Enquanto a cannabis ainda é um tabu para o cristianismo brasileiro, a organização de freiras Sisters Of The Valley vende por ano US$1,1 milhão (aproximadamente R$5,6 milhões) em produtos à base de cannabis.
Feitos com uma concentração maior do Canabidiol (CBD), componente que não gera os efeitos alucinógenos, os produtos são vendidos como pomadas, óleos e extratos e exportados para todo o mundo, inclusive o Brasil.
Contudo, mesmo produzindo produtos sem o THC, componente que gera o “barato” da maconha, as irmãs terminam o expediente com um “baseado para relaxar”.
Quando chega à noite, elas ainda apostam em algo mais forte, como um concentrado ou uma cera. “A gente dorme melhor”, disseram ao portal Uol Notícias.
O grupo foi formado há sete anos, no centro rural da Califórnia, nos Estados Unidos. O estado foi um dos primeiros do país norte americano a lançar um mercado legal de cannabis em 2018.
Apesar de serem conhecidas como “freiras da maconha” e se vestirem como tal, elas explicam que não têm filiação com a religião, mas são o que chamam de “revivalistas das beguinas”, mulheres independentes que vieram antes das freiras católicas.
Mas a fundadora do grupo, irmã Kate, explica que nenhuma delas têm a intenção de ofender ninguém, mas se identificam com com o estilo de vida mais calmo e de prestação de serviço para a comunidade.
“A planta nos permite ter um estilo de vida voltado ao nosso ativismo e à nossa espiritualidade. É assim também com sálvia branca, cúrcuma, gengibre e outras plantas que colocamos nos produtos.”, disseram ao portal.
Duas delas, a irmã Alice e a irmã Kate, por exemplo, são celibatárias, mas a condição não é um requisito para fazer parte.
Na verdade, as regras são bem simples: basta organizar a vida de acordo com o calendário lunar, ter compaixão pelas pessoas e acreditar no místico, na espiritualidade.
A matéria prima vem da própria plantação no quintal ou de fazendas autenticadas ao redor. O cultivo é feito uma vez ao ano e os lotes são produzidos a cada lua nova.
Dependendo da receita, é acrescentado óleos essenciais ou ceras, que mudam o resultado final para se adequar às necessidades de cada condição médica.
Antes de serem despachados pelo correio, os produtos ainda passam por uma inspeção em laboratório e uma reza. Na lua cheia ainda há uma cerimônia no quintal com banquetes e fogueiras.
Por serem independentes, os hábitos e as cornetas não seriam necessários, tanto que elas nem usavam as roupas características. Mas a história por trás das vestimentas começou em 2010.
Ela veio como um ato político. Há 12 anos a irmã Kate planejava participar dos protestos do Occupy. Trata-se de um movimento internacional que se opõe à desigualdade social e econômica.
Na cidade de Merced, na Califórnia, eles decidiram participar após o governo americano classificar as pizzas servidas nas escolas como vegetal.
Ela brincou: “Bem, se pizza é vegetal, então eu sou uma freira”. Os sobrinhos incentivaram: “Você devia ir de freira no Occupy. A gente sabe que você se sente como uma”. Na época ela já ajudava algumas pessoas carentes da região.
Depois de encontrar uma fantasia de freira em um baú de Halloween e ir aos protestos, ela ficou conhecida como “irmã Occupy”.
Tainara Cavalcante
Jornalista pela Facom (Faculdade Paulus de Comunicação) e pós doutoranda na FAAP (Fundação Armando Alves Penteado) em Jornalismo Digital, atua como produtora de conteúdo no Cannalize, Dr. Cannabis e Cannect. Amante de literatura, fotografia e conteúdo de qualidade.
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