Camila, que também tem depressão e endometriose, passou a viver hoje uma nova vida. Apesar de ainda sentir dores, não é nada comparado ao que já teve que enfrentar como paciente de fibromialgia
‘O CBD me trouxe a oportunidade de viver’, diz paciente com fibromialgia
Foram quatro anos para Camila Brandão receber o diagnóstico de fibromialgia. E quando ela achou que tinha encontrado uma resposta para as suas dores, a morte da mãe a abalou de tal forma, que a mulher mal conseguia sair da cama.
Camila até já tinha ouvido falar sobre o tratamento com a cannabis, mas nenhum médico acreditava que a planta pudesse ajudá-la de alguma forma. Até que no ano passado, por ironia do destino, ela reencontrou uma antiga psiquiatra que se especializou em cannabis.
A princípio, o óleo feito com a planta serviria para tratar uma depressão crônica que ela tem desde criança. Mas não foi só na saúde mental que a cannabis ajudou. De repente, ela viu as dores da fibromialgia indo embora.
“Eu consigo pegar uma vassoura, eu consigo andar. O canabidiol me trouxe a oportunidade de viver e ser de verdade. Não estou nem aí para os estigmas, me chamam de maconheira.” acrescenta.
Tratar a fibromialgia não é uma tarefa fácil. Até hoje, a doença ainda é uma incógnita para os médicos, que não sabem dizer exatamente o porquê ela acontece. E nem o motivo para atingir principalmente o público feminino.
Os sintomas também são parecidos com várias outras condições, o que faz a doença ser desacreditada até no meio médico. No caso da Camila, por exemplo, foram necessários quatro anos e 10 profissionais diferentes para que o seu diagnóstico fosse validado.
Mas a verdade é que a paciente de fibromialgia sente dores desde os seus 14 anos. Os médicos diziam que o problema era o peso da mochila, que não tinha nada de errado com ela. Com o passar dos anos, as dores só pioraram.
“Eu fiz exame do corpo inteiro. Eu tenho raio X, ressonância, tomografia, um exame que mede o corpo todo também. Eu fui em diversos médicos, em reumato, pai de santo, mãe santo, na igreja eu fiz promessa e nada desse corpo voltar a ser como era.” lembra.
E os remédios também não faziam nenhum efeito. Alérgica a todos os anti-inflamatórios, as suas limitações só aumentavam.
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, estima-se que 2% a 12% da população brasileira possa ter a doença, que pode desencadear ou piorar após traumas psicológicos, como no caso da Camila após saber da morte da mãe.
Sem saber exatamente como lidar com a doença, a mulher começou a seguir a influenciadora Lívia Teixeira, que fala abertamente sobre a doença nas suas redes sociais. Já contamos a história dela aqui. A influenciadora também é paciente de fibromialgia.
Na época, a influenciadora já falava sobre o uso da cannabis como tratamento e Camila queria tentar também. Contudo, os produtos eram absurdamente caros e nem um médico queria receitar. Mas ela não desistiu.
Por coincidência do destino a paciente de fibromialgia reencontrou uma psiquiatra que a atendia através do posto de saúde. Com depressão desde criança, o acompanhamento ocorreu até a profissional ser afastada por questões de saúde.
Mas agora, a psiquiatra, que voltou ao trabalho, tinha se especializado em cannabis e perguntou se ela queria começar o tratamento.
“Não demorou um mês e meio mais ou menos para começar a fazer efeito. Hoje eu consigo pegar uma vassoura, eu consigo andar. Então, o canabidiol me trouxe a oportunidade de viver.” relata. “Esses dias eu comemorei porque subi uma escada correndo”.
Camila sabe que a cannabis não foi um milagre. Ela não pode fazer trilhas como antes e nem forçar demais o corpo. Mas ainda assim, o novo tratamento foi um importante aliado para estabilizar não só a fibromialgia, mas também a depressão e até a endometriose.
“A tristeza profunda e a apatia da depressão diminuíram muito. Tô convivendo bem melhor com isso”, diz. “A minha mente era muito barulhenta. Com o canabidiol, não tem mais barulho, silenciou. É um silêncio que eu consigo pensar, que eu consigo conversar com as pessoas.”
Diagnosticada há dois anos com a condição no útero, ela também percebeu que as dores começaram a sumir. Alguns estudos têm mostrado que a cannabis possui propriedades que regulam a inflamação no tecido uterino.
Produtos feitos com a planta ativam receptores canabinoides da região pélvica. Depois do cérebro, ali é onde se encontra o maior número de terminações nervosas capazes de interagir com as moléculas da cannabis.
Leia também: ‘Eu nunca pensei que largaria os analgésicos’, diz paciente de endometriose
A cannabis pode ajudar no bem-estar do corpo, porque trabalha através de um sistema molecular do organismo, chamado Sistema Endocanabinoide. Ligado em praticamente todo o corpo, ele ajuda a sinalizar quando algo não está indo bem.
Felizmente, a cannabis possui substâncias que se conectam a este sistema, como o CBD (canabidiol), por exemplo. Junto a outras substâncias, a cannabis tem o poder de influenciar na fome, no humor, no sistema nervoso, imunológico e claro, na dor.
Desde dezembro, Camila está descobrindo um novo corpo. Embora não possa correr maratonas, agora tem mais qualidade de vida. A paciente de fibromialgia ainda é companhada por uma equipe multidisciplinar, com ginecologista, psiquiatra, psicólogo e ortopedista.
“A fibromialgia vai estar sempre no meu corpo, só que agora ela é controlada. Agora eu posso fazer as pequenas coisas do dia a dia. Assim como a depressão. E E entendi que elas fazem parte de quem eu sou, mas não estão mais na frente da minha vida.” Relata.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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