Cannabis para doenças neurológicas: tremores e Alzheimer

Entenda como a cannabis funciona para doenças neurológicas e veja se ela pode substituir algum outro remédio

Cannabis para doenças neurológicas tremores e Alzheimer

À medida que a população envelhece, aumentam os casos de doenças neurodegenerativas, como Parkinson, tremor essencial e Alzheimer. Estima-se que o número de de casos de demência, por exemplo, tenham dobrado no mundo em 20 anos. 

Essas condições comprometem não apenas as funções cognitivas, mas também os movimentos.  Resultando em sintomas como tremedeira nas mãos, rigidez muscular, perda de memória e dificuldade na comunicação.

Apesar da disponibilidade de medicamentos como o cloridrato de donepezila, muitos pacientes e familiares têm buscado abordagens complementares — entre elas, a cannabis medicinal.

Neste artigo, vamos explorar o papel da cannabis no alívio de sintomas motores e cognitivos, sua comparação com medicamentos tradicionais e os cuidados necessários, inclusive com a saúde bucal.

Tremores e demência: desafios do envelhecimento

Os tremores involuntários, como a tremedeira na mão, estão entre os sintomas mais percebidos no início de doenças como Parkinson e tremor essencial. Já no caso do Alzheimer, as primeiras manifestações envolvem problemas cognitivos, como perda de memória recente, confusão e alterações de comportamento.

Com o tempo, os pacientes enfrentam dificuldade cognitiva progressiva, comprometendo a realização de tarefas simples do dia a dia.

Embora existam tratamentos convencionais para controlar esses sintomas, como medicamentos específicos para o Alzheimer, nem sempre eles são suficientes ou bem tolerados.

Isso tem impulsionado o interesse em terapias complementares como a cannabis, que pode atuar em múltiplas frentes do sistema nervoso.

Cannabis nas doenças neurodegenerativas: o que mostram os estudos

A cannabis possui compostos ativos chamados canabinoides, como o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol), que interagem com o Sistema Endocanabinoide do corpo humano. Esse sistema influencia diversas funções neurológicas, incluindo humor, apetite, dor e controle motor.

Pesquisas iniciais indicam que o CBD, em especial, pode ajudar a reduzir a tremedeira nas mãos, melhorar a qualidade do sono, reduzir a ansiedade e proteger os neurônios contra a degeneração.

Segundo um estudo realizado em 2016 pelo Centro de Saúde Mental da Universidade de Tel-Aviv, em Israel, por exemplo, mostrou que o óleo de cannabis medicinal é uma opção segura e promissora para o tratamento de demências, auxiliando na diminuição de seus sintomas.

Considerando as importantes alterações comportamentais decorrentes da doença, os compostos da cannabis poderiam auxiliar na diminuição da ansiedade, agressividade e depressão entre os pacientes, resultando em uma melhora na qualidade de vida dos mesmos.

Ainda há evidências de que os canabinoides podem ajudar na neuroproteção e na modulação do comportamento, reduzindo agitação e melhorando a interação social.

Parkinson

Em pacientes com Parkinson, estudos demonstraram uma redução significativa da rigidez muscular e dos tremores após o uso de extratos de cannabis.

Em 2017, por exemplo, uma pesquisa publicada no Europan Journal of Pain, mostrou resultados promissores da cannabis nas funções motoras. Os pesquisadores do estudo europeu observaram 20 pacientes antes e depois do uso de CBD.

Cannabis para doenças neurológicas tremores e Alzheimer

Para isso, os cientistas apresentaram questionários e testes sensoriais para medir os avanços. Os pesquisadores perceberam uma melhora não só nas funções motoras, quanto na diminuição das dores relatada pelos pacientes.

Leia também: Deputado Eduardo Suplicy trata Parkinson com cannabis

Apesar dos resultados promissores, a maioria dos estudos ainda é preliminar e de pequena escala. Ainda assim, eles têm sido fundamentais para incentivar mais pesquisas e, em alguns países, até regulamentações específicas para o uso medicinal da planta em doenças neurológicas.

