Cultivo indoor de cannabis – Guia completo

Cultivo indoor de cannabis – Guia completo

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.

Muitas pessoas estão interessadas em cultivar sua própria cannabis. Mas antes, é importante entender que o cultivo em ambientes fechados apresenta alguns desafios.

Neste guia, abordaremos todos os diferentes fatores que são necessários para o cultivo interno de cannabis:

  • Passo 1: Escolha do local;
  • Passo 2: Iluminação;
  • Passo 3: Oxigenação das plantas;
  • Passo 4: Controle e monitoramento;
  • Passo 5: Decisão sobre o cultivo;
  • Passo 6: Escolha do recipiente;
  • Passo 7: Nutrição das plantas;
  • Passo 8: Regagem das plantas.

Benefícios do cultivo de cannabis em ambientes fechados

  • Cannabis de alta qualidade: embora exija mais recursos do que o cultivo ao ar livre, a vantagem é que o ambiente pode ser controlado desde as escolhas mais básicas até o que será colocado sobre a planta.
  • Adaptabilidade: independente se o local for uma casa ou um apartamento, é possível cultivar a cannabis praticamente em qualquer lugar, mesmo se não houver um quintal ou uma varanda enorme. 
  • Preferência nas colheitas: ao contrário do cultivo ao ar livre, as plantas não estão expostas ao sol e às diferentes estações do ano. Elas podem ficar do tamanho que o cultivador quiser, mesmo durante o inverno.
  • Privacidade e segurança: Nos Estados Unidos, por exemplo, mesmo em estados em que a cannabis é legalizada, pode ser cultivada escondidas de vizinhos que julgam e de possíveis ladrões. Já no Brasil, se você tem o aval da justiça para plantar, a opção ajuda a evitar olhares preconceituosos.

Agora que você já conheceu os benefícios, vamos focar passo a passo sobre o cultivo dentro de casa

1º Escolha do local

O primeiro passo para o cultivo pessoal de cannabis é escolher um local adequado para isso. Esse espaço nem precisa ser uma sala ou um cômodo inteiro, pode ser um armário, barraca, quarto de hóspedes ou um cantinho em um porão.

Comece aos poucos…

No primeiro cultivo de cannabis, o ideal é ir com calma por vários motivos:

  • Quanto menor o crescimento, menor o custo;
  • É muito mais fácil acompanhar o desenvolvimento de algumas plantas do que de várias;
  • Os erros como cultivador iniciante serão menos prejudiciais.

Lembrando que a maioria dos novos cultivadores de cannabis sofrem contratempos e podem acabar perdendo plantas para pragas ou doenças.

… mas pense grande

Ao escolher o local, é necessário levar em conta não apenas a quantidade de espaço que as plantas precisarão, mas também as luzes, dutos, ventiladores e outros equipamentos.

Você vai precisar também deixar espaço suficiente para trabalhar. As plantas de cannabis podem crescer duas vezes mais nos estágios iniciais da floração, portanto, é bom ter um espaço confortável.

Se o local de cultivo for um armário ou barraca, é possível simplesmente abrir e remover as plantas para trabalhar nelas.

A limpeza é crucial

O espaço dever ser facilmente higienizado. A limpeza é um fator importante ao cultivar em ambientes fechados, portanto, superfícies fáceis de limpar são uma obrigação.

Materiais como carpetes, cortinas e madeira crua são todos difíceis de limpar, ou seja, devem ser evitados.

Cuidados com vazamento de luz

Outro ponto importante do cultivo é que o local seja à prova de luz. Vazamentos de luz durante períodos escuros confundem suas plantas e podem causar flores masculinas.

Outras variáveis

Ao decidir onde cultivar a cannabis, existem as seguintes variáveis:

Check-in: é preciso acompanhar as plantas com cuidado. Verificá-las todos os dias é importante, se possível, fazer o check-in várias vezes por dia até ter certeza de que tudo está ocorrendo de maneira correta. Se o local for de difícil acesso, essa etapa pode ser desafiadora.

Preocupações com a temperatura e umidade: se o espaço estiver muito quente ou muito úmido, pode haver problemas para controlar o ambiente de cultivo. É recomendável escolher uma área fresca e seca com acesso imediato ao ar externo.

Furtividade: muitas pessoas preferem esconder o crescimento de vizinhos intrometidos e ladrões, portanto, é bom escolher um lugar onde isso não será problema.

2º Iluminação

A presença de luz na sala de cultivo é um dos principais fatores ambientais, tanto na qualidade quanto na quantidade de seu rendimento. Por isso é importante ter uma boa iluminação.

