Quais os riscos a cannabis prensada pode trazer à saúde dos consumidores?

Quais os riscos a cannabis prensada pode trazer à saúde dos consumidores?

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Já se perguntou se a cannabis prensada que geralmente chega no Brasil vem de plantações, manuseio e transporte seguro? E se esses produtos são higienizados o suficiente para o uso? Vamos entender um pouco sobre.

O plantio, a venda e a doação da planta cannabis no Brasil, por lei são consideradas crime de tráfico de drogas, podendo levar em até 15 anos de prisão para os que forem detidos em flagrante.

Desde de 2016 a lei de combate ao tráfico de drogas fez com que as penas para os traficantes se tornassem mais rígidas do que para os que consomem. Contudo, a superlotação carcerária, tem gerado discussões sobre essas medidas. 

Segundo um levantamento feito pelo Ministério da Justiça e a Secretaria de Administração Penitenciária, o número de presos por tráfico de drogas teve um aumento de 508% somente no estado de São Paulo nos último 12 anos.

A qualidade da cannabis no Brasil

Até o momento, não existem pesquisas sobre a qualidade da cannabis, que é consumida de forma clandestina no país. Para Dave Coutinho, ativista na legalização da Cannabis e CEO da revista eletrônica Smoke Buddies, não saber de maneira clara a origem do produto que pode ser usado de forma medicinal ou recreativa, é um dos malefícios da ilegalidade.

 “A cannabis que chega ao Brasil vem de plantações ilegais do Paraguai, onde o cultivo, a colheita, o manuseio e o transporte são realizados sem cuidados e protocolos de segurança e higiene”, disse Coutinho ao Portal Smoke Buddies.

Infelizmente, a falta de processos necessários faz com que a qualidade do produto não seja viável para o consumo.

“Além de não respeitar as etapas de colheita e secagem da planta, causando a proliferação de fungos e bactérias, os cultivadores acabam prensando junto com as flores, alguns galhos, sementes e até insetos presentes na planta.” afirma o cofundador da Smoke Buddies.

Plantas clandestinas para fins medicinais

A Prof. Dra. Virginia Martins Carvalho, docente da Faculdade de Farmácia da UFRJ e coordenadora do Projeto Farmacannabis, afirma que a planta produzida ilegalmente, por não ter controle de qualidade, não apresenta quaisquer dados confiáveis sobre os benefícios para tratamentos de saúde.

“A matéria clandestina pode carregar contaminações químicas e microbiológicas, o que vai além dos limites aceitáveis em relação a segurança da saúde das pessoas.” diz a doutora. 

Segundo a coordenadora, o uso saudável da planta só é possível  em um ambiente de regulação sanitária, diminuindo os riscos de dosagens excessivas e contaminações.

A cannabis prensada disponível no Brasil, tem altos níveis de THC e no caso de tratamentos de convulsões e outras condições, geralmente os compostos mais usados são o CBD e o cânhamo. “Já presenciei casos de mães que compraram extrato clandestino e tiveram aumento no número de convulsões da criança, que provavelmente aconteceu pelo alto teor de tetrahidrocanabinol”, conta a professora.

A Legalização do cultivo seguindo os parâmetros sanitários é fundamento como base para realização de estudos sobre as propriedade medicinais da planta, assim melhorando as condições de consumo. 

Referências

  • smokebuddies
  • portalmundo

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