeganistão, suas tradições espirituais e interações com o mundo, para descobrir como moldou a evolução e o consumo de canábis até o século 21.”, escreve o fotógrafo no livro.

Como o italiano foi parar lá?

Apaixonado pela cannabis, Lucas Strazzeri além de fotógrafo também é professor. Viajou por vários países como Índia, Paquistão, Líbano e Marrocos e colheu vários relatos de experiências com cannabis. A maioria mencionando o Afeganistão como país de origem das melhores plantas e do haxixe

Em 2018 ele ficou no norte do país por dois meses e teve a oportunidade de fotografar a cultura canábica da região. Os seus artigos foram publicados pela Vice, Cannabis Now, Soft Secrets e Grow Magazine. Suas fotos aparecem no ‘Cannabis Grower’s Handbook’ de Ed Rosenthal.

Contudo, não foi tão fácil registrar.  Parece que um dos primeiros relatórios da ONU sobre cannabis no Afeganistão é dedicado a um de seus investigadores que foi morto a tiros por um fazendeiro.

“Portanto, era importante que eu mostrasse minhas credenciais. Na maioria das vezes, os fazendeiros relutavam em me deixar aproximar, mas assim que entendiam que eu era um turista, ficavam muito felizes em me deixar fotografar suas produções.” Diz em um artigo para a Vice da França.

Fotógrafo mostra a cultura canábica no Afeganistão
Foto: Reprodução/Vice

Em todos os lugares

De acordo com o fotógrafo, a cannabis brota em todos os lugares. As plantas crescem no centro da cidade, e à medida que se afastam vão-se tornando cada vez mais visíveis à volta dos algodoeiros, até ocuparem pequenas parcelas de território.

Sem contar com a diversidade de plantas dentro de um mesmo campo. Pequenas, grandes, verdes, azuis ou roxas. Folhas mais estreitas, com inflorescências muitas vezes cheias de sementes e cintilantes de resina, com cheiro a frutos vermelhos, amoras pretas ou urina de gato.

Segundo Strazzeri, esta biodiversidade, visível a olho nu, testemunha uma incrível riqueza genética: há vários séculos, os afegãos semeiam as sementes do ano anterior, recolhidas de plantas polinizadas.

A colheita ocorre entre outubro e dezembro, sendo as plantas secas e peneiradas. Os afegãos não fumam brotos de cannabis, mas transformam a planta em haxixe.

Raízes pioneiras

O livro ainda busca alertar a perda das plantas tradicionais de cannabis do país, uma vez que as suas sementes são vendidas pela internet para o mundo todo. 

Em seu artigo, Strazzeri diz que, embora a maioria das cepas modernas de cannabis contenha genética afegã, o Afeganistão teve muito pouca contaminação dessas cepas híbridas.

“Além de ter uma marca genética influente na cannabis moderna, o Afeganistão também pode ser considerado um país pioneiro na fabricação de haxixe . De fato, parece que a técnica de peneirar a cannabis se originou em algum lugar entre o norte do Irã e o norte do Afeganistão. Se o haxixe peneirado da Idade Média representa um dos primeiros concentrados de cannabis, as inovações tecnológicas dos últimos dez anos tornaram possível produzir concentrados de cannabis cada vez mais puros, como resina ou cristais.”, escreveu ao portal.

De acordo com o italiano, o cultivo de cannabis não mudou muito por vários séculos e permanece num estado difícil de imaginar no século XXI, depois de mais de 40 anos de conflito. 

Contudo, corre o risco com a distribuição para o resto do mundo.

É uma prática legal no Afeganistão?

Não. O governo e boa parte dos cidadãos sabem que o uso da cannabis é ilegal no país, mas parece que há uma vista grossa. E os consumidores ainda têm diferentes técnicas para driblar as regras.

O mais antigo, por exemplo, é colocar uma bola de haxixe em brasas quentes. Os vapores são então aspirados com um canudo, mantendo a água na boca. A mistura de água e fumaça sai de sua boca e nariz, e você a sente saindo de seus olhos e ouvidos também.

Os afegãos também usam o que chamam de chillum, o famoso narquile.  Muitos produtores de cannabis têm uma pequena sala chillum onde recebem seus amigos. 

Contudo, mais tradicionalmente, o haxixe também é consumido em charros, muitas vezes cigarros vazios, cheios de bolas de haxixe misturadas com um pouco de tabaco.

Legislação brasileira

No Brasil, a cannabis é aprovada apenas para fins medicinais e só pode ser comprada com receita médica. 

Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes. 

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar desde a achar um médico prescritor até o processo de importação do produto. Clique aqui.

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