Testes de laboratório não servem só para saber a composição dos produtos de cannabis, mas também para garantir a qualidade e procedência do tratamento
Exemplo de teste de pesticidas de uma amostra de colheita. Foto: Envato
Um estudo recente publicado no Journal of Cannabis Research chegou a uma curiosa conclusão: a maioria dos produtos de cannabis medicinal disponíveis no Brasil não demonstra com clareza seu controle de qualidade.
Segundo a pesquisa, quem demonstra mais transparência são os medicamentos de cannabis vendidos na farmácia, porque atendem aos requisitos da Anvisa e apresentam padrão na rotulagem dos produtos, além de bulas com informações básicas.
Já os importados, que não têm esta obrigação rigorosa, acabam omitindo ou negligenciando essas informações. Neste artigo você descobrirá como se garante a qualidade dos produtos de cannabis, para que ele ofereça um tratamento que funcione.
Durante a fabricação de um produto de cannabis, problemas de origem diversa podem afetar a composição dos produtos, desde a plantação, até a extração da matéria prima e seu processamento.
Os testes de qualidade dos produtos de cannabis são essenciais para apontar problemas que devem ser resolvidos antes do produto chegar ao consumidor.
Quando o produto está dentro de especificações, o tratamento tem mais garantia de segurança e efetividade, pois há certeza da quantidade de canabinoides e outros componentes que podem influenciar na eficácia do tratamento.
Mulher trabalhando em laboratório de cannabis, separando flores. Foto: Envato
Por não haver uma lei brasileira que obrigue as marcas disponíveis no mercado a passar por um teste de qualidade, a confiança destes produtos está assegurada por testes feitos por laboratórios idôneos, contratados pelos próprios fabricantes, em seus países de origem.
São estes relatórios que dão a certeza de que o produto está dentro de especificações técnicas, a fim de gerar segurança para o tratamento, pois garantem que a quantidade de canabinoides e demais componentes realmente estão presentes no produto.
Existem alguns certificados emitidos por autoridades do Brasil, Estados Unidos e União Europeia que atestam a qualidade do produto de cannabis específico para seu tratamento. Continue lendo para descobrir:
A sigla deriva de Certificate of Analysis, Certificado de Análise em português. É um documento oficial que se assemelha a uma tabela de informações nutricionais. As informações presentes no CoA são, acima de tudo, uma medida de segurança do produto. Um CoA mostra, essencialmente, a composição, a qualidade e potência do composto, assim como a presença ou ausência de substâncias contaminantes ou metálicas.
Selo de Boas Práticas de Fabricação
GMP é a sigla para Good Manufacturing Practices, ou seja, Boas Práticas de Fabricação. É um conjunto de normas e diretrizes que estabelecem requisitos mínimos para garantir que produtos sejam fabricados de forma segura, consistente e com qualidade. As GMPs asseguram conformidade com legislações e regulamentos locais e internacionais.
Selo de Boas Práticas Agrícolas e de Colheita
GACP é a sigla para Good Agricultural and Collection Practices, ou seja, Boas Práticas Agrícolas e de Colheita. É um conjunto de normas e diretrizes que estabelecem procedimentos para o cultivo, colheita e processamento inicial de plantas medicinais, aromáticas e outras culturas específicas, com o objetivo de garantir a qualidade, segurança e rastreabilidade dessas matérias-primas vegetais.
O certificado de rastreabilidade da semente é um documento oficial que atesta a origem e todo o histórico da semente de cannabis, desde sua produção até a comercialização. Esse certificado garante que a semente possui procedência legal, e que todas as etapas de sua cadeia produtiva (colheita, beneficiamento, armazenamento, transporte e distribuição) foram devidamente registradas e monitoradas.
Certificado de armazenamento são documentos ou atestados que comprovam que um armazém, depósito ou centro de distribuição atende a normas técnicas, regulatórias e de boas práticas para guardar mercadorias, matérias-primas ou produtos acabados.
Essas certificações variam conforme o setor (alimentos, medicamentos, produtos químicos, etc.), mas, no geral, atestam que o armazém tem controle de temperatura, umidade, higienização, dedetização e condições físicas seguras (estrutura, ventilação, iluminação, etc.).
Já as certificações de transporte garantem que empresas ou veículos de transporte cumpram normas de qualidade, segurança e rastreabilidade no deslocamento de mercadorias, sejam elas perecíveis, perigosas, controladas ou comuns.
Leia também: Bula e Certificado de Análise (CoA): principais diferenças
Produtos testados garantem a tranquilidade tanto dos prescritores quanto dos pacientes.
Em um mercado em crescente evolução, onde novas marcas e formatos surgem diariamente, é natural que surjam dúvidas sobre quais recursos considerar para o seu tratamento. Então, não controlar a qualidade destes recursos é expor seus usuários à muito risco .
Quando os produtos são acompanhados da maior quantidade de testes possível, fica claro que seus usuários não estão expostos a produtos nocivos, contaminados ou que possam causar reações adversas.
Portanto, é fundamental se informar sobre os testes aos quais o medicamento foi exposto, e nunca comprar produtos de origem duvidosa ou sem os testes adequados.
Lucas Panoni
Jornalista e produtor de conteúdo na Cannalize. Entusiasta da cultura canábica, artes gráficas, política e meio ambiente. Apaixonado por aprender.
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