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Cannabis na Mídia

Morre Elisaldo Carlini, médico pioneiro em defender a maconha medicinal 



17/09/2020


O professor, que era fascinado por plantas, é conhecido internacionalmente por suas pesquisas e descobertas, principalmente sobre a cannabis e as suas propriedades anticonvulsivas. Saiba quem ele era

Morreu ontem (16 de setembro de 2020) aos 90 anos, o Professor da Universidade Federal de São Paulo, e também considerado pai da cannabis no Brasil, o Dr. Elisaldo Carlini. 

Foi ele quem descobriu as propriedades do canabidiol (CBD) no tratamento de convulsões como a epilepsia de difícil controle, e por 40 anos defendeu a cannabis medicinal aqui.

O professor, que dedicou a vida em pesquisas sobre os efeitos da cannabis e outras plantas, sofria com um câncer já em estado avançado, ele estava internado na UTI do hospital Albert Einstein na capital de São Paulo.

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História

Elisaldo Carlini nasceu em Ribeirão Preto em 1930. Aos 22 anos, ingressou no curso de medicina na Escola Paulista de Medicina (EPM- Unifesp) em 1956. 

Depois, tornou-se professor do departamento de Farmacologia, além de fundar o departamento de Psicobiologia.

Mas o doutor se destacou mesmo depois que fundou o Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid). Foi daí que ele tornou-se um dos maiores especialistas sobre drogas e entorpecentes não só do Brasil, mas também do mundo.

O médico trabalhou ao lado de grandes nomes do mundo canábico, como o químico israelense Raphael Mecholaum, considerado patrono da cannabis medicinal. 

Suas descobertas sobre os efeitos anticonvulsivos do canabidiol na década de 1980 foram consideradas um marco na história, além de ajudar a disseminar as propriedades da cannabis.

Já ocupou o cargo de presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 1995 e 1997, quando era membro do Conselho Econômico Social das Nações Unidas. 

Nessa época, ele organizou os primeiros eventos sobre cannabis e até tentou criar a “Anvisa da Cannabis”, mas o projeto não foi aprovado.

Últimos acontecimentos na vida do professor

Em 2018, aos 88 anos, passou um episódio constrangedor. Ele foi intimado pela polícia a prestar depoimento por suspeita de apologia às drogas. O processo aconteceu por causa de um simpósio organizado pelo professor na Unifesp um ano antes, chamado “Maconha: outros saberes”.

Ele teve que entregar cópias da gravação do simpósio para a investigação.

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No ano passado, mesmo com a doença avançada, o médico compareceu às audiências da Comissão Especial de Cannabis da Câmara dos Deputados e também falou sobre o Projeto de Lei 399/2015, que entre as principais propostas, visa o plantio no Brasil.

Existe até uma campanha para que a lei seja batizada com o nome do médico, caso seja aprovada.

Elisaldo Carlini também participou dos cursos feitos em uma paróquia da zona leste de São Paulo sobre cannabis medicinal. Liderados pelo padre Ticão, o curso já ajudou mais de 4 mil pessoas a conhecer e cultivar a cannabis para fins medicinais.

Honrarias

O professor foi citado cerca de 12 mil vezes em pesquisas científicas nacionais e internacionais e recebeu duas condecorações da Presidência da República pelo trabalho como pesquisador.

No ano passado, também foi selecionado como pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

As suas contribuições também foram destacadas pelo New York Times em julho de 2020.

Elisaldo Carlini deixou seis filhos e seis netos, além do seu legado.

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Tainara Cavalcante

Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.