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Você sabe o que é PEA?



24/05/2025


Você sabe o que é PEA

Você sabe o que é PEA

O PEA (PALMITOILETANOLAMIDA), é um derivado de ácido graxo encontrado naturalmente em todo o corpo e apresenta propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e neuroprotetoras, sendo sintetizado sob demanda pelo organismo.  

Ou seja, diante de uma inflamação ou dor, o organismo produz o PEA. Em uma condição crônica de inflamação, suplementar o organismo com este composto pode ser benéfico, sobretudo nas Doenças de Alzheimer e de Parkinson, uma vez que ele promove neuroproteção. 

Ainda, a suplementação com PEA pode ser benéfica pois embora o corpo o produza sob demanda e embora saibamos que alguns alimentos possuam este composto: amendoim, gema do ovo, lecitina de soja – as suas concentrações nesses alimentos são baixas e em alguns casos, dependendo do estado da pessoa a produção feita pelo corpo é insuficiente. 

Como encontrar PEA

O PEA é registrado em alguns países como nutracêutico e suplemento alimentar. No Brasil, segundo a Instrução Normativa – IN n° 76, de 5 de novembro de 2020 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ele foi aprovado como suplemento alimentar, podendo ser encontrado nas farmácias, e com venda livre.  

Podendo ser comprimidos, promovendo atividades anti-inflamatórias/neuroprotetoras e até mesmo sprays via inalatória (manipulados), junto com óleo de copaíba e lavanda promovendo atividade ansiolítica e hipnótica, já que estas outras duas plantas são consideradas canabinomiméticas, pois atuam no sistema endocanabinoide.   

A relevância do PEA é de tal ordem que alguns autores acham que ele pode ser uma alternativa ao CBD! (Clayton et al., 2021). Segundo estes autores, há cerca de 60 anos diversos estudos de farmacologia pré-clínica e clínica vêm demonstrando a atividade do PEA como neuroprotetor nas seguintes doenças e condições: 

  • Dor; 
  • Eczema; 
  • Gripe; 
  • Psicopatologias;
  • Desordens neurodegenerativas;
  • Dano muscular. 

Ainda, segundo este mesmo estudo, algumas meta-análises têm relatado sua eficácia nas condições abaixo com níveis de evidências clínicas comparáveis àqueles do CBD: 

  • Depressão;
  • Manejo de dor;
  • Condições neuro inflamatórias. 

Mas afinal qual a relação do PEA com o Sistema Endocanabinoide? 

Uma das formas é aumentando os níveis do endocanabinoide anandamida no sistema endocanabinoide porque inibe a enzima que o degrada, a FAAH (amida hidrolase de ácido graxo). Por isso é conhecido como um mediador desse sistema ou também conhecido como canabinomimético. 

O PEA também liga-se aos receptores: 

PPAR-α – Ativando este receptor, regulando dor e inflamação; e aumentando a expressão dos receptores CB2. 

TRPV1 – Ativando este receptor, regulando dor e inflamação; e aumentando os níveis dos endocanabinoides anandamida e 2AG. 

 GPR55 e GPR119 – Ativando estes receptores, regulando a dor. 

Por fim, os estudos publicados até o momento apontam para a segurança desse composto, podendo ser uma boa alternativa como suplemento alimentar, sobretudo em casos crônicos de inflamação e dor, para os pacientes que necessitam de neuroproteção, sobretudo nas doenças neurodegenerativas. 

Referência: 

Clayton, P., Subah, S., Venkatesh, R., Hill, M., & Bogoda, N. (2023). Palmitoylethanolamide: A potential alternative to cannabidiol. Journal of dietary supplements, 20(3), 505-530. 

Se você quer saber mais sobre esse assunto, assista ao episódio PEA do canal do Youtube “CANABinALL: tudo sobre canabinoides” (https://www.youtube.com/@canabinall), pois lá explico em maior profundidade o tema. 

 

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Eliana Rodrigues

Bióloga com mestrado em Geografia pela Universidade de São Paulo. Doutorado e pós-doutorado pela Escola Paulista de Medicina. Desde 1995, vem desenvolvendo mais de 40 projetos de etnobotânica entre indígenas, afro-brasileiros, ribeirinhos amazônicos, com foco em substâncias psicoativas; somando cerca de 70 publicações. É professora titular e coordenadora do Centro de Estudos Etnobotânicos na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Atualmente, vem desenvolvendo atividades de divulgação científica sobre a Cannabis sativa L., por meio do Canal do Youtube “CANABinALL: tudo sobre canabinoides", e pelo curso “O Uso Terapêutico da Cannabis sativa L.”, ambos pela UNIFESP. Desde 2004 vem organizando simpósios, cursos, audiovisuais e realizando pesquisas na área desta planta.