Assim como em qualquer problema de saúde, os transtornos mentais também precisam ser cuidados para não piorar
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o país com mais ansiosos do mundo, com quase 10% dos brasileiros com o transtorno. Contudo, será que a condição também pode virar depressão?
A resposta infelizmente é sim. Segundo a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), quando não tratada, a ansiedade pode desencadear uma depressão. Embora condições diferentes, elas frequentemente acontecem juntas e ocorrem em um ciclo vicioso de sofrimento emocional.
Inclusive, uma pode ser um sintoma da outra. A frustração causada pela ansiedade, por exemplo, aumenta o risco de desencadear depressão. A falta de disposição para fazer o que precisa ser feito, também causa ansiedade.
Alguns psiquiatras consideram a ansiedade como uma adaptação ruim ao estresse crônico, em que a depressão é o esgotamento dos mecanismos de enfrentamento desse estresse.
Como um estudo realizado na Suíça. Pesquisadores acompanharam 10 mil jovens durante 30 anos e perceberam que quatro em cada cinco casos de depressão na vida adulta ou no início da vida adulta, surgiam devido a um transtorno de ansiedade maltratado ou não tratado.
O que também pode explicar o aumento de 25% dos transtornos mentais durante a pandemia de Covid-19. A junção das preocupações sobre o que estava acontecendo, o isolamento social e a recusa em buscar ajuda, podem ter aumentado os casos de depressão.
Mas o problema é muito mais complexo e pode envolver ainda, fatores biológicos, como desequilíbrios químicos no cérebro,
De acordo com a Universidade de Harvard, há alguns estudos científicos que apontam a existência de uma relação anatômica entre os dois transtornos. As pesquisas ainda incluem a dor nesse combo.
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Pessoas com condições como dores crônicas, como fibromialgia, enxaquecas e dores neuropáticas são afetadas pela mesma área do cérebro que regulam as emoções e respostas ao estresse.
Além disso, os neurotransmissores serotonina e norepinefrina, que contribuem para a sinalização da dor, também estão envolvidos com a ansiedade e a depressão.
Dessa forma, é necessário que, quando diagnosticado, um transtorno mental receba todo o cuidado para não piorar. Principalmente com acompanhamento psicológico, que vai ajudar a se entender melhor e administrar as emoções.
Outros hábitos também podem ajudar, como exercício regular, alimentação saudável, sono adequado e até técnicas de relaxamento.
De acordo com um artigo publicado na revista científica Nature Mental Health, que avaliou dados de quase 290 mil pessoas durante nove anos, simples hábitos como comer de forma melhor, praticar atividade física e um sono de qualidade, reduziram em 22% o risco de depressão.
Em alguns casos, os medicamentos também podem ser bastante úteis para ajustar hormônios e neurotransmissores, como a cannabis. Através de um mecanismo chamado Sistema Endocanabinoide, a cannabis pode ajudar na neuromodulação do Sistema Nervoso central.
Ou seja, é capaz de regular aspectos emocionais, cognitivos, nervosos e motivacionais das pessoas, pois influencia os neurotransmissores como a serotonina e a dopamina.
Em 2018, por exemplo, a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (FCFRP) administrou a cannabis em mais de 300 ratos com sintomas depressivos. Os resultados foram uma remissão dos sintomas no mesmo dia e permanência dos efeitos por uma semana inteira.
No Brasil, a cannabis é aprovada apenas para fins medicinais e só pode ser comprada com receita. Atualmente, ela pode ser adquirida através de importações, nas farmácias e até por associações de pacientes.
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Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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