“A cannabis poderia beneficiar 10 milhões de pessoas no Brasil”

“A cannabis poderia beneficiar 10 milhões de pessoas no Brasil”

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Veja os assuntos abordados na live do setembro amarelo com a psiquiatra Eliane Nunes, onde ela fala o quanto a cannabis pode servir como tratamento principal. O vídeo também está salvo no IGTV da Cannalize.

O setembro amarelo ainda não acabou. Pensando nisso, nós do Cannalize, decidimos bater um papo com a psiquiatra Eliane Nunes, que além de ser psicanalista infantil é também é diretora da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis: SBEC e uma das primeiras prescritoras do Brasil.

Que a cannabis é medicinal, é fato. Ela pode ser de grande ajuda para pacientes com depressão, ansiedade, bipolaridade e outros distúrbios da mente, além de correlacionados, como humor e insônia.

A parte interessante a se destacar também, são os efeitos colaterais ainda menores que antidepressivos, por exemplo.

O problema, segundo a doutora Eliane, é que no país, a cannabis só pode ser receitada em último caso, quando outros medicamentos não mais funcionam, mesmo quando complemento do tratamento. “A cannabis pode ser usada como remédio primário” ressalta.

Ela também acrescenta que o óleo extraído da planta, não deve ser a única forma de tratamento. Inalar, ingerir em alimentos, vaporizar. Ela também acrescenta que do ponto de vista farmacêutico, o remédio feito em casa, seguindo todos os passos, é seguro.

A estimativa é que 12 mil pessoas se suicidam no Brasil todos os anos. Um número que poderia mudar se um remédio mais efetivo e mais prático fizesse parte do cotidiano.

A psiquiatra e psicanalista também não descarta o tratamento como um todo, que leva agendamento?utm_source=cannalize&utm_medium=textoancora&utm_campaign=agendamento” target=”_blank”>consultas, acompanhamento e apoio familiar, mas também acrescenta que as coisas poderiam ser mais fáceis.

Consultando um especialista

Segundo a doutora Eliane Nunes, a melhor forma de utilizar o fitofármaco é consultando um especialista no assunto. 

“Tenho atendido crianças principalmente autistas, e a questão sobre falar com médicos sobre a prescrição, é que muitos não estão preparados e não tem habilidade de fazer a prescrição corretamente.” complementa.

A cannabis tem centenas dos chamados canabinóides, que são os compostos que ajudam e interagem com o nosso corpo. Por isso, é importante entender a dosagem e o tipo de canabinóide. 

Mesmo sendo possível levar a possibilidade para o próprio médico, é importante que a melhor escolha seja procurar um médico especialista, que segundo a médica ortomolecular, Janaína Barboza chama, “canabinologista”.

Mas não é uma tarefa fácil. A psiquiatra acrescenta que há apenas um aproximado de 1200 médicos prescritores, um número extremamente pequeno para atender tanta gente. “A cannabis poderia beneficiar 10 milhões de pessoas” acrescentou.

Mudanças e possibilidades

A doutora Eliane Nunes complementa que o conhecimento sobre cannabis já apareceu, mas o que ainda atrapalha é esta visão política, que deixa nas mãos do juiz decidir quem é ou não considerado “traficante”.

Levantou a questão do preço exagerado do medicamento, tanto nacional quanto importado. Ela acrescentou ainda que faculdades, por exemplo, poderiam fabricar e vender a um preço mais acessível ou a disposição do produto em hospitais.

A médica levantou até a possibilidade da cannabis, produzida na casa do paciente, ser levada a farmácia Viva de manipulação do SUS, para que o paciente tenha um medicamento com os canabinóides de forma exata para a sua patologia.  

Outra coisa que segundo ela precisa de novos direcionamentos, é a educação, principalmente de médicos. 

“Teve até uma pessoa que denunciou uma mãe para o Conselho Tutelar porque ela estava dando canabidiol (CBD) para o filho” relatou a médica.

Mudança nas leis

A psicóloga e psicanalista infantil acrescentou ainda que essa mudança só pode ser feita com novas leis, como o projeto de Lei 399/2015, que tem gerado polêmica desde que foi entregue à câmara dos deputados. 

O ponto que mais está causando alvoroço pela classe política, é a questão do plantio no Brasil.

Na live, ela também acrescentou que pacientes, consumidores e simpatizantes da causa devem “votar certo” e disseminar o conhecimento a respeito da planta e defendê-la. 

O movimento não precisa ser nacional, mas também regional onde cada um está e pode fazer a diferença.

“Muitas coisas poderiam ser resolvidas com políticas de equidade. (…) A gente precisa que toda a população entenda que é preciso fazer o uso da cannabis medicinal” acrescenta.

Veja a live completa.

https://www.instagram.com/tv/CFieDM1gGWM/

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