Para entender como a cannabis funciona no organismo é necessário descobrir todos os mecanismos por trás do Sistema Endocanabinoide
O uso de produtos à base de cannabis tem crescido não só no Brasil, mas em todo o mundo. Junto com a descoberta das propriedades medicinais da planta, também abriu-se um novo mundo que até então era desconhecido: o SEC (Sistema Endocanabinoide).
Descoberto na década de 1990, este sistema molecular é responsável por regular a homeostase, ou seja, o equilíbrio das funções do organismo. Presente em quase todo o corpo, ele pode influenciar quase tudo.
E é através dele também que os canabinoides da cannabis trabalham, como o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol). Eles interagem com os vários receptores espalhados pelo organismo. Por isso que a planta ajuda em tantas condições médicas.
Há vários receptores, mas os mais conhecidos são o CB1 e o CB2. Mas o que exatamente são? E por que eles são tão importantes para o Sistema Endocanabinoide?
Antes, vamos entender mais do SEC. A descoberta dos canabinoides foi feita de forma inusitada. Percebido pelo químico israelense Raphael Mechoulam, ele isolou a molécula do THC, substância que gera o famoso “barato” da maconha e resolveu fazer um teste.
Mechoulam fez dois bolos, um levava o tetrahidrocanabinol e o outro era um bolo comum. O resultado foi o mesmo do brigadeiro de maconha:
Aqueles que comeram o bolo com o ingrediente surpresa tiveram os mesmos efeitos de quem fuma a erva: vermelhidão nos olhos, fome e euforia.
Na segunda noite, o professor decidiu fazer mais uma experiência, desta vez com o canabidiol. O resultado foi diferente do primeiro, não houve nenhum efeito sobre os convidados.
Foi a partir das descobertas que o químico se aprofundou em entender mais sobre as moléculas até descobrir que o corpo também produz a sua própria “cannabis”. Ou seja, os canabinoides endógenos, também chamados de endocanabinoides.
Ele percebeu que estas substâncias podem influenciar o corpo, pois:
Por outro lado, pode haver falhas no sistema ou até escassez de endocanabinoides, que podem desregular o SEC e consequentemente, ocasionar em doenças.
Entender como os canabinoides influenciam no Sistema Endocanabinoide é também falar dos receptores, que são responsáveis pela comunicação entre as células e os processos do corpo. Como uma espécie de sinalização que avisa quando algo está errado.
Junto com as enzimas metabólicas, responsáveis pelas reações químicas do organismo, eles garantem que os canabinoides sejam usados quando necessário.
Dentro de uma classe de receptores acoplados à proteína G e ativados através dos canabinoides externos ou internos, os principais são chamados de CB1 e CB2.
Para você entender melhor a forma que os receptores influenciam o organismo, os receptores do tipo CB1, por exemplo, são responsáveis pelo aprendizado, a cognição e o controle motor.
Já os receptores do tipo CB2 estão ligados a processos anti-inflamatórios, à modulação da dor e o aumento da biodisponibilidade da anandamida, que além de ser um receptor, também é conhecida como um canabinoide.
Os receptores CB1, por exemplo, estão localizados em várias regiões do cérebro, como o hipocampo, o córtex cerebral, os neurônios cerebrais e espinhais. Também no sistema nervoso periférico, em alguns órgãos e tecidos, como glândulas salivares e coração, no Sistema Nervoso Central, Pulmões, Fígado e Rins, por exemplo.
O CB2 também está em partes do cérebro, além do Sistema Imunológico e células hematopoiéticas. Trata-se de células que têm o potencial para dar origem a todos os tipos de células sanguíneas.
Estes tipos de receptores estão localizados ainda, no baço, na medula óssea, terminais nervosos periféricos e até nos glóbulos brancos.
Por isso, quando canabinoides externos, como o CBD e o THC ativam esses receptores, há uma série de efeitos terapêuticos. E o melhor: sem tantos efeitos colaterais, uma vez que a cannabis interage da mesma forma que os nossos endocanabinoides.
O canabidiol não é psicoativo
Por ter uma afinidade baixa com nossos receptores CB1 e CB2, o componente não apresenta comportamento psicoativo.
Ele não provoca efeitos alucinógenos e ainda carrega potencial em reduzir o efeito psicoativo do THC. Além disso, o composto não vicia.
O THC é psicoativo
O THC é o canabinoide mais conhecido quando se pensa em consumo recreativo de maconha. Ele é responsável pelo efeito alucinógeno causado ao consumir a maconha.
Este efeito acontece quando associamos o uso da maconha ativando através do THC os receptores CB1 do nosso corpo.
A Dr. Cannabis é um portal de educação sobre a planta que pode te ajudar de várias maneiras, desde a prescrição, cuidado até o funcionamento do mercado. Veja mais.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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