No verão de 1987 a polícia passou a encontrar misteriosas latas com maconha nas águas do Guarujá, litoral sul de São Paulo. A primeira descoberta foi de seis latas na Praia das Astúrias e do Tombo, no dia 19 de setembro. Mas isso seria apenas o começo.
Em agosto, o governo do brasileiro havia recebido um comunicado oficial dos Estados Unidos, em que alertava sobre um navio chamado Solana Star, que viajava da Austrália com 22 toneladas de maconha contrabandeada em 15 mil latas de 1,5 kg.
Mas ao invés do navio, apareceram as seis latas e depois, mais 18, entregues por pescadores locais no dia 25 de setembro. Contudo, dessa vez foi em Maricá, no Rio de Janeiro.
O que teria acontecido com o Solana Star?
A história do navio teria começado ainda mais longe, na Tailândia. O Solana Star foi comprado na Austrália, mas o seu maior objetivo era enviar maconha contrabandeada para os Estados Unidos.
No entanto, a viagem ficou bem turbulenta, mais do que os marinheiros imaginavam. O que forçou os tripulantes a desviar para a costa brasileira, a fim de fazer alguns reparos.
Contudo, a agência americana de combate às drogas já tinha pego o chefe da operação, que contou todo o esquema. A polícia federal foi alertada e junto com ela, a marinha norte-americana, que não conseguiram encontrar o navio.
Em alto mar, os criminosos se desesperaram ao ver um navio contratorpedeiro brasileiro, e começaram a jogar as 15 mil latas de maconha na água, abandonando a missão.
Depois disso, atracaram no Rio de Janeiro, e ao passar pela Alfândega, justificaram o desvio no país por causa dos dois motores auxiliares danificados. Eles se hospedaram em um hotel de Copacabana e pensaram que estava tudo bem.
Contudo, eles não haviam contado com o fato das latas boiarem ao invés de afundar, aparecendo em várias praias do litoral sul e sudoeste do Brasil.
Depois que a história foi parar no noticiário, a maconha de alta qualidade “enlatada” começou a ser encontrada por vários moradores, o que despertou a curiosidade de várias pessoas e tumulto nas praias.
No resto do verão, o litoral se encheu de pessoas querendo encontrar as latas misteriosas. O evento, que ficou conhecido como “O verão da Lata”, era tão grande que paralisou as demais operações da polícia brasileira, que focou todos os esforços na operação.
Durante o período de um ano, a polícia só conseguiu apreender 3.292 das 15 mil latas, das quais 1.735 foram encontradas nas praias de São Paulo, 9 no Rio Grande do Sul e 799 no litoral do Rio.
Os pescadores e banhistas de Ubatuba, em São Paulo, foram os que mais lucraram com os achados, vendendo para traficantes e usuários.
A história foi tão marcante, que entre os mais adeptos à maconha, nasceu até uma gíria. A expressão “maconha da lata” era usada para se referir a erva de boa qualidade.
No meio disso tudo, a polícia conseguiu prender apenas um dos sete tripulantes do navio, chamado Stephen Skelton. Ao invés de fugir, ele ficou no país e se apaixonou por uma brasileira.
Porém, o romance lhe custou uma pena de 20 anos de cadeia, mesmo que ele tenha cumprido apenas um ano e depois liberado.
Já o Solana Star continuou no Brasil até ser leiloado. O seu nome foi trocado mais de uma vez, até ser vendido para o Japão. Mas atualmente ele se encontra no fundo do mar, depois de um naufrágio em outubro de 1994, que matou 11 pessoas.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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