Marcha da Maconha sofre resistência em Volta Redonda

Marcha da Maconha sofre resistência em Volta Redonda

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As colunas publicadas na Cannalize não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem o propósito de estimular o debate sobre cannabis no Brasil e no mundo e de refletir sobre diversos pontos de vista sobre o tema.​

O evento será o primeiro na cidade carioca. Contudo, a oposição já disse que fará o possível para que não aconteça.

No próximo dia 29 deste mês, acontece a primeira edição da Marcha da Maconha em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. O objetivo é pedir a legalização do uso da cannabis, que segundo os organizadores, só criminaliza pessoas de baixa renda.

Esta é a primeira vez que o evento é feito no município. Contudo, outras manifestações da Marcha da Maconha são realizadas todos os anos em várias cidades do Brasil há 20 anos.

Ainda assim, o evento tem sofrido resistência em Volta Redonda, principalmente por parte de políticos.

FOTO: Mídia Ninja

“Desserviço”

Como por exemplo, o deputado  federal Delegado Antônio Furtado (União), principal opositor. Ele acredita que a marcha é o que ele chamou de “desserviço prestado à população”, e ainda acrescentou que fará todo o possível para impedir que o evento aconteça.

Ameaça que não ficou só nas palavras. O deputado  solicitou ao delegado titular da 93ª DP, Luiz Jorge Rodrigues, o planejamento de ações para reprimir o evento. 

O parlamentar ainda alertou que, participantes identificados portando maconha ou outro tipo de substância ilícita, serão levados à delegacia.  “Faço questão de ser o elo para que, juntos, possamos somar forças e impedir o que eu chamo de ‘Marcha da Vergonha’”, frisou.

O deputado ainda criou um requerimento para a elaboração de uma “Moção de Repúdio”, que tramita na Câmara dos Deputados. 

Outros políticos 

Quem também se manifestou contrário ao evento foi o presidente da Câmara Municipal de Volta Redonda (CMVR) e pré-candidato a deputado federal, vereador Sidney Teixeira, o Dinho (Patriota).

Ele também afirmou que está “unindo todos os esforços políticos do Legislativo municipal e das forças de segurança pública” para inviabilizar um evento. 

O parlamentar vem, desde o início do mês de maio, adotando medidas oficiais para que o evento não tenha permissão dos órgãos públicos para acontecer. 

O próprio Ministro da Justiça, Anderson Torres,  declarou durante a reunião da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, em Brasília, que é contra o movimento em Volta Redonda. 

Carta Aberta

Por causa da pressão, os organizadores escreveram uma carta aberta sobre o assunto. Leia na íntegra:

Povo da cidade de Volta Redonda, a primeira edição da Marcha da Maconha realizada no Brasil ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 2002 (há 20 anos atrás) e em 15 de junho de 2011, por decisão unânime (ADPF 187 DF) o Supremo Tribunal Federal reconheceu a manifestação (Marcha da Maconha) como legítima, estando garantida em duas liberdades individuais revestidas de caráter fundamental: o direito à reunião e o direito à livre expressão.

Nos últimos dias, algumas figuras públicas da nossa cidade, através das redes sociais, jornais impressos e regionais, manifestaram-se contrário ao acontecimento da Marcha da Maconha VR e disseram que “vão fazer de tudo” para que a Marcha não ocorra, além de terem aproveitado a oportunidade para estarem disseminando desinformação e inverdades.

Ao contrário do que foi dito por estas pessoas, a Marcha da Maconha não se trata de apologia ao uso de drogas, tampouco se trata de uma convenção para a realização do uso das mesmas. A Marcha da Maconha se trata de uma manifestação pacífica que busca uma política de drogas mais democrática e pelo fim da chamada “guerra ás drogas”, que na verdade é uma “guerra aos pobres”.

A Marcha da Maconha luta contra o racismo estrutural, contra as chacinas que acontecem constantemente nas favelas, contra o encarceramento em massa, contra a homofobia, contra o obscurantismo, contra o facismo, contra o negacionismo e contra toda a forma de preconceito. 

Não é só para fumar que nós marchamos! Lutar pela legalização da Cannabis Sativa L., ou Maconha, ou Cânhamo, ou Diamba, oi Liamba ou Pito do Pango, ou qualquer nome que queira usar, é lutar pelo respeito, é lutar a favor da vida, a favor da ciência, da liberdade, da igualdade, da saúde, da dignidade humana de muitas famílias que necessitam da Maconha como ferramenta terapêutica para o tratamento das mais diversas patologias e transtornos, dentre elas Alzheimer, Parkinson, Diabetes, Dor Crônica, Câncer, Transtorno de Espectro Autista, Epilepsia, Endometriose, Esclerose Múltipla, Depressão, Ansiedade, Transtorno do uso do Álcool e muitas outras.

Dito isso, gostaríamos de convidar a população de Volta Redonda para estar comparecendo a Marcha da Maconha VR , que acontecerá no dia 29 de maio de 2022, à partir das 14h20 na praça Juarez Antunes (ao lado do Escritório Central) e seguirá pela rua 33 até o destino final, na Praça Pandiá Calógeras (ETPC).

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