O primeiro programa brasileiro sobre o melhoramento genético da cannabis começou a ser realizado na Universidade Federal de Viçosa (UFV) em Minas Gerais mês passado.
Em parceira com a startup ADWA Cannabis, ele visa estudar quatro variedades de sementes de cannabis para o uso medicinal e industrial, que estão sendo fornecidas pela empresa colombiana Canowdrop.
As plantas serão cultivadas e cruzadas, para criar variedades de plantas aptas para se adaptar a cada uso medicinal ou industrial e ainda, a cada região do país.
Elas resultarão em variedades de cannabis brasileiras. Cada uma das quatro têm o potencial de se criar de 100 a 300 plantas com características diferentes.
O estudo explora o cânhamo, uma derivação da cannabis com apenas 0,3% de tetra-tetraidrocanabinol (THC), o componente da cannabis que gera os efeitos alucinógenos.
Isso porque elas são ricas em canabidiol (CBD), o componente da cannabis mais explorado pela indústria farmacêutica e medicinal.
A primeira tentativa de plantio foi em 2018. Mas a pesquisa só foi autorizada em fevereiro de 2020, por meio da Justiça.
No entanto, só começou no segundo semestre do ano, quando o contrato da faculdade com a startup foi finalmente estabelecido.
Quem coordena o estudo é o pesquisador Sérgio Ferreira Barbosa, que ainda complementa que a proposta de estudar o melhoramento genético da planta começou em 2016.
“Eu queria iniciar pesquisas com melhoramento genético ainda durante a graduação em Agronomia. Então de lá para cá, fomos buscando alternativas para iniciar o cultivo” acrescentou.
A cannabis foi uma planta que sempre encantou o pesquisador desde a adolescência. Ele acrescenta que há planta é tratada de forma injusta, perante aos inúmeros benefícios. “Vi como uma oportunidade de trabalhar com ela” complementa.
Embora o plantio de cannabis no Brasil seja ilegal, as coisas parecem estar mudando. Em 2020 houve um recorde de habeas corpus concedido a pacientes, que dá o direito de cultivar.
Alguns centros de pesquisas e associações também já plantam cannabis e até o Rio de Janeiro aprovou uma lei que permite o cultivo por estas entidades.
Na câmara dos deputados há até um projeto de lei que visa o cultivo industrial da cannabis em solo brasileiro.
Por esta razão, Sérgio vê o futuro com otimismo. Com a pesquisa, ele pretende disponibilizar as sementes para produtores brasileiros. “Neste primeiro ciclo já estamos com 50 plantas” conclui.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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