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Cannabis na Mídia

Webinar discute cannabis no Brasil e mundo dos negócios



15/05/2020



O evento online contou com a participação de seis investidores e engajados no mercado e a visão deles para o futuro

A segunda edição do Webinar da Folha de S. Paulo foi transmitida ao vivo na última quarta-feira (13) no canal do youtube da TVFolha, desta vez, com o foco em negócios e investimentos. Um dos principais temas abordados foi o cenário brasileiro, e quando o país estará pronto para receber a indústria de cannabis.

No primeiro painel, estavam presentes o fundador do portal sobre cannabis Sechat e também investidor no mercado Daniel Jordão; o neurocirurgião Pedro Pierro que tem uma clínica voltada para o tratamento com o uso da cannabis medicinal; e Marcelo Vita Grecco, fundador da The Green Hub, um negócio que mostra diferentes caminhos no setor.

No segundo tempo, para falar sobre investimentos neste nicho, participaram Patrick Lane, da empresa americana de fundo de Investimentos Bezinga, que falou um pouco sobre o cenário lá fora; George Waschsmann, da Vitreo, que também tem uma companhia de investimentos mais voltada para o Brasil; e José Barcellar, fundador da VerdeMed, uma empresa canadense de cannabis medicinal.

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Relevância

Um assunto bastante discutido nos dois painéis foi a questão do cultivo. O Brasil ainda proíbe o plantio de cannabis, por isso, toda a matéria prima deve ser exportada de países como o Canadá, o que deixou o único produto legal de canabidiol a um preço superior a dois mil reais, pouco acessível para boa parte da população.

Pedro Pierro destacou que por causa do valor elevado, muitos brasileiros acabam comprando pela internet, sem saber a procedência e os níveis de substância do produto. Por isso, produzir no Brasil seria muito mais viável, ou pelo menos exportar da América do Sul.

Isso sem contar com a oportunidade econômica, mais de 40 países que cultivam cannabis estão gerando dinheiro e emprego. Os nossos vizinhos colombianos, por exemplo, legalizaram a planta em 2016, e já tem uma estimativa de 50 milhões aos cofres públicos até 2025.

Muito além da planta

Marcelo Vita Grecco destacou outros nichos a serem investidos além de plantar ou vender cannabis. Como a integração da tecnologia, com a possibilidade de manipulação das sementes para criar uma variedade de produtos, essa convergência tecnológica envolve outros ecossistemas, como cientistas, médicos e laboratórios e indústrias de vários outros seguimentos.

Pierro acrescenta que a tecnologia vai gerar mais segurança e eficácia, um campo do mercado que precisa ser mais explorado. A cannabis medicinal, por exemplo, não trata apenas uma determinada doença, mas todo um sistema do corpo. “Não é só uma oportunidade de negócio, mas de mudanças de pensamentos.”

Grecco ressalta também que o Brasil tem o potencial de fazer mais de 20 mil produtos de cannabis, esta é uma das poucas plantas que é 100% utilizada. “diferente da cana de açúcar, que prejudica o a terra, a cannabis tem a função de até limpar o solo”.

George Waschsmann complementa que se a cannabis for produzida no Brasil, as grandes empresas de farmácias vão acabar comprando este mercado, como a indústria alimentícia e outros seguimentos já compraram nos Estados Unidos e Canadá.

No entanto, Daniel Jordão diz que apesar de ser um negócio rentável, já há muita gente atuando e é preciso ter cautela. Mas ele acrescenta que o mercado de cannabis é uma cadeia de investimentos, que envolve advogados, cursos e especialistas; e quem quiser investir neste setor, deve sair do óbvio. “Tem que pensar fora da caixa”.

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o fundador do portal sobre cannabis Sechat e também investidor no mercado Daniel Jordão; o neurocirurgião Pedro Pierro que tem uma clínica voltada para o tratamento com o uso da cannabis medicinal; e Marcelo Vita Grecco, fundador da The Green Hub

Resultados

Todos destacam que investir cannabis no Brasil é saber que os resultados vão demorar para aparecer. O país ainda é muito restrito e só poderá operar de fato, depois de uma legislação que envolva o plantio. “Temos que avaliar se seremos apenas espectadores ou atores principais neste mercado” destacou Barcellar. Para ele, o Brasil é um dos principais países agrícolas do mundo e com as condições perfeitas para o plantio.

Fala reforçada também por Pierro, ele ressalta que o Brasil ainda está atrasado pensando em legalização, enquanto tantos outros países já fazem cosméticos, roupa, comida e até suplementos para pets.

Uma estimativa, segundo Waschsmann, para os próximos cinco a dez anos. No entanto, ele não destaca a visão do Brasil como um potencializador do mercado de cannabis.

Resistência

O problema é que o Brasil ainda vê a planta com maus olhos. Isso dificulta a aceitação e até um possível público nacional. Grecco destaca que os investidores precisam começar com produtos sem teor de THC, para quebrar um pouco do preconceito.

Pedro Pierro destaca que plantar cânhamo, por exemplo, que tem um baixo teor de THC, traria uma chance de desvio para outras finalidades muito baixas, uma vez que o narcotráfico visa os efeitos psicóticos da cannabis. Ele acrescenta ainda que seria uma opção rentável pós crise de COVID-19 como foi no Líbano.

 Barcellar complementou dizendo que a aceitação não foi fácil em muitos países, mas que hoje lucram com a planta. “Investir em cannabis é acreditar que a tendência que passou pelos Estados Unidos e Canadá também vai passar por aqui”.  Ele acredita que o que vai alavancar o Brasil é a indústria agrícola.

No Porém, o assunto precisa ganhar uma visão política, Washcsmann acredita que a pauta precisa de mais voz no congresso. Atualmente, há um projeto de lei sobre o cultivo que ainda está sendo avaliada.

Grecco destaca que os investidores não precisam começar de cima, se conseguir aprovar pequenos projetos, é possível mostrar para os brasileiros as vantagens da cannabis, principalmente para o uso medicinal.  “A nossa função agora é de educadores, mostrar para o mundo as vantagens de plantar cannabis no Brasil”.

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Patrick Lane, da empresa americana de fundo de Investimentos Bezinga, que falou um pouco sobre o cenário lá fora; George Waschsmann, da Vitreo, que também tem uma companhia de investimentos mais voltada para o Brasil; e José Barcellar, fundador da VerdeMed.

Mercado forte

Os entrevistados destacaram também que, embora o mercado não estivesse indo bem antes da crise, não foi afetado negativamente depois do Coronavírus. Países como os Estados Unidos se surpreenderam com o aumento de demanda durante a quarentena.

 O país classificou a cannabis como produto essencial e ela estava sendo entregue até por delivery. Patrick Lane complementou dizendo que as empresas estão se reinventando e isso está trazendo um amadurecimento para o novo mercado.

No entanto, apesar do Brasil estar atrasado, todos os convidados destacam que o negócio de cannabis até então, está no início e ainda há espaço para a atuação do Brasil.

Para saber o que foi discutido na primeira edição do webinar sobre o assunto, clique aqui.

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Tainara Cavalcante

Jornalista pela Fapcom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós graduanda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.