Falar de maconha sempre é polêmico, ainda mais quando colocamos os adolescentes no assunto. No entanto, é um tema necessário. Assim como em adultos, a maconha é a substância mais usada por adolescentes ao redor do mundo.
A preocupação é ainda maior por causa da sua proibição.
No Brasil, a cannabis só é permitida exclusivamente para fins medicinais, o que deixa os futuros jovens nas mãos de traficantes que vendem produtos de origens duvidosas e que não se importam de vender para menores.
Veja os riscos da cannabis prensada no Brasil.
É importante ressaltar que a maconha não é um bicho de sete cabeças. Os seus canabinóides podem interagir com o organismo e trazer benefícios, até mesmo o tetra-tetraidrocanabinol (THC), principal composto que gera os efeitos alucinógenos.
Pessoas com depressão ou dores crônicas, por exemplo, usam a planta como terapia, pois o THC pode elevar os níveis de alguns neurotransmissores. Mas o uso em excesso, pode ser bem ruim, causando até ansiedade.
O uso em grandes quantidades também pode causar dependência. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificação da planta para induzir à dependência está entre leve e moderada.
Isso quer dizer que se alguém consumir em grandes doses e por muito tempo, pode sim levar a um tipo de dependência, mas certamente não é maior que álcool ou heroína.
É também praticamente impossível ter uma overdose com a cannabis.
Mas talvez o principal motivo de preocupação do consumo entre os menores é o prejuízo da memória em formação. A maconha não tem o poder de “queimar neurônios”, mas pode sim afetar a memória.
Principalmente a memória de curto prazo. Efeito que acontece durante o uso, mas se a droga é consumida todos os dias, pode até reter informações.
Reação pode voltar ao normal, caso o indivíduo deixe de usar a substância em até sete dias. A maioria dos efeitos prejudiciais da maconha não são permanentes.
A suspeita é a ativação dos receptores no hipocampo, é como se fosse uma central da memória. O que pode produzir fragmentação do pensamento, desconexão de associações e aumento na distração.
O problema é quando o cérebro ainda está em formação, como é o caso dos adolescentes. As reações no corpo são mais intensas que em uma pessoa adulta.
Um estudo publicado na revista científica Jama Psychiatry revisou 3.142 artigos publicados sobre o assunto e estudou a evolução de mais de 23 mil adolescentes que usavam uma quantidade alta de maconha.
Os resultados mostraram que eles tinham 37% mais chances de desenvolver depressão e 50% pensamentos suicidas. Os dados abordam questões multifatoriais, mas mesmo assim, de grande preocupação para os pais.
Por ser vendida de forma ilícita, não há uma preocupação com o estatuto da criança e do adolescente por parte dos vendedores.
Segundo um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), 7,7% dos brasileiros entre 12 a 65 anos, já consumiram maconha pelo menos uma vez na vida.
Ela é introduzida principalmente por amigos, seguida da influência da internet e depois em festas. Mas em todos os casos ela é aceita por curiosidade. O adolescente está em uma fase de conhecer coisas novas e por influência, pode acabar experimentando.
Por isso, a proibição não é efetiva para barrá-los de usar a cannabis. Um estudo publicado na revista The American Journal of Public Health, dos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que a legalização não alterou o consumo entre menores.
Os pesquisadores compararam dois estados, um que tinha a legalização e outro que não tinha. Eles chegaram à conclusão de que a porcentagem de adolescentes que usavam a planta era semelhante nos dois lugares, por isso, a legalização não aumentou o consumo.
Mas por motivos de precaução, sites e influenciadores que falam sobre maconha, tendem a alertar a consumir o conteúdo apenas se for maior de 18 anos.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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