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Cannabis medicinal

Câncer de Colo de Útero: Tratamento com Cannabis Medicinal



20/10/2020


Estudos têm mostrado que os canabinóides da cannabis podem ter efeitos antitumorais, mas você sabe como isso funciona?

Se você está lendo este artigo, provavelmente já ouviu falar do câncer de colo de útero. Ele é o terceiro câncer mais frequente entre mulheres e o quarto em números de morte no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Não é à toa que ele faz parte da campanha de prevenção do Outubro Rosa. Segundo o INCA, a estimativa de casos para 2020, é de mais de 16 mil.

Felizmente, ele pode ser descoberto através de exames de rotina em sua fase inicial, o que ajuda muito no tratamento.

crédito: shutterstock

O que exatamente é o câncer de colo do útero?

Antes de falar se a cannabis pode ser eficaz ou não, é importante destacar o que é. Também chamado de câncer cervical, pode ser causado por infecções frequentes decorrentes de algum tipo de papilomavírus humano (HPV).

No entanto, esse tipo de infecção acontece o tempo todo, e não provoca doenças graves. O problema, é que em determinadas situações, pode ocorrer algumas alterações genéticas nas células, o que resulta nos tumores.

Na fase inicial, é muito difícil a doença apresentar algum sintoma. O seu desenvolvimento é lento, por isso é importante ir ao médico.

As alterações são facilmente descobertas em exames preventivos, como o Papanicolau, feito principalmente entre os 25 anos até os 65. Quanto mais cedo descobrir, mais chances de ser curado.

Nos casos mais avançados, a doença pode causar:

  •         Sangramentos vaginais que vão e voltam ou até mesmo depois da relação sexual;
  •         Dores abdominais;
  •         Incômodos intestinais ou urinários;
  •         Vagina anormal.

Os tratamentos podem variar entre quimioterapia, radioterapia e até cirurgia.

Prevenção

No entanto, o melhor método para evitar o câncer é a prevenção. O HPV é transmitido durante o sexo, por isso, usar proteção é o melhor caminho.

Outro método preventivo que diminui os riscos de transmissão é a vacina. Desde 2014 o Ministério da Saúde disponibiliza a vacina para meninas, e agora também meninos, contra as principais cepas do vírus, responsáveis por 70% dos casos.

Fatores de risco

Mesmo adotando medidas preventivas como a vacinação, as mulheres não podem se esquecer dos outros 30% de tipos de Papilomavírus, que também circulam por aí.

Além do mais, alguns fatores podem aumentar as chances do desenvolvimento de um possível câncer de útero, como o tabagismo. Ainda segundo o INCA, a doença está diretamente ligada a quantidade de cigarros fumados.

Outras mulheres que precisam ficar alertas, são as mães com mais de três filhos.

A presença de outras doenças sexualmente transmissíveis (DST) também podem ser um fator de risco para contrair o HPV.

Assim como em muitas doenças, quem tem o sistema imunológico mais fraco, também tem chances do HPV se manifestar.

Outros fatores que também podem ser decisivos, são o uso prolongado de anticoncepcionais ou DIU, o início da atividade sexual precocemente, além de múltiplos parceiros, que aumenta as chances de encontrar alguém com HPV.

É importante lembrar que mesmo se o exame de rotina der negativo, é preciso refazer nos anos seguintes.

Como ele se forma

Todo o tipo de câncer começa com o crescimento anormal e descontrolado das células, e no câncer de colo de útero não é diferente.

 Em condições normais, o processo de divisão celular é ordenado e controlado. Ele é importante para o nosso crescimento e também a regeneração dos tecidos saudáveis depois de adulto.

No entanto, este processo pode sofrer alteração por vários motivos. Isso provoca um comportamento anormal das células, o que a faz se multiplicar descontroladamente.

No caso do câncer de colo de útero, isso acontece de duas maneiras:

  1.       Carcinomas de células escamosas. Esta, é mais frequente e na maioria das vezes, por causa do HPV.
  2.       Adenocarcinomas. Estes são menos comuns, mas não raros. Há casos, em que os dois tipos podem aparecer.

Importante: Estima-se que pelo menos, 90% das mulheres terão contato com algum tipo de papiloma humano em alguma época da vida. Isso não quer dizer que todas possam desenvolver um câncer.

Das mulheres que contraem HPV, apenas 32% podem desenvolver alguma das cepas que causam o tumor.

A cannabis pode ajudar?

Há um tempo, o Instituto Americano do Câncer dos Estados Unidos, admitiu que a cannabis é capaz de matar células cancerígenas. O assunto ganhou grandes repercussões de apoiadores e contrários.

Para entender melhor a ação da cannabis nas células anormais, é preciso entender o que é Sistema Endocanabinóide.

Este sistema é encontrado em todos os mamíferos, e ajuda a controlar a homeostase, ou seja, o equilíbrio de várias funções do organismo, como fome, humor, sistema imunológico e até o sistema nervoso.

Ele trabalha com os canabinóides, que são enviados para ativar os receptores de cada área. Quando ativados, os receptores mostram que algo precisa ser estabilizado.

Se uma pessoa está com febre, por exemplo, é o sistema que avisa o corpo, que começa o processo de esfriamento da temperatura.

Ação dos canabinóides

Os canabinóides não são encontrados apenas no nosso corpo, mas também em algumas plantas, como a cannabis, que quando ingeridos, trabalham de forma similar aos nossos.

Estudos pré-clínicos têm mostrado que os canabinóides da cannabis possuem um comportamento bem peculiar sobre as células. Para promover o equilíbrio, ele destrói as células ruins ao mesmo tempo que protege as células sadias.

crédito: freepik

O mais conhecido é o Canabidiol (CBD), que você já deve ter ouvido falar. Ele tem ações anti-inflamatórias que podem bloquear o crescimento das células.

Os canabinóides têm o poder também de bloquear o crescimento epidérmico, responsável pela divisão exagerada das células, além de prevenir o crescimento de vasos sanguíneos que alimentam o tumor.

Leia também: Câncer de mama: causas, sintomas e tratamentos com Cannabis

Apoptose induzida

O nosso organismo tem o poder de “programar” a morte de células danificadas, que podem provocar algum problema.

Isso é um tipo de manutenção dos tecidos e órgãos, que acontece também quando o organismo é invadido por patógenos ou também quando o DNA sofre alguma lesão.

Chamada de apoptose, a morte programada também pode ser induzida. Isso porque foi descoberto que os tumores também têm receptores, por onde a cannabis pode agir.

O efeito antitumoral dos canabinóides bloqueia a progressão das células cancerosas e inibe a proliferação. Consequentemente isso induz a morte por apoptose ou autofagia, que se caracteriza pelo “suicídio” das células, segundo estudos.

Apesar das descobertas, todas as pesquisas até agora foram feitas em laboratórios ou em animais, portanto ainda são insuficientes para provar a eficácia do fitofármaco.

No entanto, vale ressaltar que muita gente já que experimentou o tratamento alternativo relatou grandes melhoras.

 O assunto ganhou até um documentário, chamado “Maconha Medicinal: cura ou crime?” que mostra a evolução de pacientes que se trataram com a cannabis medicinal.

IMPORTANTE: A cannabis funciona como um complemento alternativo e a sua administração deve ser acompanhada de um médico.

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Tainara Cavalcante

Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.