Uso de cannabis frequente pode desregular o sono, segundo estudo

Uso de cannabis frequente pode desregular o sono, segundo estudo

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

A pesquisa feita nos Estados Unidos mostrou que os consumidores ativos tinham mais chances de dormir pouco ou dormir demais sem um meio termo. 

Que a cannabis deixa as pessoas mais relaxadas e sonolentas, isso é um fato. Tanto que a planta é utilizada para tratar insônia e até melhorar a recuperação física entre atletas. Mas parece que o uso frequente pode atrapalhar o sono, pelo menos na forma de cigarro. 

 Segundo um levantamento publicado pelo Regional Anesthesia & Pain Medicine do The BMJ no final do ano passado, os usuários frequentes de cannabis tinham a maior probabilidade de não obter sono ideal. 

A conclusão foi feita depois dos pesquisadores observarem as respostas de mais de 21.729 adultos entre 20 e 59 anos que participaram da  National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), uma espécie de programa de pesquisa que avalia a saúde e o estado nutricional dos estadunidenses. 

Sono desregulado

De acordo com a National Sleep Foundation (EUA), adultos saudáveis normalmente dormem de sete a nove horas por noite. Contudo, parece que o sono de consumidores de maconha é maior ou menor que o adequado.

A pesquisa mostrou que o sono médio dos participantes era de sete horas, em que 12% não dormiam nem às seis horas de sono e 4% passavam do tempo estimado de nove horas por noite.  

O estudo ainda mostrou que mais de um terço dos participantes que usam cannabis tinham a probabilidade de um sono curto, com menos de seis horas por noite. Ou então poderiam dormir demais. Cerca de 56% tinham a probabilidade de dormir mais que o adequado.

Frequência maior, chances maiores

Aqueles que se identificavam como usuários moderados (que usaram maconha em menos de 20 vezes dos 30 dias anteriores), tinham 47% mais chances de dormir demais, em comparação aos não usuários.  

Já os consumidores mais frequentes (que utilizaram 20 ou mais vezes nos 30 dias anteriores), tinham até 76% mais chances de dormir mais de nove horas por noite, em comparação aos não usuários.

Mas o mesmo grupo também tinha 64% de chances de dormir menos que o adequado, em comparação aos voluntários que não utilizavam cannabis. O que mostra um grande desequilíbrio. 

 Problemas com o sono

Consumidores de maconha ainda tinham 31% mais chances de desenvolver problemas para adormecer, permanecer dormindo ou dormir muito nas duas semanas anteriores.

O estudo ainda concluiu que à medida que o uso da substância aumentava, também crescia a possibilidade de um sono prejudicial à saúde. 

Mas um outro problema que os pesquisadores também perceberam é que quase três em 10 eram mais propensos a discutir o assunto com um médico. 

Foto: File Pictures

“Há um grande equívoco sobre o papel que a cannabis pode ter como um auxílio para dormir”, disse Evan Winiger, um pesquisador de pós-doutorado que estuda os efeitos da maconha no sono na Universidade do Colorado Anschutz, em uma entrevista ao College of Arts and Sciences

Winiger, que não esteve envolvido no novo estudo, disse ainda que o uso regular de maconha pode atrapalhar a maneira como o sono repara, organiza e consolida as memórias.

Problema coletivo nos Estados Unidos

Pesquisadores da Universidade de Toronto já alertam que a privação e insuficiência de sono se tornaram uma grande preocupação nos Estados Unidos. 

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), cerca de um em cada três estadunidenses não dorme bem, o que pode resultar em uma série de problemas médicos, que vão de dores crônicas a problemas cardíacos e distúrbios psiquiátricos. 

Eles relacionam o aumento do consumo de cannabis ao sono cada vez mais desregulado dos americanos. 

“O aumento da prevalência do uso de cannabis e da privação de sono na população é uma causa potencial de preocupação”, escreveram os autores do estudo. 

“Apesar da literatura atual demonstrar efeitos mistos da cannabis e várias formulações de canabinoides na arquitetura e qualidade do sono, esses agentes estão sendo cada vez mais usados ​​como terapias experimentais prescritas e não prescritas para distúrbios do sono. Dada a crescente prevalência do uso de cannabis, estudos futuros devem continuar explorando a relação com o sono humano.” Concluiu.

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