O Zimbábue está tentando se afastar do tabaco e vê a cannabis como sua próxima fonte de renda.
A Autoridade de Controle de Medicamentos do Zimbábue disse na última terça-feira que agora está aceitando candidatos a produtores, fabricantes, importadores, exportadores e farmacêuticos de cannabis e cânhamo.
O órgão especificou uma série de condições para requerentes, aconselhando-os a apresentar amostras de produtos e “certificados de análise de um laboratório credenciado especificando as quantidades das partes ativas de canabidiol (CBD) e quaisquer vestígios de tetrahidrocanabinol (THC) como parte das informações no dossiê”.
“Quaisquer produtos à base de CBD que não atendam aos critérios podem não ser aprovados para distribuição e serão confiscados. Além disso, os vendedores podem ser processados por vender medicamentos não aprovados”, alertou a Autoridade de Controle de Medicamentos.
O Zimbábue legalizou o uso medicinal da cannabis em 2018, tornando-se um dos primeiros países da África a fazê-lo.
A política foi motivada por fatores econômicos. Por muito tempo a principal exportação do país, as vendas de tabaco caíram em todo o mundo, forçando agricultores e legisladores no Zimbábue a repensar sua agricultura.
O país arrecadou US $819 milhões em receita com o tabaco no ano passado, segundo a Bloomberg, embora a expectativa é de que “a demanda por cannabis continue a crescer, enquanto a produção de tabaco [do país] globalmente pode diminuir 15% até 2030”.
Os líderes da indústria encorajaram os produtores de tabaco do país a plantar cannabis para que um quarto de seu lucro venha da planta até 2025.
Cannabis pode ser uma alternativa para o antitabagismo em Zimbábue
Em 2019, o Zimbábue aboliu a proibição do cultivo de cannabis, preparando o terreno para agricultores do país começarem a cultivar cânhamo industrial para exportação. Nesse mesmo ano, o país emitiu a primeira licença para uma empresa de cannabis medicinal iniciar o cultivo.
No ano passado, o Zimbábue exportou 30 toneladas de cânhamo industrial para a Suíça, sua primeira incursão no mercado europeu.
Em maio, o presidente do país, Emmerson Mnangagwa, encomendou uma fazenda produtora da planta e uma unidade de processamento de cannabis para fins medicinais no valor de US $27 milhões, a serem administradas pela Swiss Bioceuticals Limited, na Província Ocidental.
“Este marco é um testemunho dos sucessos da Política de Engajamento e Reengajamento do meu governo. Demonstra ainda a confiança que as empresas suíças têm em nossa economia por meio de seus investimentos contínuos no Zimbábue”, comenta o governante.
Com especialistas prevendo que a indústria global de cannabis valerá US $272 bilhões até 2028, a Reuters informou que as autoridades do Zimbábue disseram que “o país quer, pelo menos, US $1 bilhão disso” – mais do que atualmente ganha com o tabaco, seu principal produto de exportação agrícola”.
Arthur Pomares
Jornalista e produtor de conteúdo da Cannalize. Apaixonado por café, futebol e boa música. Axé.
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