Aqui está um breve resumo dos tipos mais populares de luzes usadas no cultivo interno de cannabis:

Luzes HID 

As luzes HID (descarga de alta intensidade) são o padrão do setor, utilizadas por sua combinação de saída, eficiência e valor.

Elas custam um pouco mais do que luminárias incandescentes ou fluorescentes, mas produzem muito mais luz por unidade. Por outro lado, elas não são tão eficientes quanto a iluminação LED.

Os dois principais tipos de lâmpadas HID usadas para cultivo são:

  • Lodetos metálicos (MH), que produzem luz branca azulada e geralmente são usadas durante o crescimento vegetativo; 
  • Sódio de alta pressão (HPS), que produz luz vermelha-laranja e é usada durante a fase de floração.

Além das lâmpadas, a iluminação da HID exige um reator e um capuz ou refletor para cada luz. Alguns reatores foram projetados para uso com lâmpadas MH ou HPS, enquanto muitos projetos mais recentes executam os dois.

Caso as MH e HPS fique muito caro, o cultivo pode iniciar com HPS, pois, elas fornecem mais luz.

Luzes de cultivo fluorescentes

As luminárias fluorescentes, principalmente aquelas que utilizam lâmpadas T5 de alta produção (HO), são bastante populares entre os cultivadores pelos seguintes motivos:

  • Elas tendem a ser mais baratas para instalar, pois, o refletor, reator e lâmpadas estão incluídos em um único pacote; 
  • Elas não precisam de um sistema de refrigeração, pois, não geram tanto calor comparado com as HID.

A principal desvantagem é que as lâmpadas fluorescentes são menos eficientes, gerando cerca de 20 a 30% menos luz por watt de eletricidade usada.

O espaço é outra preocupação, pois, exigiria aproximadamente 19 lâmpadas HO T5 de quatro pés para igualar a produção de uma única lâmpada HPS de 600 watts, por exemplo.

Luzes de LED 

A tecnologia de diodo emissor de luz (LED) existe há algum tempo, mas apenas recentemente foi adaptada para criar luminárias para o cultivo interno.

A principal desvantagem das luzes de cultivo de LED é o seu custo: luminárias bem projetadas podem custar 10 vezes do que uma instalação HID.

Os benefícios são que os LEDs duram muito mais tempo, usam muito menos energia, gerando menos calor e mais luz, o que pode levar a maiores rendimentos e melhor qualidade.

Lâmpadas de indução

As lâmpadas de indução, também conhecidas como lâmpadas fluorescentes sem eletrodos, são outra tecnologia antiga que foi recentemente adaptada para atender às necessidades dos cultivadores de interior.

A lâmpada de indução é uma versão mais eficiente e duradoura da lâmpada fluorescente. A principal desvantagem é o preço e a disponibilidade.

3º Oxigenação das plantas

As plantas precisam de ar fresco para prosperar, e o dióxido de carbono (CO2) é essencial para o processo de fotossíntese. Isso significa que é necessário um fluxo constante de ar no local de cultivo.

Que pode ser por meio de um exaustor colocado próximo ao espaço para remover o ar mais quente e de uma entrada de ar filtrada no lado oposto, próximo ao chão.

As temperaturas precisaem o lado mais frio da faixa, enquanto outras são mais tolerantes a temperaturas mais altas.

O tamanho do exaustor dependerá do tamanho do espaço de cultivo e da quantidade de calor gerado. Os sistemas HID geram um tonelada de calor, por isso, as pessoas que vivem em regiões mais quentes costumam acender as luzes à noite, para manter a temperatura baixa.

Como alternativa, pode ser criado um ambiente artificial e selado usando um ar-condicionado, desumidificador e um sistema suplementar de CO2, mas isso é bastante caro e não é recomendado para os iniciantes.

Finalmente, é uma boa ideia ter uma brisa leve e constante no espaço de cultivo, pois, isso fortalece os caules das plantas e cria um ambiente menos hospitaleiro para mofo e pragas. 

Um ventilador montado na parede pode ajudar, apenas não deve ser apontado diretamente para as plantas, pois, isso pode causar queimaduras.

4º Controle e monitoramento

Depois de selecionar as luzes e equipamentos de controle climático, a maioria as pessoas desejam automatizar as funções.

Embora existam unidades sofisticadas e geralmente caras, que controlam os níveis de luzes, temperatura, umidade e CO2, um iniciante, na maioria das vezes, precisa de um temporizador simples de 24 horas para a luz e um interruptor de termostato para o exaustor.

O momento do ciclo claro e escuro é muito importante no cultivo de cannabis, as luzes ficam acesas por 18 horas no período de 24 horas enquanto as plantas estão em crescimento vegetativo, depois, alterna para 12 horas.

