Tricomas: Você sabe o que são e para que servem?

Tricomas: Você sabe o que são e para que servem?

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Quando se trata de cannabis, há um pouco mais do que aquilo que se vê a olho nu. Muitas coisas precisam ser descoberta sobre a planta e uma delas são aqueles pequenos cristais que sempre parecem cobrir suas folhas e brotos.

A produção de tricomas está presente em muitas espécies de plantas encontradas na natureza, assumindo várias formas físicas e com muitos propósitos diferentes.

Por exemplo, há tricomas que podem ser encontrados em algumas plantas carnívoras, que pode ajudar a capturar presas. Existem tricomas em diversas plantas, inclusive na cannabis.

O que são tricomas?

Quando vemos por foto, parecem pequenos cristais, ou até gotículas de água. Mas na verdade os tricomas são estruturas bastante parecidas com “cabelinhos” na planta, que concentram a maior parte dos canabinoides, como THC e CBD, e terpenos presentes nessa erva.

Os tricomas tendem a ser brilhantes, pegajosos e sempre carregam um forte aroma. Ao olhar mais de perto, é possível perceber que esses cobertores de geada são abundantes nas plantas.

Essas pequenas protuberâncias microscópicas são semelhantes a cogumelos. Mas na verdade, elas são as próprias fábricas que produzem centenas de canabinóides, terpenos e flavonoides.

São os eles que tornam as linhagens de cannabis favoritas potentes, únicas e eficazes.

A produção de tricomas não é exclusiva da cannabis, como citamos no inicio, eles são bastante comuns em algumas espécies, como plantas carnívoras.

Os diferentes tipos de tricomas

Os tricomas existem em várias formas e tamanhos, mas há três principais que aparecem frequentemente nas plantas de cannabis, estes incluem:

  • Tricomas bulbosos: São os menores e aparecem na superfície de toda a planta. Eles são tão pequenos que acabam sendo suficientes para ser composto apenas por um punhado de células;
  • Tricomas capitulares: São um pouco maiores e contêm cabeça e pedúnculo (região que antecede a flor ou o fruto). Estes tricomas são um pouco mais numerosos que seus irmãos bulbosos, mas não são tão fortes;
  • Tricomas com caules: Eles variam de 50 a 100 micrômetros de largura, o que significa que são muito maiores e podem ser vistos a olho nu.Sua estrutura tem uma haste composta por células epidérmicas e hipodérmicas acumuladas em uma célula basal (espaço entre os tecidos), que se liga a uma grande espécie de “cabeça” da glândula. Essa cabeça, se está unida a uma camada de cutícula cerosa (cobertura de cera ), serve como epicentro do ponto de partida de canabinóides e terpenóides.

Todos os três tipos de tricomas produzem canabinóides. Embora uns apareçam mais do que os outros dentro e ao redor dos cálices das flores produzindo a maior concentração de óleos essenciais devido ao seu tamanho.

Os tricomas e a cannabis

Na cannabis os tricomas funcionam como um mecanismo de defesa. Quando as plantas femininas começam a produzir flores, elas geralmente ficam vulneráveis diante de vários insetos e animais e também aos ambientes que contêm muito raios UV que podem causar prejuízos. 

Os tricomas são uma barreira para os animais, pois seu sabor amargo e aromas fortes tornam as flores de cannabis desagradáveis. Ao mesmo tempo eles também protegem suas plantas dos ventos prejudiciais e até de algumas do crescimento de fungos.

Produção e ciclo de vida dos tricomas

O inicio do surgimento de canabinóides no tricoma começa quando as plantas de cannabis entram na fase de floração.

Assim que eles começam a produzir flores, os tricomas se formam ao longo da superfície externa da vegetação e começam a transportar estruturas celulares e plastídios (grupo de organelas encontrados nas células) de seu caule para a cabeça da glândula.

Neste momento, as células dentro da cabeça da glândula começam a metabolizar e formar precursores que se tornam canabinóides.

A taxa e a concentração em que uma planta de cannabis produz tricomas dependerá de alguns fatores, como a genética e o ambiente.

Apesar das plantas que têm concentrações mais altas de tricomas nem sempre produzirem a maior concentração dos compostos como a exposição a luz UV afeta bastante a síntese de canabinóides e terpenos na cabeça do tricoma.

Geralmente, as plantas que recebem mais luz produzem concentrações mais altas de canabinóides, embora em muitos casos essas reações sejam específicas da cepa.

O ciclo de vida de um tricoma está ligado ao da planta, tornando o monitoramento muito valioso para os agricultores.

Na maioria das vezes, no momento de maturação eles alteram a sua cor clara para um branco nublado e, depois, um tom âmbar.

Essa mudança de cor dentro de uma cabeça de tricoma representa seu pico de maturação, onde os agricultores costumam utilizar esse ponto como um sinal para a colheita. Pois é o nível em que o tricoma alcançou a maturação total e começa a se degradar a partir deste momento.

É importante saber que nem todas as cepas de cannabis são iguais e alguns tricomas apresentam diferentes maturações. No entanto, a coloração do tricoma permanece padrão para determinar o tempo de colheita para a maioria das linhagens.

Seja em uma videira ou colheita, os tricomas são incrivelmente voláteis (passam do estado líquido ao estado de vapor ou gasoso) e correm o risco de destruição ou degradação nas mãos de muitos catalisadores, incluindo:

  • Contato físico ou agitação;
  • Calor;
  • Luz;
  • Oxigênio;
  • Tempo.

Não somente os tricomas correm o risco de serem danificados quando expostos a essas condições, mas os óleos essenciais dentro também. Existem maneiras de diminuir drasticamente a degradação, manuseando cuidadosamente as flores de cannabis durante o cultivo e a pós-colheita. 

Ao limitar o contato físico e a agitação das flores, os tricomas podem ser preservados na planta por períodos mais longos. As técnicas apropriadas de aparar, secar e curar podem ajudar a manter os tricomas viáveis por mais tempo, o que pode ajudar a preservar os canabinoides e terpenoides contidos nele.

Para os que desejam prolongar a vida dos tricomas além da das plantas, geralmente recorrem a técnicas de extração. Uma extração nesse caso pode ser definida como o processo de remover tricomas da própria planta. Existem inúmeros métodos e técnicas para extrair do material vegetal.

Os tricomas de cannabis realmente merecem ser aplaudidos por seu papel importante, não apenas na proteção de uma planta cannabis, mas também ao fornecer uma condição de fabricação única para diversos benefícios medicinais e terapeuticamente conhecidos através da planta.

Os agricultores experientes em cannabis sabe bem a importância da preservação dos tricomas. Com os cuidados necessários e dedicação, os tricomas agrícolas são e continuarão a ser o futuro da descoberta dos grandes mistérios medicinais e terapêuticos da cannabis.

Cultivo da cannabis no Brasil

O cultivo orgânico de cannabis é pouco praticado no Brasil por motivos óbvios: a proibição da cannabis, com o risco de ser preso simplesmente por cultivar uma planta. A pena para flagrante, pode levar de até 15 anos de prisão.

Para uso medicinal, somente mediante a autorização judicial e a importação só pode ser feita com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O cultivo deve ser feito com autorização da justiça estadual, seguindo uma série de requisitos.

Consulte um profissional

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

Caso precise de ajuda, disponibilizamos um atendimento especializado que poderá esclarecer todas as suas dúvidas, além de auxiliar na marcação de uma consulta, dar suporte na compra do produto até no acompanhamento do tratamento. Clique aqui.

Referências: 

  • Leafly

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