Maconha e o coração: essa combinação pode trazer problemas ou soluções?

Maconha e o coração: essa combinação pode trazer problemas ou soluções?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Depois que a planta começou a se tornar ainda mais popular, muitos estudos sobre essa relação começaram a surgir. A combinação tem dividido opiniões de médicos e pacientes. Afinal, ela é heroína ou vilã? E a cannabis medicinal?

A American Heart Association, entidade voltada a saúde cardiovascular dos Estados Unidos, divulgou uma declaração dizendo que fumar maconha ou inalar cannabis pode fazer mal para o coração.

A nota foi difundida em agosto de 2020, e acrescenta que a maconha pode prejudicar também os pulmões e vasos sanguíneos.

Um dos médicos que participou do comunicado, Robert Page II acrescenta na nota ainda que o seu uso pode desencadear condições cardiovasculares, como ataque cardíaco e derrame.

Outro ponto destacado foi o de que a maconha tem o potencial de interferir em medicações voltadas a problemas cardíacos.

A nota é um apelo para os cientistas, onde pede mais estudos sobre as consequências da maconha ao órgão vital.

O principal composto ativo da maconha que causa o famoso “barato” é chamado de tetraidrocanabinol (THC).

Quando o cigarro de maconha é aceso, essa substância é ativada. O problema é que apesar da sensação de calmaria logo após o fumo, após uma hora aproximadamente, o THC pode causar uma frequência cardíaca mais rápida.

Isso aumenta a necessidade de oxigênio no coração, desequilibra as paredes das artérias e aumenta a pressão sanguínea.

O monóxido de carbono encontrado na fumaça da maconha também pode provocar dores no peito, ataques cardíacos e doenças cardíacas.

E o CBD?

Na nota, o órgão acrescenta que o canabidiol (CBD) parece não causar danos ao órgão. Os estudos mostram um efeito oposto, como a redução de frequência cardíaca, pressão arterial mais baixa, vasodilatação maior.

Isso provoca uma menor resposta inflamatória. O que consequentemente, pode minimizar o risco do entupimento das artérias e provocar um infarto, por exemplo.

 Como fica a cannabis medicinal com o THC?

A vaporização e a inalação da cannabis são as formas mais rápidas da planta fazer efeito, seja por razões medicinais ou recreativas.

Isso porque no pulmão, as propriedades da planta vão diretamente para as correntes sanguíneas.

É um método bastante utilizado para pacientes com esclerose múltipla ou dores crônicas, por exemplo.

No entanto, a mesma nota americana aconselha que o uso da cannabis para quem tem algumas complicações no coração, deve ser feito de forma tópica ou oral.

A inalação é capaz de provocar a cardiomiopatia, uma disfunção muscular do órgão vital. O documento termina advertindo que as pessoas que tem algum problema de coração, devem ter “extrema cautela”, ao utilizar a cannabis.

Contudo, estudos já mostraram que o efeito entourage, ou seja, o efeito sinérgico de todos os componentes da planta, inclusive do THC, pode potencializar as propriedades medicinais da planta.

Por isso, o tetraidrocanabinol não precisa ser descartado, apenas dosado corretamente. Além do mais, o canabidiol pode inibir as ações negativas do THC.

Porém, antes de começar o tratamento com a cannabis é preciso conversar com o seu médico, ele quem vai indicar qual o melhor caminho.

A cannabis serve para alguma doença do coração?

Até agora, falamos apenas das precauções do uso da cannabis para pacientes cardíacos. Por outro lado, será que a cannabis pode ajudar em alguma condição relacionada ao coração?

Um estudo publicado em um jornal de cardiologia, mostrou que sim, a cannabis pode ajudar pessoas com problemas Fibrilação Atrial. A doença é caracterizada pelos batimentos cardíacos irregulares.  

A pesquisa feita em 2017 analisou os dados de 24 mil pacientes com insuficiência cardíaca, mas que eram usuários de cannabis em um período de sete anos.

Eles compararam a mortalidade e o tempo de estadia no hospital das pessoas que utilizavam a planta e as que não utilizavam.

As conclusões foram que pacientes com insuficiência cardíaca, que assumiram fazer o uso da cannabis, eram menos propensos a morrer no hospital por causa da doença.

O tempo de internação do grupo também era menor. Por isso, as chances da Fibrilação Atrial se manifestar eram menores.

Contudo, ainda cabe mais estudos sobre o assunto.

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