As luzes devem ser ligadas e desligadas todos os dias no mesmo horário ou pode acontecer o risco de estressar as plantas, portanto, um temporizador é importante.

Nos modelos mais básicos, basta ajustar o termostato do dispositivo na temperatura adequada para o espaço e conectar o exaustor nele.

Quando a temperatura sobe para o nível desejado, o ventilador é ligado até que as temperaturas caiam alguns graus abaixo do limite. Isso economiza energia e mantém uma temperatura constante.

Como provavelmente não se gasta muito tempo com o espaço de cultivo, uma combinação de higrômetro / termostato com recurso de memória alta e baixa pode ser muito útil para acompanhar as condições do ambiente.

Esses dispositivos pequenos e baratos não apenas mostram a temperatura e o nível de umidade atual, mas também as leituras mais altas e mais baixas do período anterior.

5º Decisão sobre o cultivo

Crescer em ambientes fechados significa que tem muitas formas diferentes para escolher os recipientes, desde bons vasos antiquados cheios de terra até uma laje de lã de rocha em uma bandeja hidroponia. Todo meio de cultivo tem suas vantagens e desvantagens.

Aqui falaremos sobre os dois métodos mais populares:

Solo

O solo é o meio mais tradicional para o cultivo de cannabis em ambientes fechados e também o mais tolerante, uma boa opção para os cultivadores iniciantes.

Qualquer solo de de alta qualidade funciona, desde que não contenha fertilizantes artificiais que dure muito tempo, que não são adequados para um bom cultivo de cannabis.

Uma escolha muito boa para iniciantes é o solo pré-fertilizado orgânico (super-solo) que pode cultivar plantas de cannabis do início ao fim, sem adicionar nutrientes.

Isso pode ser feito combinando vermes, guano de morcego e outros componentes com uma boa terra e deixando repousar por algumas semanas.

Como em todo cultivo orgânico, esse método depende de uma quantidade saudável de micorrizas (fungos e raízes) e bactérias do solo para facilitar a conversão de matéria orgânica em nutrientes que são úteis para a planta.

Soilless (hidroponia)

Os produtores internos estão cada vez mais se voltando para meios hidropônicos, ou seja, sem solo para o cultivo de plantas de cannabis.

Este método requer a alimentação concentrada de nutrientes de sal mineral que são absorvidos pelas raízes através do processo de osmose (o processo em que a água move-se, sem gasto de energia pela célula)

A técnica é para uma absorção mais rápida de nutrientes, levando a um crescimento mais rápido e com maiores rendimentos.

Mas também requer uma ordem de precisão mais alta, pois as plantas reagem mais rapidamente à super ou subnutrição,  além de serem mais suscetíveis ao bloqueio e queima de nutrientes.

As variedades de matérias utilizadas incluem: lã de rocha, vermiculita, seixos de argila expandida, perlita e coco, entre outros.

As misturas sem solos comerciais estão disponíveis, combinando duas ou mais dessas formas acima para criar uma mistura crescente e otimizada.

Meios sem solo podem ser usados em hidropônicas automatizadas ou em recipientes individuais com água.

6º Escolha do recipiente

O tipo de recipiente depende do sistema e do tamanho das plantas. Um sistema hidropônico pode usar pequenos vasos cheios de seixos de argila ou apenas uma grande laje de lã de rocha (um revestimento) para cultivar pequenas plantas, enquanto um crescimento de super solo pode ser usado vasos de 10 galões para o desenvolvimento de algumas plantas grandes.

As opções baratas incluem sacolas plásticas perfuradas descartáveis ou sacolas de pano. Ou as mais caras, como os famosos “potes inteligentes”, recipientes projetados para melhorar o fluxo de ar na raiz da planta.

Muitas pessoas cultivam suas primeiras plantas de cannabis em baldes de cinco galões.

A drenagem é importante, pois, as plantas de cannabis são muito sensíveis aos armazenamentos de água, portanto, se os recipientes forem reutilizados, devem ser feitos furos no fundo, e colocados em bandejas.

7º Nutrição das plantas

Cultivar flores de cannabis de alta qualidade requer mais fertilizantes ou nutrientes do que a maioria dos cultivos comuns. A planta precisa dos seguintes nutrientes:

  •  Nitrogênio (N);
  •  Fósforo (P);
  •  Potássio (K).

Micronutrientes também são necessários, apesar de ser em quantidades muito menores, como:

  • Cálcio;
  • Magnésio;
  • Ferro;
  • Cobre.

Se não for u.sado uma mistura de solo orgânico pré-fertilizado, é necessário alimentar as plantas pelo menos uma vez por semana usando uma solução nutritiva adequada.

