Risperidona X Cannabis: É possível substituir? Efeitos, interações e comparativos

Risperidona X Cannabis: É possível substituir? Efeitos, interações e comparativos

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

Se você já pensou em substituir a risperidona por cannabis medicinal, saiba que isso já está acontecendo. E os resultados são positivos.

Risperidona X Cannabis: É possível substituir? Efeitos, interações e comparativos
Foto: Freepik

Se você está lendo este artigo é porque já ouviu falar (ou até utiliza) a Risperidona, não é mesmo? O remédio é comumente utilizado para tratar sintomas de autismo e alguns distúrbios mentais, como esquizofrenia e transtorno bipolar. 

Mas a novidade é que além da Risperidona, alguns psiquiatras têm utilizado produtos à base de cannabis junto ao remédio e até trocado o medicamento pela cannabis. Mas será que isso é possível?

Para responder essa pergunta, conversamos com o psiquiatra Jairo Coutinho França para entender como isso funciona. Além de psiquiatra, o médico também é psicoterápico e psicossomático e prescreve cannabis há dois anos. 

O que é Risperidona mesmo?

Primeiro, é preciso entender exatamente o que de fato é a Risperidona. Talvez você até faça o uso do medicamento, mas não tenha a dimensão das patologias que ele pode tratar ou como funciona. 

Então vamos lá:

A Risperidona está na classe de antipsicóticos atípicos e serve para auxiliar no equilíbrio e na restauração dos neurotransmissores do cérebro, como a serotonina e a dopamina, que são responsáveis pelo humor. 

O papel do remédio é atuar nos receptores do cérebro associados à dopamina e assim, evitar a atividade excessiva na região do cérebro e começa a funcionar em até duas semanas. 

O remédio é indicado para o tratamento de transtornos mentais, como esquizofrenia, alucinações e psicose. Mas ele também pode ser útil para condições como:

  • Transtorno Bipolar; 
  • TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo);
  • Sintomas de Autismo (como irritabilidade, mudança de humor e automutilação);
  • Estresse Pós-Traumático;
  • Síndrome de Tourette;
  • Transtorno Depressivo.

Efeitos colaterais

Apesar de ser bastante efetivo, a Risperidona pode resultar em uma série de efeitos colaterais, como:

  • Boca seca;
  • Azia; 
  • Náusea;
  • Ganho de Peso;
  • Aumento do apetite;
  • Prisão de ventre;
  • Vômito;
  • Diarreia;
  • Aumento da saliva;
  • Ansiedade;
  • Agitação;
  • Inquietação;
  • Pesadelos;
  • Insônia;
  • Amenorreia;
  • Perda de libido ou diminuição da capacidade sexual;
  • Dores articulares ou musculares;
  • Fadiga;
  • Tontura;
  • Inflamação na garganta;
  • Infecção nas vias aéreas superiores;
  • Tremores;
  • Problemas de visão;
  • Aumento de açúcar no sangue;
  • Pele seca ou descamação.

Uma boa notícia é que estes sintomas costumam desaparecer em algumas semanas. Por outro lado, o remédio também pode resultar em efeitos colaterais mais graves, como desmaios, tonturas graves e até convulsões.  

Cannabis X Risperidona

O óleo de cannabis tem sido cada vez mais usado no Brasil para uma série de condições médicas, que vão de ansiedade a crises epilépticas. Principalmente por causa da alta efetividade e poucos efeitos colaterais. 

Ele trabalha através do chamado Sistema Endocanabinoide e ajuda a regular a homeostase, ou seja, o equilíbrio de várias funções do corpo, como sono, fome e claro, o humor. O que pode ajudar no comportamento atípico do paciente. 

Por isso ela também pode ser útil para tratar as condições que são tratadas com a Risperidona. Se o remédio atua nos neurotransmissores, a cannabis pode ser útil para sinalizar aos receptores que é preciso restaurar o equilíbrio das funções. 

De acordo com o dr. Jairo, a cannabis tem mostrado resultados promissores em seus pacientes em pouco tempo. A planta se mostrou útil para pacientes com sintomas de autismo, TDAH (Trastorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) e até em comportamentos atípicos de pacientes com Alzheimer

Interação 

Contudo, o psiquiatra diz que é preciso ter cuidado ao administrar os dois remédios. Isso porque ambos são metabolizados pela mesma enzima do fígado, o que pode resultar em na potencialização dos efeitos colaterais, como hipotensão e confusão.

“O uso da Risperidona em conjunto com a maconha também pode aumentar os efeitos colaterais, como tonturas, sonolência, confusão e dificuldade de concentração”, complementa.

Por isso, é recomendado que haja um intervalo de, pelo menos, duas horas entre um e o outro.  

O Dr. Jairo também destaca que o cuidado precisa ser ainda maior ao administrar os dois medicamentos em idosos, pois pode afetar processos cognitivos e a coordenação motora. “A regra é ir devagar e acrescentar a cannabis aos poucos”, ressalta. 

Substituição

O Dr. Jairo ressalta que é muito difícil falar em substituição, pois a troca dos medicamentos acaba se tornando uma consequência. 

Segundo ele, quando a cannabis começa a mostrar os resultados, o paciente pode ir reduzindo os demais medicamentos até ficar apenas com o extrato da planta.“Uma coisa não substitui a outra, mas quando o problema é tratado, o outro remédio pode se tornar dispensável”, diz. 

Isso sem contar que a  cannabis é mais vantajosa, pois é uma opção mais natural e produz menos efeitos colaterais que a Risperidona.

E parece que o médico psiquiatra, tem visto isso acontecer em seus próprios pacientes, principalmente aqueles com autismo. Portanto, considera a cannabis extremamente útil e capaz de desprescrever antipsicóticos.

Consulte um profissional

É importante ressaltar que qualquer produto feito com a cannabis precisa ser prescrito por um profissional de saúde habilitado, que poderá te orientar de forma específica e indicar qual o melhor tratamento para a sua condição.

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