Será que a cannabis pode ajudar em tudo? Entenda o que já foi descoberto até agora sobre cannabis e saúde mental
Cannabis e saúde mental ansiedade, borderline e cognição
O interesse por tratamentos complementares para transtornos mentais está crescendo, especialmente entre pacientes que não obtêm melhora com os medicamentos tradicionais. Nesse contexto, a relação entre cannabis e saúde mental vem sendo cada vez mais discutida.
Condições como ansiedade generalizada, transtorno de personalidade borderline, problemas cognitivos e até embotamento afetivo têm sido foco de estudos que avaliam os potenciais efeitos terapêuticos dos canabinoides, principalmente o CBD (canabidiol).
A seguir, você confere um guia completo sobre como a cannabis medicinal pode impactar diferentes aspectos da saúde mental.
O principal mecanismo de ação da cannabis no cérebro ocorre por meio do Sistema Endocanabinoide, uma rede complexa de receptores (CB1 e CB2) distribuídos por todo o sistema nervoso central. Esses receptores modulam funções como humor, memória, apetite, dor e sono.
O canabidiol, por exemplo, tem ação ansiolítica, anti-inflamatória e neuroprotetora, sem causar os efeitos psicoativos típicos do THC (tetrahidrocanabinol).
Já o THC atua em quadros de dor crônica e insônia, mas os profissionais recomendam cautela em casos de transtornos mentais, pois ele pode causar efeitos adversos, como paranoia e aumento da ansiedade.
Além disso, estudos indicam que os canabinoides têm influência na neuroplasticidade, ou seja, na capacidade do cérebro de se reorganizar, formando novas conexões neurais. Isso é especialmente relevante no tratamento de quadros psiquiátricos resistentes.
Leia mais sobre isso: A neuroplasticidade e o canabidiol. Essa combinação dá certo?
A ansiedade generalizada é um dos transtornos mais comuns tratados com cannabis medicinal no Brasil. Pesquisas apontam que o CBD pode reduzir os níveis de cortisol e modular a atividade da amígdala, região do cérebro ligada ao medo e à resposta ao estresse.
Por exemplo, um estudo publicado na revista científica Neurotherapeutics Journal mostrou que pequenas doses diárias de canabidiol apresentam efeitos positivos sem causar sedação excessiva.
Igualmente, pacientes que relatam embotamento afetivo — uma espécie de “anestesia emocional” comum em quadros depressivos ou como efeito colateral de medicamentos psiquiátricos — também vêm explorando o uso do canabidiol.
Ainda que os estudos sejam preliminares, alguns indicam que o CBD pode ajudar a restaurar a resposta emocional natural ao diminuir a apatia e melhorar a percepção emocional.
No entanto, o uso inadequado de THC pode agravar esse quadro, já que doses altas podem causar dissociação emocional e aumento da anedonia (incapacidade de sentir prazer). Por isso, a dosagem e o perfil do produto canabinoide devem ser cuidadosamente avaliados.
O transtorno de personalidade borderline provoca instabilidade emocional, impulsividade e sentimentos intensos de vazio.
Atualmente, não existe um remédio para borderline com eficácia universal, e o tratamento geralmente envolve uma combinação de psicoterapia e estabilizadores de humor.
Pesquisas iniciais sugerem que o CBD pode ter um papel complementar, ajudando a reduzir a impulsividade, a ansiedade e até episódios de raiva. No entanto, ainda são necessários ensaios clínicos robustos para confirmar esses achados.
Déficits de atenção, problemas cognitivos e a chamada síndrome do pensamento acelerado são queixas cada vez mais comuns em ambientes urbanos e digitalizados. Apesar de ainda não existir um teste oficial para síndrome do pensamento acelerado, pacientes frequentemente relatam exaustão mental, dificuldade para focar e sensação de “mente hiperativa”.
O CBD tem demonstrado potencial para melhorar a qualidade do sono, reduzir a hiperatividade mental e auxiliar na regulação do ciclo sono-vigília. Fatores que influenciam diretamente a função cognitiva.
Cannabis e saúde mental ansiedade, borderline e cognição
Estudos com pacientes epilépticos ou com esclerose múltipla também mostram melhora em dificuldades cognitivas associadas ao uso de canabinoides.
Entretanto, o THC pode comprometer temporariamente a memória de curto prazo, especialmente em doses altas ou com uso prolongado. Por isso, para quem busca melhora cognitiva, a preferência deve ser por produtos com predominância de CBD.
Leia mais: A cannabis afeta a memória?
Apesar das evidências promissoras, muitos especialistas ainda pedem cautela quanto ao uso de cannabis medicinal em transtornos mentais. A principal crítica é a falta de estudos longos e controlados com grandes amostras, o que dificulta a generalização dos resultados.
Outro ponto de atenção é o efeito do canabidiol no cérebro a longo prazo, especialmente em adolescentes e jovens adultos. A neurociência ainda está desvendando como o CBD pode interferir nos processos de desenvolvimento neurológico.
Além disso, estudos associam o uso recreativo e sem prescrição da cannabis a quadros de dependência, psicose e agravamento de sintomas em pessoas predispostas a doenças como a esquizofrenia. Dessa forma, profissionais da saúde devem sempre considerar esses riscos.
A Anvisa regulamenta o uso de cannabis medicinal no Brasil, mas exige prescrição médica e autorização para importação. Em casos de transtornos mentais, o tratamento com cannabis precisa ser integrado ao acompanhamento de um psiquiatra e/ou psicólogo.
É essencial que o paciente evite a automedicação e opte por produtos padronizados, com certificação e origem conhecida. O ideal é começar com doses baixas de CBD e observar os efeitos ao longo do tempo. Em alguns casos, pode existir a necessidade de incluir THC.
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