Esses nutrientes são vendidos na forma líquida ou pó, e devem ser misturados com água,  geralmente ajudam no crescimento vegetativo ou a florescer.

Isso ocorre porque a cannabis muda os requisitos de macronutrientes durante seu ciclo de vida, necessitando de mais nitrogênio durante o crescimento vegetativo e mais fósforo e potássio durante a produção de gemas.

A maioria dos macronutrientes são vendidos no estado líquido de duas partes, o que significa que é necessário comprar duas garrafas para vegetais, duas garrafas para cultivar e uma garrafa de micronutrientes.

Além desses, outro produto nutriente que pode ser útil é um suplemento de cálcio e magnésio, pois algumas plantas precisam mais do que outras.

Depois de adquirir os produtos nutricionais, eles devem ser misturados com água e regar as plantas. Sempre deve-se começar devagar, pois como dito antes, as plantas de cannabis são sensíveis e podem queimar.

8º Regagem das plantas

A maioria das pessoas não pensa duas vezes na água que usa em suas plantas, se ela pode beber sem problemas, está tudo certo? Bem, isso depende da localização.

Um pouco de água pode conter uma grande quantidade de minerais dissolvidos, que é possível se acumular nas raízes e afetar a absorção de nutrientes. Ou pode conter fungos, que não são prejudiciais para as pessoas, mas pode prejudicar a planta.

Além disso, alguns locais podem ter altos níveis de cloro na água, o que pode ser prejudicar o solo.

O ideal é não exagerar na água. As plantas de cannabis são muito suscetíveis às doenças das raízes e dos fungos quando as condições são muito úmidas, regar demais é um dos erros mais comuns cometidos pelos iniciantes.

A frequência com que as plantas são regadas depende do meio utilizado (super solo ou hidroponia), além do tamanho das plantas e temperatura do ambiente.

Algumas pessoas esperam até que as folhas inferiores da planta começam a se inclinar um pouco antes de regar.

À medida que se adquire experiência com o cultivo, as coisas vão se tornando mais fáceis e os resultados melhores. Cultivar cannabis é um trabalho de amor, portanto, exige dedicação e carinho com as plantas e o seus processos.

Equipamentos necessários para plantar cannabis

Além dos processos e cuidados necessários acima, é preciso sempre lembrar da importância dos equipamentos mais básicos, porém, muito importante para o cultivo que são:

  • Vasos;
  • Substrato;
  • Lâmpadas;
  • Refletores;
  • Filtro de carvão;
  • Ventilador;
  • Tesouras para fazer podas.

Períodos necessários durantes o cultivo

Conhecendo as características dos dois estágios que ocorrem durante o cultivo, fica mais simples compreender o funcionamento da planta e como ela se desenvolve.

E é isso o que chamamos de fotoperíodo da cannabis. Resumidamente é o tempo em que elas ficam expostas à luz nas 24 horas que formam um dia.

Período vegetativo

Esse estágio é considerado a infância e adolescência da planta. É quando ela mais necessita se alimentar para crescer, e para isso precisa de luz, muita luz. Além é claro, dos nutrientes. O equivalente a 18 horas de luz, é o ideal neste caso, e 6 horas de escuridão. 

No período vegetativo é que começam a aparecer os Pistilos, que ajudam a diferenciar plantas machos e plantas fêmeas. É nesse estágio também que surgem as ramificações. As plantas costumam ficar no período vegetativo por 2 a 4 meses, dependendo da genética.

Período de floração

A fase da floração é a vida adulta da cannabis. É também um dos momentos mais esperado pelos cultivadores, pois, é na floração que as plantas começam a desenvolver suas flores e mostrar ainda mais seu aroma, cores, e tricomas com THC e outras substâncias.

Na floração o tempo de exposição à luz reduz para 12 horas por dia, portanto, ela fica num ciclo de 12 horas de luz e 12 horas de escuridão.

Em um cultivo indoor isso significa que é hora de mudar o horário de ligar/desligar as lâmpadas internas.

Na floração, além das flores que começam a aparecer, surgem também os tricomas, que são glândulas de THC que são responsáveis pela potência dos brotos. As plantas podem ficar na floração por cerca de 2 a 3 meses também, dependendo da cepa.

Há também aplicativos que te ajudam a monitorar o crescimento da cannabis. Veja no nosso artigo dos 7 apps sobre cannabis que vale baixar

Legislação brasileira

No Brasil, a cannabis é aprovada apenas para fins medicinais e só pode ser comprada com receita. 

Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes. 

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar desde a achar um prescritor até o processo de importação do produto. Clique aqui.

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