Donepezila ou cannabis? Comparando abordagens

A donepezila é um dos principais medicamentos indicados para o Alzheimer. Seu princípio ativo, o cloridrato de donepezila, atua aumentando os níveis de acetilcolina no cérebro, neurotransmissor associado à memória e aprendizado.

Para entender cloridrato de donepezila para que serve, basta observar sua função: retardar o avanço da demência em estágios leves a moderados.

Contudo, os efeitos colaterais são relativamente comuns. Entre eles, pacientes costumam relatar náusea, dor de cabeça, tontura e até sonolência — o que justifica a dúvida frequente: donepezila dá sono? Sim, esse é um dos efeitos adversos possíveis, principalmente nas primeiras semanas de uso.

A cannabis, por outro lado, apresenta um perfil de atuação mais amplo, influenciando tanto os sintomas motores (como tremores) quanto os comportamentais e cognitivos.

Em alguns casos, ela tem sido utilizada como complemento à donepezila, com o objetivo de potencializar os benefícios e atenuar os efeitos colaterais.

No entanto, qualquer combinação medicamentosa deve ser feita com acompanhamento profissional, considerando fatores como idade, outras comorbidades e a resposta individual de cada paciente.

Riscos, interações e cuidados

Embora a cannabis medicinal seja, em geral, bem tolerada, seu uso não está isento de riscos. Quando falamos sobre THC, por exemplo, os efeitos adversos mais comuns incluem boca seca, alterações no apetite, sonolência e, em alguns casos, ansiedade.

Além disso, é importante observar possíveis interações com outros medicamentos, como antidepressivos, anticoagulantes e antiepilépticos.

Outro ponto que merece atenção é a saúde bucal. Pacientes com doenças neurodegenerativas tendem a descuidar da higiene oral devido à perda de autonomia.

Isso favorece o acúmulo de biofilme dental, uma camada de bactérias que pode levar a gengivite, cáries e infecções. Além disso, o uso de cannabis — especialmente produtos ricos em THC — pode reduzir a salivação, agravando esse quadro.

A odontogênese, que é o processo de formação dos dentes, não costuma ser afetada em adultos. No entanto, alterações no pH bucal e na produção de saliva podem criar um ambiente mais propício à proliferação bacteriana.

Por isso, é fundamental manter o acompanhamento odontológico regular e reforçar os cuidados com a higiene bucal.

Cannabis causa problemas dentais?

Não diretamente. O que pode ocorrer é a redução da salivação, especialmente com o uso de produtos com THC, o que facilita o acúmulo de biofilme dental.

Esse quadro também é comum em pacientes que utilizam medicamentos antidepressivos, antipsicóticos ou anticonvulsivantes. Por isso, quem faz uso de cannabis medicinal deve redobrar os cuidados com a escovação, o uso de fio dental e visitas ao dentista.

A cannabis pode ser uma alternativa?

A cannabis medicinal tem se mostrado uma alternativa promissora no cuidado de doenças neurológicas, como Parkinson, tremor essencial e Alzheimer. Seu uso pode aliviar a tremedeira nas mãos, melhorar o sono, reduzir a agitação e até contribuir com a função cognitiva.

Em comparação com medicamentos como a donepezila, apresenta uma abordagem complementar que deve ser individualizada.

Apesar dos benefícios, o uso da cannabis exige atenção às interações medicamentosas, aos efeitos adversos e aos cuidados com a saúde bucal.

Com o suporte de uma equipe multidisciplinar — incluindo médicos, dentistas e cuidadores —, é possível oferecer mais qualidade de vida a quem enfrenta os desafios do envelhecimento neurológico.

Consulte um médico   

É possível comprar cannabis no Brasil, mas apenas para fins medicinais e com receita. Você pode adquirir através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes.   

Por isso, caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas. Além de auxiliar desde a achar um prescritor até o processo de compra do produto através da nossa parceira Cannect. Clique aqui.