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Cannabis medicinal

A neuroplasticidade e o canabidiol. Essa combinação dá certo?



18/01/2021


A cannabis tem o potencial de trabalhar mais rápido do que antidepressivos comuns. Entenda como isso acontece.

Você já ouviu falar da neuroplasticidade alguma vez? Embora o tema seja novidade pra muita gente, ela diz muito sobre como o nosso cérebro processa a aprendizagem e absorve as lembranças.

O termo refere-se à capacidade do cérebro de se moldar a novas experiências, que ficam guardadas na mente para serem lembradas.

Por meio da criação de conexões entre neurônios, esse processo acontece ao longo da vida e começa ainda no útero.

Quando você experimenta uma comida, por exemplo, a lembrança daquele sabor continua na mente. É também por causa dela que nunca esquecemos como se anda de bicicleta.

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No entanto, a baixa produção dessas conexões ou o excesso delas pode ser um problema. Isso pode ocorrer de várias formas.

Pessoas com Alzheimer, autismo, ansiedade e depressão, podem ter menos conexões neurais ou mesmo tê-las de uma forma “bagunçada”.

Já pessoas que passam por alguma experiência traumática, por exemplo, podem produzir em excesso, o que a faz a sensação do acontecimento ser lembrada de forma repetida.

Como o canabidiol entra nessa história?

A cientista e professora de farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Alline Campos, é fascinada pela neuroplasticidade e já estudava o tema há um tempo.

Depois que ela entrou no Centro de Canabinoides da Universidade, ficou encarregada de investigar as funções ansiolíticas do canabidiol (CBD), componente da cannabis que não produz efeitos alucinógenos.

Ela viu que a substância ajudava a criar a metaplasticidade. Que no caso é a criação de novas plasticidades em cima das outras.

Mas o desafio era buscar entender de que forma e em que tempo o canabidiol é capaz de fazer isso.

” O que acontece com um cérebro que tenha plasticidade negativa e que o CBD pode ajudar a restaurar a plasticidade positiva tornando o cérebro mais próximo do que ele era antes do transtorno”. Acrescenta a cientista.

No entanto, a professora da FMRP também acrescenta que a cannabis também pode gerar a “plasticidade negativa”.

“Deram cannabis para camundongos velhos e jovens. Nos mais idosos, ajudou a produzir neuroplasticidade. Por outro lado, nos jovens prejudicou partes do cérebro que afetam a memória.” Complementou.

Possível antidepressivo

Os antidepressivos também promovem a plasticidade. No entanto, para se obter os resultados é preciso esperar ao menos, dois meses.

Caso o remédio não dê certo ou tenha muitos efeitos colaterais ao paciente, é preciso trocar. Isso leva mais um tempo para a pessoa se adaptar novamente.

Um possível antidepressivo quando administrado junto com um componente da planta, o canabidiol pode encurtar a demora dos resultados em até sete dias.

Outro benefício seria a potencialização dos remédios convencionais. “Com isso, você tira o paciente do sofrimento da espera de resultados” acrescenta.

No entanto, a pesquisa da cientista, que terá o artigo publicado em breve, ainda precisa de mais investigações e a cientista não recomenda a automedicação.

“O uso medicinal da cannabis não pode ser baseado na opinião, mas em dados científicos e robustos. Ainda não temos estudos consistentes.” Conclui.

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Tainara Cavalcante

Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.