Seria a cannabis capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes?

Seria a cannabis capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes?

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Qualidade de vida é uma coisa que todos buscam o tempo todo, de diferentes formas e por diversos meios. Mas será que a cannabis tem sido um caminho para a busca de alguns? Pois é, um estudo australiano tem estudado isso.

Uma ampla pesquisa envolvendo milhares de pacientes de cannabis medicinal na Austrália está tentando resolver diversos problemas relacionados à saúde, que vão desde ansiedade até custos.

Pesquisadores da Universidade de Sidney lançaram o Estudo de Avaliação de Qualidade de Vida (The QUEST initiative), que está previsto para Março de 2022.

A pesquisa está sendo considerada a maior do mundo para examinar os resultados da qualidade de vida, para pacientes que usam cannabis medicinal.

Por volta do mês de junho deste ano, os pesquisadores pretendem recrutar no mínimo 2.100 pacientes, número necessário para atingir relevância estatística, com potencial existente para estender o estudo intencionalmente.

A pesquisa está aberta a pacientes com uma ampla gama de condições e doenças crônicas, incluindo a dor crônica, dor oncológica, dor neuropática, insônia, ansiedade, esclerose múltipla e epilepsia, relata a universidade.

A ideia basicamente é avaliar as mudanças nas condições e sintomas do paciente usando resultados de QV autorreferidos (qualidade de vida), com questões como a mobilidade do paciente, funcionalidade, dores ou desconforto, ansiedade e depressão, necessidade de medicamentos e custos de saúde contínuos sendo coletados e analisados.

Quais os objetivos dos estudos?

Os objetivos dos estudos são duplos: acompanhar as mudanças nos resultados relatados pelo paciente ao longo de um ano e comparar as diferenças nos PRÓs (resultados relatados) entre pacientes que acessam a cannabis medicinal para diferentes condições de saúde.

“O que torna nosso trabalho único é o conjunto abrangente de PRÓs sendo avaliados em pacientes com cannabis medicinal,” diz CLaudia Rutherford, principal autora do projeto associada na universidade, acrescentando que as pesquisas de QV são limitadas.

Os resultados enfatizam as medidas econômicas de saúde e de qualidade de vida, em oposição a eficácia da cannabis medicinal para um sintoma ou condição específica, explica Rutherford.

Essa abordagem dará aos pesquisadores “futuras percepções críticas sobre a saúde de um paciente ao longo do tempo e ajudará a entender melhor se a introdução da cannabis medicinal oferece melhorias econômicas para o bem-estar de um paciente,” sugere ela.

Fundada pelo fabricante australiano de cannabis medicinal Little Green Pharma, a empresa fornecerá consultoria técnica sobre seus produtos e sua administração, mas a coleta e análise de dados serão realizadas de forma independente.

O Ministro da saúde da Austrália, Greg Hunt, diz que a iniciativa ”representa uma contribuição australiana significativa para a necessidade global de dados confiáveis, objetivos e clinicamente relevantes sobre a qualidade de vida para pacientes que acessam tratamentos de cannabis medicinal para uma ampla gama de condições crônicas.”

O que dizem outros estudos?

Um estudo publicado em 2016 explorou os efeitos de longo prazo do uso da cannabis para a dor em pacientes com dores crônicas. Os resultados sugeriram benefícios de longo prazo, mas acrescentaram que a ”natureza não controlada da pesquisa deve ser considerada ao extrapolar os resultados”.

José Carlos Bouso, psicólogo clínico e médico de farmacologia, observa em um post de blog que a cannabis parece ter a melhor pontuação em termos de qualidade de vida relacionada à saúde quando se trata de dor crônica.

“Em outra análise realizada na Espanha sobre os efeitos da cannabis na QVRS entre um grupo de mulheres com fibromialgia, foi descoberto que a cannabis melhora o componente de saúde mental e os sintomas relacionados à fibromialgia, quando a intensidade foi avaliada antes e depois do uso da cannabis,” escreveu Bouso.

Em outra pesquisa, diz que a cannabis parece ter efeitos mais marcantes, “na melhoria das relações sociais e familiares, no funcionamento do papel emocional e na melhoria do sono, e o efeito mais intenso foi na satisfação com o tratamento”.

Através da perspectiva do uso da cannabis recreativa, porém, um estudo publicado em 2017 descobriu que o uso intenso da cannabis ou se o uso de cannabis pode levar a uma redução da qualidade de vida, enfatizando a necessidade de pesquisas prospectivas adicionais para avaliar qualquer relação causal.

Referência

  • The Growth Op

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