Cannabis no tratamento de Câncer de Pâncreas

Cannabis no tratamento de Câncer de Pâncreas

Sobre as colunas

As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Nos últimos anos, muitos produtos à base de cannabis medicinal têm sido usados para tratar os efeitos adversos do câncer e da quimioterapia, como náuseas, perda de peso e dores crônicas. 

Atualmente, pesquisas indicam que o Sistema Endocanabinóide (sistema que a cannabis interage), pode reduzir efeitos causados pelo câncer pancreático e outros tipos de câncer. 

Na verdade, os medicamentos à base de cannabis podem limitar o crescimento e até causar a morte de certas células cancerosas. Inúmeros estudos recentes descobriram que os canabinóides e outros compostos encontrados na planta cannabis podem ajudar no tratamento dos efeitos causados pelo câncer.

Embora sejam necessários mais testes clínicos de alta qualidade que demonstrem segurança e eficácia,  pesquisas com esse tratamento alternativo sem dúvidas são promissoras.

Como a cannabis funciona no tratamento de câncer pancreático? 

Os Sistema Endocanabinoide (SEC) existe em todos os vertebrados e ajuda a regular funções importantes como o sono, dores e apetite. O corpo produz seus próprios canabinóides, que modulam e ativam várias funções. 

Mas como o próprio nome sugere, o Sistema Endocanabinoide também pode ser modulado e ativado pelos canabinóides encontrados na planta cannabis.  

Mas o sistema foi descoberto somente nos últimos 30 anos, por isso os cientistas ainda tem muito para descobrir sobre as inúmeras maneiras pelas quais a cannabis afeta o corpo humano. 

O SEC pode oferecer no futuro, uma opção promissora para o tratamento direto do câncer.

Vários estudos mostram que um canabinoide conhecido como anandamida (produzido pelo corpo)  tem propriedades anti-cancerígenas.

A pesquisa indica que os dois principais receptores endocanabinóides afetam a sobrevivência celular, proliferação e apoptose (morte celular programada), processos que contém a chave para suprimir o câncer pancreático. Isso foi demonstrado em um estudo de 2013, onde os compostos que ativam os receptores interromperam o crescimento e promoveram a degradação das células cancerígenas.

Em particular, os canabinóides que atuam nesses receptores parecem aumentar a produção de ceramida, um composto biológico que causa a apoptose das células cancerosas do pâncreas. Isso foi demonstrado por uma investigação em que a produção de ceramida foi envolvida no apoptose de células cancerosas pancreáticas induzida por THC, o principal canabinoide da cannabis.

Esses efeitos podem explicar o porquê essas células têm níveis mais altos de receptores canabinóides comparado com as células saudáveis. Isso sugere que o corpo está tentando causar a morte dessas células ativando os receptores canabinóides e, ao mesmo tempo, protegendo as células pancreáticas saudáveis, que mantêm os níveis normais do receptor CB, através da apoptose. 

Além disso, canabinóides que agem através dos receptores CB podem ter outros efeitos anticâncer, que inibem a metástase, a propagação das células cancerosas para outras partes do corpo onde elas desenvolvem novos tumores. 

A ativação do SEC pode reduzir o crescimento de novos vasos sanguíneos por tumores metastáticos e suprimir a migração dessas células prejudiciais a saúde .

A ativação de receptores canabinóides também demonstrou estimular a resposta imune contra o câncer, mantendo as células imunes e diminuindo a migração de certas células envolvidas na inflamação relacionada ao problema. 

As evidências atuais sugerem que a ativação do Sistema Endocanabinoide produz efeitos antiproliferativos, pró-apoptóticos, antimetastático e outros efeitos anti-cancerígenos, que podem ser utilizados para suprir e diminuir a progressão do câncer pancreático e outros.

Estudos medicinais sobre cannabis e câncer pancreático.

A pesquisa sobre o uso da cannabis medicinal para tratar o câncer pancreático e outros tipos de câncer está em seus estágios iniciais e na maioria das evidências se restringe a cultura de células e estudos em animais. No entanto, as descobertas atuais podem trazer esperanças. 

  • Um estudos clínico feito em 2006 examinou os benefícios do THC em nove pessoas com tumores cerebrais agressivos. A pesquisa descobriu que o tetra-tetraidrocanabinol impediu a proliferação de tumores celulares em dois pacientes. O tratamento foi considerado seguro e não causou em nenhum efeito colateral forte ou prejudicial à saúde.
  • Um estudo feito em 2017 sobre o mesmo tipo de câncer descobriu que um medicamento à base de canabinóides chamado Sativex melhorou a eficácia dos medicamentos usados em quimioterapia.
  • Uma pesquisa de 2006 descobriu que o consumo de THC ou um composto semelhante ao canabinóide, causou a morte de células cancerosas e que esse efeito foi mediado por um dos receptores endocanabinóides, o CB2. Além disso, foi descoberto que as substâncias reduzem o crescimento de tumores em ratos com câncer pancreáticos e a propagação de células tumorais.
  • Uma revisão de 2019 examinou vários estudos, observando o uso de canabinóides no tratamento do câncer pancreático. Concluindo que os canabinóides podem ser um complemento eficaz para o tratamento de câncer pancreático”.
  • Conclusões semelhantes a de outros pesquisadores. Por exemplo, um artigo de 2018 observou que os efeitos anticâncer dos canabinóides podem aumentar a eficácia dos tratamentos padrão do câncer de pâncreas, como a radioterapia.
  • Além dos canabinóides, a cannabis contém outra classe de compostos que podem ter propriedades anticancerígenas,  os flavonoides. Um estudo de 2013, por exemplo, examinou as propriedades da quercetina, um composto flavonóide encontrado na cannabis e outras plantas. Os pesquisadores descobriram que a quercetina inibiu o crescimento das células cancerosas pancreáticas isoladas e interrompeu o crescimento do tumor em camundongos.
  • Um estudo mais recente da Universidade de Harvard descobriu que, junto com a radioterapia, um flavonóide derivado da cannabis diminui a sobrevivência de células cancerosas pancreáticas isoladas, atrasou a progressão celular, e melhorou a sobrevivência de ratos com câncer pancreática.
  • Outra pesquisa sugere que a mais ingestão dietética de flavonoides reduz o risco de alguns cânceres. Estudos mostram menores riscos com alta ingestão e outros observam que não há nenhuma correlação significativa.

Esse benefício de descoberta se soma ao alívio que os pacientes obtêm com o uso da cannabis ao lidar com os efeitos colaterais da quimioterapia e outros sintomas de câncer, como perda de apetite, náuseas e outros.

Efeitos Internos

As preocupações relacionadas a segurança sobre a cannabis tem sido a principal barreira para seu aumento do uso médico no tratamento de câncer e outros transtornos. Mais, a cannabis é conhecida por causar efeitos colaterais psicoativos como problemas na memória, paranoias, ansiedade, euforia, cansaço, sonolência, boca seca e outros efeitos. 

Dito isso, os primeiros estudos em humanos da cannabis para tratar o câncer e seus sintomas não tem adversos significativos. Embora sejam necessários mais estudos clínicos, em geral, a cannabis é considerada como um meio seguro e com efeitos colaterais menores e passageiros. 

Referências

  • Cannigma

Tags:

Artigos relacionados

Relacionadas