Um dos grandes nomes da neurologia brasileira, Sidarta Ribeiro defende a cannabis e espera uma legislação no Brasil que vise democratizar o acesso.
Em entrevista à Revista Trip, Sidarta Ribeiro, Fundador e Vice-Diretor do Instituto do Cérebro, defende o uso da cannabis e complementa que a planta é uma grande revolução do século 21.
O neurocientista é um dos principais nomes sobre pesquisas relacionadas ao sono e a substâncias psicoativas.
Com vários livros e centenas de artigos publicados, Sidarta Ribeiro também cuida do laboratório do Sono, Sonho e Memória, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O neurocientista tem visões otimistas quanto ao futuro da planta. Ele comparou a “revolução canábica” com os antibióticos no século passado, que também tiveram um papel importante para mudar a medicina.

Contudo, também acrescenta que a cannabis precisa de uma legislação específica. “O Brasil ainda não conseguiu regulamentar coisas básicas como o direito ao cultivo em casa ou em associações e cooperativas, a disponibilidade de canabinoides para pesquisa, e continua agredindo a população por comercializar remédios”, diz. “É preciso regulamentar o uso medicinal da maconha imediatamente, porque a população sofre muito”. Disse à revista Trip.
Diversos remédios
A cannabis possui 400 compostos que podem interagir com o nosso corpo através de um sistema chamado Sistema Endocanabinoide.
Ele é responsável pela regularização de várias funções do organismo, como fome, sono, humor e até o sistema imunológico e nervoso.
As suas propriedades medicinais são efetivas em doenças neurológicas, como Parkinson, Alzheimer e Epilepsia Refratária, com resultados bem mais efetivos que os tratamentos convencionais, além de efeitos colaterais mínimos.
Também em outras condições, como dores crônicas, fibromialgia e esclerose múltipla.
Por isso, o neurocientista destaca que esta “revolução canábica” está no fato da cannabis não ser apenas um remédio, mas vários remédios. “A medicina do século 21 é uma medicina canábica”, disse.
Ele ainda complementa que apesar dos negacionistas, as pessoas estão insistindo em serem tratadas com “o que há de melhor”, por isso, a expectativa é que os estigmas caiam aos poucos.